04/09/2024 às 16h11min - Atualizada em 04/09/2024 às 16h11min

Solidão Silenciosa: Como identificar e abordar o isolamento em crianças e adolescentes

Foto: Freepik
Escrito por Ana Paula Alves, Educadora parental e Psicopedagoga

A solidão, muitas vezes associada à vida adulta, também afeta profundamente crianças e adolescentes. No entanto, diferentemente dos adultos, jovens podem ter mais dificuldade em expressar ou reconhecer esse sentimento, o que torna o papel dos pais e educadores ainda mais crucial.

Um estudo conduzido pela American Psychological Association em 2022 revelou que aproximadamente 40% dos adolescentes relataram sentir-se solitários "frequentemente" ou "sempre" nos últimos meses. Esse número aumentou em comparação com estudos anteriores, refletindo uma tendência crescente. E é o que temos vivenciado em consultórios, sendo um crescimento visível.

A solidão em crianças menores embora menos estudada, a solidão em crianças menores também é uma preocupação crescente. De acordo com um estudo, cerca de 15% das crianças entre 8 e 12 anos relataram sentir-se "muito solitárias". Essas crianças também mostraram maior tendência a apresentar problemas de comportamento e dificuldades acadêmicas, como psicopedagoga e quem já vivenciou em salas de aulas por alguns anos, é uma estatística real.

Trabalho com muitos profissionais da educação em supervisão, e tem sido algo “comum”, isso tem nos preocupado, o analfabetismo tem crescido de forma significativa.

Os sinais da solidão
A solidão em crianças e adolescentes pode ser difícil de detectar, pois muitas vezes se apresenta de maneira disfarçada ou é confundida com outros comportamentos típicos da idade. No entanto, existem sinais específicos que, quando observados com atenção, podem indicar que um jovem está enfrentando sentimentos de isolamento.

1. Mudanças no Comportamento: Uma das primeiras indicações de solidão é uma mudança no comportamento geral. Crianças e adolescentes que costumavam ser sociáveis podem começar a evitar interações sociais, preferindo ficar sozinhos, seja em casa ou na escola. Eles podem evitar amigos, não querer participar de atividades em grupo, ou até mesmo recusar convites para eventos que antes consideravam divertidos. Essa retração pode ser uma tentativa de se proteger de sentimento de rejeição ou inadequação.

2. Perda de Interesse por Atividades: Outro sinal é a perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas. Isso pode incluir hobbies, esportes, ou até mesmo o simples ato de brincar. Essa falta de interesse pode ser um reflexo da sensação de que essas atividades perderam o sentido ou que não há mais prazer em realizá-las sem a companhia de outras pessoas.

3. Alterações no Apetite e Sono: A solidão também pode se manifestar fisicamente. Alterações no apetite, como comer demais ou, ao contrário, perder o apetite, são comuns. Da mesma forma, padrões de sono podem mudar, resultando em insônia, sonolência excessiva, ou dificuldade em manter um sono regular. Esses sintomas podem ser o corpo respondendo ao estresse emocional causado pela solidão.

4. Linguagem Corporal: A linguagem corporal muitas vezes fala mais do que palavras. Crianças e adolescentes que se sentem solitários podem adotar uma postura corporal que reflete seus sentimentos internos. Postura fechada, com ombros curvados e cabeça baixa, pode indicar que a pessoa está tentando se proteger emocionalmente. A falta de contato visual pode ser um sinal de desconforto ou de uma tentativa de evitar interações que possam revelar seu estado emocional. O retraimento físico, como sentar-se longe dos outros ou evitar o toque físico, também pode ser um indicador importante.

5. Expressões Emocionais: Além disso, a forma como as emoções são expressas pode mudar. A solidão pode levar a uma diminuição da expressão emocional, fazendo com que o jovem pareça mais apático ou indiferente. Em outros casos, pode haver uma intensificação de emoções negativas, como irritabilidade, raiva ou tristeza, que podem ser desproporcionais às situações vivenciadas.

6. Relutância em Falar: Por fim, a relutância em falar sobre o que estão sentindo ou em buscar ajuda é um sinal importante. Muitas vezes, as crianças e adolescentes não têm a linguagem emocional para expressar sua solidão, ou podem sentir vergonha de admitir que se sentem isolados. Essa falta de comunicação pode agravar a situação, criando um ciclo de isolamento e sofrimento emocional.

Esses sinais não devem ser ignorados. É crucial que pais, educadores e cuidadores fiquem atentos a essas mudanças e se envolvam de maneira empática, oferecendo suporte e buscando ajuda profissional quando necessário. A intervenção precoce pode fazer uma diferença significativa na vida de uma criança ou adolescente que está enfrentando a solidão.

Impactos no desenvolvimento
A solidão prolongada pode afetar o desenvolvimento emocional e social dos jovens, impactando a autoestima, as habilidades de comunicação e a capacidade de estabelecer relacionamentos saudáveis. Além disso, o isolamento pode abrir portas para problemas mais graves, como ansiedade, depressão e dificuldades escolares.

O que fazer?
Identificar a solidão é o primeiro passo, mas saber como abordá-la é fundamental. Criar um ambiente de diálogo aberto, onde a criança ou adolescente se sinta seguro para expressar seus sentimentos, é essencial. Quando os pais sabem reconhecer as emoções e dão nome a elas e permitem que as crianças tenham esse espaço de reconhecer melhor suas emoções, reconhecem a dor do filho e os ajudam a foca nas soluções.

Por outro lado quando os pais e cuidadores respondem com desaprovação ou punição em excesso, emoções como raiva e medo podem tornar- se intensas contribuindo para que ela fique ainda mais reservada e até mesmo ansiosa, a intolerância parental com as emoções negativas intensificam os conflitos.

Encorajar atividades que promovam a socialização, como esportes em grupo ou hobbies coletivos, também pode ajudar a combater o isolamento.

Além disso, é vital buscar apoio profissional quando necessário. Psicólogos, educadores parentais e terapeutas especializados em desenvolvimento infantojuvenil podem oferecer ferramentas e estratégias para ajudar o jovem a superar a solidão e construir uma rede de apoio saudável.

A solidão em crianças e adolescentes é uma questão real e significativa. Ao estarmos atentos aos sinais e dispostos a oferecer apoio, podemos ajudar nossos jovens a navegar por essa fase de suas vidas com mais segurança e bem-estar emocional.

Sobre Ana Paula Alves
Casada há 23 anos, dois filhos, mãe atípica, Palestrante, Escritora e Empresária fundadora da Empresa SERMEP - Ser mais Educação Parental - é uma empresa dedicada à capacitação profissional de educadores parentais, no Brasil e no Exterior. Seu escopo abrange a capacitação inicial até atividades avançadas de pesquisa por meio de iniciação científica, proporcionando a apresentação de trabalhos em congressos e a publicação em sua própria revista especializada. O foco do SERMEP também se estende à promoção de intercâmbios entre empresas e profissionais, visando a troca de conhecimentos e experiências e avanço da atividade.

Além disso, o SERMEP destaca-se por sua atuação na elaboração de projetos e programas específicos para a atividade da Educação Parental. Seu compromisso com a excelência reflete-se em parcerias estratégicas com empresas renomadas no mercado da educação parental, fortalecendo ainda mais seu papel como referência na capacitação e promoção do avanço no campo da parentalidade consciente.

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