15/11/2021 às 17h31min - Atualizada em 15/11/2021 às 17h52min

Comerciantes realizam abaixo assinado contra feriado no próximo sábado dia 20

Projeto de Lei de autoria do Vereador Julio Mariano foi aprovado com voto em contrário do Vereador Cabo Jean e sancionado pelo Prefeito Guto Issa

- Carlos Mello
Jornal da Economia
Carlos Mello

Comerciantes de São Roque estão insatisfeitos como o feriado do próximo sábado dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, Projeto do Vereador Julio Mariano que foi sancionado pelo Prefeito Guto Issa.
Em grupos de WhatsApp e redes sociais, os comerciantes estão realizando um abaixo assinado solicitando que a prefeitura reveja a lei aprovada recentemente.
“Tivemos o fechamento do comércio na pandemia e agora mais um feriado. Os nossos políticos parecem que não estão preocupados com o comércio”, disse uma comerciante.
Na verdade, São Roque já celebrou a data como feriado, que foi incluído no calendário oficial do município em novembro de 2002, no governo Zito Garcia, entretanto em novembro de 2007, durante o governo do Prefeito Efaneu Nolasco Godinho, uma nova lei foi aprovada e transferiu a celebração para o quarto domingo de novembro para celebrar a data.

Essa mudança na ocasião foi devido ao pedido de comerciantes e indústrias com a intenção de diminuir o número de feriados e no último domingo do mês de novembro seriam realizado movimentos culturais, artísticos ou movimentos para comemorar o Dia da Consciência Negra.

Na Sessão da Câmara dos Vereadores do dia 04 de outubro, o Presidente da Câmara Vereador Júlio Mariano apresentou o Projeto de Lei número 033/2021, instituindo o feriado municipal no dia 20 de novembro.

O projeto foi aprovado com o voto contrário do PM Cabo Jean, em seguida foi encaminhado ao prefeito Guto Issa que sancionou a lei no dia 20 de outubro.

Comércio de São Roque fechado nesta segunda-feira, feriado da Proclamação da República - Foto: Carlos Mello

O Jornal da Economia perguntou ao vereador o motivo do voto contrário e ele nos explicou que trata-se de um projeto inconstitucional, que não poderia ser apresentado por um vereador.

A assessora jurídica Virginia Cocchi Winter explica no documento apresentado pelo vereador Cabo Jean. “Entende-se que os feriados civis somente são aqueles declarados por lei federal, cabendo neste sentido, que foge da competência do  município legislar sobre feriados dessa natureza civil. Portanto, entendemos ser o Projeto de Lei em questão é ilegal, uma vez não ter o município competência para declarar o feriado pretendido”. Explica a advogada.

Data pode se transformar em Feriado Nacional

A criação do feriado nacional em 20 de novembro, Dia de Zumbi e da Consciência Negra, está sendo discutida pelo Congresso. O projeto, de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foi aprovado na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado. O relator, senador Paulo Paim (PT-RS) lembrou que, em junho, o Congresso americano aprovou lei similar, que já valeu em 2021.

Depois de passar pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, o projeto poderá seguir direto para a Câmara dos Deputados, se não houver recurso para votação pelo Plenário do Senado. “O Senado Federal deu um passo importante para o dia 20 de novembro passar a ser feriado nacional como Dia de Zumbi e da Consciência Negra. A presidenta Dilma havia sancionado lei semelhante mas não tornava feriado nacional. É importante estarmos atentos à votação na Câmara dos Deputados e reunir nossas forças para fazer uma grande pressão e marcar nacionalmente esse feriado para homenagear o nosso herói Zumbi dos Palmares e todos os heróis negros da nossa história”, afirmou o secretário de combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar.

O dia homenageia o líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi, símbolo da resistência negra no Brasil, morto em uma emboscada pelas tropas coloniais, em 1695, após sucessivos ataques ao Quilombo de Palmares. O movimento negro começou a defender a criação do feriado em 20 de novembro ainda nos anos 1970, em plena ditadura militar. O feriado foi criado em 2003 como efeméride incluída no calendário escolar. É feriado em cerca de mil cidades em todo o país e nos estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro através de decretos estaduais. Em estados que não aderiram à lei, a responsabilidade é de cada Câmara de Vereadores, que decide o feriado no município.


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