Pode-se considerar que a presença do pai na vida de um filho é tão fundamental quanto à presença da mãe, quando se pensa em um bom desenvolvimento socioemocional da criança, sob vários níveis e circunstâncias
As crianças que têm um pai presente apresentam nível de autoestima superior àquelas que têm pai ausente, pois o pai é um pilar muito importante no desenvolvimento de qualquer criança. Quanto maior é a participação e o envolvimento do pai no crescimento e na educação do filho, melhor é qualidade da interação de ambos. A participação do pai deve ser cada vez mais precoce, desde o momento do nascimento, onde a sua presença parece aumentar o interesse e o envolvimento posterior com a criança.
É por meio da interação com o pai que o filho aprende a lidar com a agressividade, com a afirmação de si mesmo, a se defender e a explorar o ambiente, facilitando a capacidade de aprendizagem e a integração da criança na comunidade.
As crianças que sentem o pai próximo e presente sentem-se mais seguras em seus estudos, na escolha de uma profissão e na tomada de decisões importantes.
A presença do pai facilita à criança a passagem do mundo da família para o mundo social e dá força para ela investir no mundo real. Inclusive, o papel paterno é crucial também para o desenvolvimento dos filhos na entrada na adolescência.
Nos dias de hoje, um dos maiores problemas na educação dos filhos é a ausência do pai ou de uma figura que o substitua. Vale ressaltar aqui que a figura paterna pode ser representada por um tio, um avô ou outro adulto do sexo masculino que participe da vida da criança e que tenha um vínculo afetivo satisfatório com ela.
A ausência paterna pode gerar conflitos no desenvolvimento psicológico e cognitivo da criança, bem como influenciar o desenvolvimento de distúrbios de comportamento e de transtornos mentais.
Um pai não participativo ou ausente, dificulta por parte do filho o reconhecimento de limites e das regras de convivência social, afeta a saúde da criança, aumenta o risco para baixo desempenho em testes cognitivos, para comportamento antissocial e maior propensão para o envolvimento com a delinqüência. Desta forma, a privação do pai pode ter consequências graves, a longo prazo, com problemas na modulação e na intensidade do afeto. Uma relação mãe-filho positiva seria um fator protetor contra esse risco e quanto à ausência paterna.
Se uma pessoa teve a sorte de crescer em um lar comum, ao lado de pais afetivos dos quais pôde contar com apoio incondicional, conforto e proteção, consegue desenvolver estruturas psíquicas suficientemente fortes e seguras para enfrentar as dificuldades da vida. A participação efetiva do pai na vida de um filho promove segurança, autoestima, independência e estabilidade emocional.
A presença da figura paterna tem um impacto poderoso no psiquismo infantil, tanto no desenvolvimento cognitivo, quanto no aspecto social e emocional de seus filhos
Os filhos necessitam de apoio e segurança e de valores que naturalmente cabe ao pai transmitir. Os jovens procuram no seu pai um modelo com o qual possam se identificar. Se o pai está ausente, outros modelos virão ocupar esse vazio, com grande probabilidade de serem modelos não adequados.
Dra. Edyleine Bellini Peroni Benczik
Psicóloga e Neuropsicóloga
Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP
Mestre em Psicologia Escolar pela PUCCAMP
Coordenadora do curso de Psicologia da FAC São Roque/SP