Moradores temem vinda de Aeroporto Catarina para a cidade de São Roque

Ocupando uma área de dois milhões de metros quadrados, o Aeroporto Catarina será uma mega construção para a região. Com uma das pistas maior que a de Congonhas, em São Paulo, o aeroporto receberá de início apenas vôos executivos, com o intuito de desafogar os aeroportos da capital paulista, que recebem muitos serviços privados.

O aeroporto já tem a aprovação da Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente), uma das mais importantes licitações para dar início à obra.

O parecer favorável do órgão atesta que o empreendimento preenche os requisitos de viabilidade ambiental. Mas não se pode adivinhar, ou prever, que sua vinda para São Roque não afete em nada no ecossistema da nossa região. Alguns moradores temem que uma construção dessa grandeza possa causar diversos impactos sociais e ambientais.

A “Associação dos Proprietários Amigos da Porta do Sol” (APAPS), condomínio vizinho ao empreendimento Catarina, acredita que na EIA/RIMA (Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental), estudo necessário para aprovação do Consema, não foi apontado com detalhes preocupações necessárias para atender todo o ecossistema que envolve a região. “Dentro da região do condomínio Porta do Sol, identificamos aproximadamente 300 espécies de pássaros, através de estudo feito por biólogos da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos). Nós não acreditamos que a vinda do aeroporto não afete esta rica fauna da região”, explica Renzo Bernacche, presidente da Associação. Renzo também conta que existe um verdadeiro “corredor verde” na área que abrange desde a Serra do Japi, até praticamente a Chácara Santo Antônio, em São Roque, que também terá pontos afetados.

No Estudo de Impacto Ambiental, a empresa responsável pela obra, JHSF, apresentou um dado no qual o aeroporto emitirá uma curva de som que irá chegar à área do condomínio Porta do Sol na altura de 65 decibéis. “Para nós, este é um dado extremamente otimista. Acreditamos que o número seja bem mais alto”, afirma o presidente. “Ninguém está dizendo que o estudo do impacto ambiental não foi feito, mas sim, que não há preocupações com alguns detalhes importantes”.

Entramos em contato com o vereador Rodrigo Nunes, para saber sua opinião como Presidente da Câmara de São Roque. Ele informou acreditar que o empreendimento Catarina vai trazer mais benefícios do que malefícios para o município, aumentando a arrecadação, atraindo novos empreendimentos para a região e gerando empregos e renda para a população local. “No entanto, enquanto legislador e cidadão, também tenho preocupações com os impactos ambientais e sociais que serão causados. A questão é que se analisarmos a região em que o empreendimento está sendo construído, podemos perceber que é uma área com muitos eucaliptos (árvore de reflorestamento), pouca vegetação nativa e rara presença de animais silvestres”, explica Rodrigo. “Com relação aos impactos sociais, cabe à Câmara Municipal e à Prefeitura fiscalizar para que não haja um crescimento populacional desordenado na cidade, causado por pessoas atraídas pelo empreendimento. No mais, o impacto do tráfego de aviões é o menos alarmante, já que atualmente, São Roque está localizada abaixo de duas aerovias e conta com intenso tráfego de aviões diariamente. Mas estamos fiscalizando esse projeto, junto ao Poder Executivo, para que os impactos negativos sejam os menores possíveis”, conclui o vereador.

A assessoria de imprensa da prefeitura de São Roque garante que há a preocupação de preservar e manter a qualidade das águas, do ar e do solo da região. Eles ainda reforçam que a empresa JHSF está tratando o assunto com extrema seriedade e responsabilidade.

Apesar dos questionamentos, Renzo Bernacche explica que a JHSF realmente está sempre em contato com o condomínio, realizando reuniões frequentes tanto com a administração, quanto com os moradores. Mas, mesmo assim, a APAPS acredita que existirá grande impacto ambiental e social com a construção do aeroporto.