26/07/2024 às 12h01min - Atualizada em 26/07/2024 às 12h01min

BC deverá manter a Selic em 10,50% ao ano, porém com ressalvas, projeta Paraná Banco Investimentos

Fatores como a piora no cenário fiscal, câmbio e inflação devem impactar a decisão.

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) se reúne, na próxima terça-feira, 30 de julho, para decidir sobre a taxa Selic. De acordo com o Paraná Banco Investimentos, a decisão do BC deve permanecer unanime em manter a taxa em 10,50% ao ano, porém o colegiado deve fazer alguma ressalva, chamando a atenção para o compromisso fiscal do Governo e não descartando alta de juros, caso necessário, nas próximas reuniões.
 
Segundo Pedro Oliveira, tesoureiro do Paraná Banco Investimentos, esta será uma das mais importantes reuniões do COPOM. “De um lado temos o mercado financeiro precificando três altas de juros ainda este ano, levando a Selic a 11,50%, de outro temos o mercado americano precificando três quedas de juros nos EUA para o mesmo período. Deverá o nosso Banco Central subir juros, quando as principais economias do mundo começam um ciclo de queda?”
 
Oliveira explica ainda que “neste momento, o Brasil tem fatores pesando mais para manter ou aumentar a taxa de juros do que cortar. Primeiro pelo cenário fiscal, que mesmo com a arrecadação subindo 9,08% real nos últimos 12 meses, ainda temos projeção de déficit fiscal para 2024 e 2025. O corte de R$ 25,9 bilhões no orçamento de 2025 parece ser insuficiente para cumprir a meta fiscal e o colegiado deve cobrar isso em sua comunicação. Outro fator é o dólar, que tem se sustentado acima de R$ 5,60, patamar superior as últimas projeções do Copom, podendo trazer pressão inflacionária. Por outro lado, temos a taxa de desemprego nas mínimas históricas, uma inflação que, apesar de estar subindo, ainda está dentro dos limites da meta, e a possível queda dos juros nas economias desenvolvidas”.
 
A instituição projeta o IPCA em torno de 4% para este ano. Segundo Oliveira “O cenário é preocupante. Tivemos uma surpresa negativa no IPCA-15 de julho, dias antes da reunião do Copom. Se o IPCA de julho vier acima de 0,39% iremos estourar o teto da meta de inflação, o que está cada vez mais próximo.”
 
Em relação ao câmbio, que nos últimos dias ultrapassou os R$ 5,60, Oliveira acredita que o real deverá continuar desvalorizado ao longo do ano, acima de R$ 5,50, mesmo com uma possível queda de juros nos EUA. “As eleições americanas ainda não fizeram impacto no mercado, mas uma vitória do Trump deve fortalecer o dólar mundialmente. A única maneira do real se valorizar novamente frente o dólar é o governo recuperar sua credibilidade fiscal,” explica Oliveira.
 
Para os investidores, a renda fixa vem se tornando ainda mais competitiva nas últimas semanas, sendo a melhor opção para quem quer bons retornos e menos risco, porém recomenda-se os papéis pós-fixados neste cenário de incerteza quanto a Selic no longo prazo.
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