22/03/2024 às 11h01min - Atualizada em 22/03/2024 às 11h01min

Último réu do caso Vitória Gabrielly é condenado a 36 anos de prisão

Odilan Alves Sobrinho é acusado de ser o mandante da cobrança de dívida que causou a morte da adolescente, em 2018

Fonte: Portal G1
Foto: Carlos Mello
Odilan Alves Sobrinho, investigado por comandar o tráfico de drogas em Araçariguama e acusado de ser o mandante da cobrança de dívida que causou a morte da adolescente Vitória Gabrielly Vaz, em 2018, foi condenado a 36 anos e três meses de prisão, em meio a júri popular realizado no Fórum de São Roque na última quarta-feira (20), seis anos após o homicídio.

O homem foi o quarto e último réu indiciado a ser julgado por envolvimento no crime. Outras três pessoas também foram condenadas por participação no assassinato da adolescente, que foi encontrada morta em uma área de mata depois de sair para andar de patins e ficar oito dias desaparecida.

O réu foi condenado, em primeira instância, por homicídio (com quatro qualificadoras: motivo torpe, meio cruel, ocultação de cadáver e crime cometido para assegurar ocultação do sequestro anterior) e sequestro. A pena deve ser cumprida em regime inicial fechado. Cabe recurso.

O júri, formado por quatro homens e três mulheres, perdurou por cerca de sete horas. Durante a manhã, quatro testemunhas foram ouvidas, sendo três de defesa e uma de acusação, assim como o réu. Já no período da tarde, foram feitos os debates do promotor e do advogado de defesa. A sentença foi proferida pelo juiz Flávio Roberto de Carvalho por volta de 17h25.

Segundo o promotor Renato Augusto Valadão, o Conselho de Sentença julgou procedente todas as qualificadoras que o Ministério Público articulou na denúncia.

"São as qualificadoras do motivo torpe, do recurso que dificultou a defesa da vítima, do meio cruel, porque a Vitória foi asfixiada, e também um crime cometido para ocultar um crime anterior, que foi o sequestro ao qual ela foi submetida. Na sentença foram sopesados também pelo magistrado a questão dos péssimos antecedentes do senhor Odilan, uma pessoa altamente envolvida com crime, conforme foi demonstrado em exaustão na folha de antecedentes dele. A questão da menina, da família que jamais vai ter o convívio, porque estão satisfeitos com o julgamento, com a condenação, mas sabemos que nenhuma pena será suficiente para reparar a dor da família", explicou ele ao Portal G1.

Além disso, a promotoria concluiu que Odilan conhecia o casal Bruno e Mayara, responsável por sequestrar Vitória Gabrielly.

Na saída do Fórum, Odilan disse à imprensa que é inocente. No momento, ele estava escoltado e foi levado direto para o presídio. Já a esposa dele pediu desculpas e desejou conforto aos pais da adolescente.

Os advogados do réu também conversaram com a família da menina após o resultado do júri, afirmando que "vão continuar procurando o real mandante do crime". De acordo com o G1, a defesa do condenado fará a apelação para tentar diminuir a pena, pois entende que a decisão não foi baseada em provas.

"O jurado votou por forte emoção, não por prova. Votou porque ele tem histórico de PCC, porque é um crime bárbaro e que saiu na mídia", disseram os advogados.

Odilan Alves foi preso na Penitenciária de Casa Branca em 2019, quando era investigado por chefiar o tráfico na região de Araçariguama. A Polícia Civil afirma que, na época, o homem havia confessado o comando da venda de drogas nos pontos do Jardim Brasil, mas negou o crime.



Ele já cumpre 25 anos de prisão por penas somadas das comarcas de Itapevi, na grande SP, e São Roque, por tráfico de entorpecentes, associação criminosa, posse de arma e munição.

Vitória Gabrielly Guimarães Vaz tinha 12 anos quando desapareceu, em 2018, depois de sair de casa para andar de patins, em Araçariguama. O corpo dela foi encontrado após oito dias, em um matagal.

Três pessoas foram presas e condenadas por envolvimento no crime. Odilan foi preso quase um ano depois da morte da menina e identificado por duas testemunhas através de fotos.

Condenados
Além de Odilan, o casal Bruno Oliveira e Mayara Abrantes e o servente de pedreiro Júlio César Lima Ergesse já foram condenados por participarem do crime.

O primeiro a ser julgado foi Júlio César, em 2019. Com as qualificadoras de motivo torpe, meio cruel, recurso que impossibilitou a defesa e crime cometido para ocultar, a primeira condenação de Júlio chegou a 34 anos. O material genético de Vitória foi encontrado nas unhas dele.

A defesa do servente de pedreiro entrou com recurso no Superior Tribunal de Justiça para tentar anular o júri de 21 de outubro de 2019. Em segunda instância, o TJ diminuiu a pena dele para 23 anos e quatro meses de detenção, sendo quase 10 anos a menos.

Já em 2021, o casal Bruno Oliveira e Mayara Abrantes também foi condenado. Conforme a sentença do juiz Flávio Roberto de Carvalho, Bruno foi condenado a 36 anos e três meses. Já Mayara foi sentenciada a 36 anos pelo homicídio, sequestro e ocultação de cadáver com qualificadoras.

O casal teria cumprido as ordens de Odilan ao sequestrar e matar a adolescente.

Relembre
Vitória Gabrielly desapareceu na tarde do dia 8 de junho de 2018, quando saiu de casa para andar de patins, em Araçariguama. Uma câmera de segurança registrou o momento em que a menina passa por uma rua no dia do sumiço.

Na época, o desaparecimento de Vitória mobilizou buscas diárias com cães farejadores e policiais pela região, além de uma ampla cobertura da imprensa e divulgação nas redes sociais.



A adolescente foi localizada morta oito dias depois, em 16 de junho, em uma mata às margens de uma estrada de terra, no bairro Caxambu.

De acordo com as autoridades, a garota estava com os pés e as mãos atados e o corpo amarrado a uma árvore. Vitória usava a mesma roupa que vestia no dia em que sumiu e os patins foram encontrados perto do corpo.

Mayara, Bruno e Júlio foram presos acusados de participação direta na morte da adolescente. Ambos foram encaminhados para a penitenciária de Tremembé, no Vale do Paraíba (SP). Eles negaram os crimes desde o princípio.

A polícia apurou que Vitória Gabrielly foi raptada por engano para que uma dívida de drogas fosse quitada. A menina teria sido assassinada depois que os criminosos perceberam que estavam com a pessoa errada.

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