14/12/2020 às 20h50min - Atualizada em 14/12/2020 às 20h50min

Prevenção da perda auditiva deve começar na juventude

Mais de 37-% das crianças até 12 anos já tiveram zumbido nos ouvidos

Foto: Pxhere

Grande parte das pessoas com dano auditivo somente percebem a perdas na habilidade de ouvir por acidente e têm o diagnóstico comprovado muitas vezes tardiamente. Embora esse tipo de constatação esteja associado à decadência física da velhice, não é exclusividade de idosos.

O estudo “Prevalência e causas de zumbido em adolescentes de classe média/alta”, conduzida em 2012 pela pesquisadora Tanit Ganz Sanchez, da Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Zumbido, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), revelou que 37,7% das crianças de 5 a 12 anos participantes revelaram sinais de zumbido.

A pesquisa leva a questionamentos sobre a influência que os hábitos modernos de exposição precoce a ruídos intensos vêm tornando a perda auditiva uma condição também presente na população jovem.

Em nova pesquisa de 2017, a pesquisadora Ganz Sanchez estudou o zumbido auditivo em adolescentes, também com resultados alarmantes: 54,7% dos participantes relataram num questionário que padeciam de zumbido e 28,8% flagraram o distúrbio em exame na cabine audiométrica.

 

O zumbido e a perda auditiva

O zumbido é um distúrbio na captação de sons gerados no ambiente. Em condições normais, esses estímulos são captados pelos ouvidos e enviados ao cérebro na forma de impulsos elétricos. No entanto, em ocasiões em que as vias auditivas enviam esses impulsos sem receber estímulo externo real, o zumbido está configurado.

A origem do zumbido nem sempre está no sistema auditivo. Ele pode estar relacionado a causas variadas, como problemas posturais, alterações cardiovasculares, diabetes, problemas de articulação, entre outros.

Além de estar vinculado à ansiedade, o zumbido é um dos sintomas de perda auditiva. Para pessoas mais jovens, esse tipo de deterioração da audição pode reduzir a tolerância sonora e provocar danos cumulativos no decorrer da vida.

Variáveis importantes para a saúde auditiva

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa que cerca de 466 milhões de pessoas no mundo sofrem de dificuldades de audição incapacitantes. Desse montante, 34 milhões são crianças, e 60% das perdas auditivas infantis são decorrentes de causas que podem ser prevenidas.

Mais de 900 milhões de pessoas deverão sofrer de perdas auditivas, de acordo com estimativas da OMS. Além dos problemas crônicos de comunicação doméstica, os danos auditivos também trazem impactos indesejáveis nos campos socioemocional e no desenvolvimento econômico e acadêmico.

Profissionais com deficiência auditiva têm maior suscetibilidade ao desemprego e a dificuldade de se comunicar diariamente está associada a sentimentos de vergonha, solidão, isolamento e frustração. Portanto, em populações de idade mais avançada, a deficiência auditiva também pode ter correlação com o desenvolvimento de demência.

Uma das principais causas de perda auditiva é a exposição a ruídos. A OMS estima que 1,1 bilhão de jovens (de 12 a 35 anos) correm o risco de sofrer danos auditivos graves somente por causa da exposição a ruídos em contextos recreativos.

A intensidade sonora é potencializada com o uso de fones de ouvido, pois eles emitem ruído diretamente no canal auditivo. Não é realista assumir a abolição do uso de fones como única solução possível para mitigar danos de audição. No entanto, observar algumas variáveis da exposição a ruídos pode preservar a capacidade de ouvir.

O sistema auditivo está constantemente exposto a sons do ambiente. Muitas vezes não é possível escolher não ouvir ruídos, como no caso do barulho dos ônibus ou sons da vizinhança. Residentes da zona urbana sofrem mais com ruídos do que residentes da zona rural, por exemplo.

Porém, dar a devida atenção a duas variáveis de sons pode ajudar a preservar a audição: a duração da exposição ao som e a intensidade sonora. A moderação da intensidade sonora é recomendável, especialmente se o tempo de exposição ao som é prolongado. Essas duas variáveis podem ser equilibradas para preservar a saúde auditiva – quanto mais alto o som escutado, menos tempo recomenda-se a exposição a ele.

Um terceiro fator que não pode ser ignorado é a eventual predisposição genética à perda auditiva. Esse aspecto pode influenciar o desenvolvimento de perdas auditivas mesmo em pessoas jovens, e deverá ser aferido por meio de testes médicos específicos.

Causas congênitas também podem contribuir para a perda de audição numa idade precoce. O consumo de algumas drogas ou a incidência de infecções como rubéola ou sífilis durante a gravidez pode levar a problemas auditivos para crianças. Também pesam como possíveis causas um peso baixo no nascimento e uma falta de oxigenação durante o parto.

 

 


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