30/05/2014 às 10h56min - Atualizada em 30/05/2014 às 10h56min

Diretor da Saúde relata ao JE um panorama da saúde pública em São Roque

O Jornal da Economia pediu ao Diretor do Departamento de Saúde, Dr. Sandro Rizzi, um panorama da situação da Saúde pública no município. Confira os principais tópicos:

Santa Casa

“A Santa Casa, com o novo contrato que foi firmado, está autorizada a fornecer mais serviços aos moradores de São Roque. Como ela não pertence à Prefeitura, ela é uma entidade filantrópica, tudo é sempre uma grande negociação, mas acho que avançamos bastante. Agora a Santa consegue contratar agora para fornecer serviços de especialidades para a Prefeitura. São nas especialidades que temos dificuldades e que a referência do Estado não está dando conta porque essa é uma função do Governo do Estado. Então hoje, por exemplo, temos mais de 500 pessoas esperando por uma consulta de neurologia. Isso é inadmissível. Então a intenção é se contratar um neurologista pela Santa Casa, o qual forneceria serviços tanto para consultas como para aquele paciente que precisa de um atendimento dentro da Santa Casa. Se hoje alguém tiver um derrame e precisar de uma avaliação neurológica, a pessoa vai para Sorocaba e volta. A ideia é esse novo profissional prestar serviços tanto para a Santa Casa como para a rede pública de saúde. A Santa Casa está sendo reestruturada. Se trata de um hospital filantrópico, que tem uma porcentagem mínima que tem que atender o SUS [Sistema Único de Saúde] e isso vai gerar uma receita e outra porcentagem que vai atender os convênios particulares, que também vai gerar uma receita. O hospital tem que se manter com essas duas receitas. Se o hospital atender exclusivamente o SUS, a gente recebe o dobro da receita do Ministério da Saúde, o que não é o suficiente para manter a Santa Casa. O melhor modelo mesmo é quando é filantrópico. O que acontece aqui em São Roque é que a Santa Casa não está tendo a receita da filantropia, ficando apenas com o dinheiro dos convênios. Ela tem que melhorar essa receita porque o do SUS a gente já esgotou. Já estamos repassando o máximo possível pelo nosso orçamento. Então o hospital tem que melhorar o outro lado e para isso é preciso credibilidade, melhor aparência, etc, para atrair mais o público do particular. Mas eu creio que a gente trazendo os especialistas para a Santa Casa, isso vai ajudar a melhorar essa parte também”.

Rede Básica de Saúde

“Recebemos duas médicas cubanas e três venezuelanas através do Programa Mais Médicos e com isso estamos conseguindo sanar uma falha, que é a falta de médicos. A gente ainda precisa de mais profissionais, mas já está ajudando bastante. Esses médicos chegam com uma visão que médico brasileiro quase não tem, que é a visão de saúde pública, de se atender em rede. Eles não possuem a filosofia de atender em convênio. O médico de convênio acaba encaminhando muito porque ele ganha por consulta, então ele não vai resolver todos os problemas do paciente em uma única visita.  Na saúde pública acontece exatamente o contrário. A visão dos médicos estrangeiros é atender o paciente como um todo. Eles ainda estão se adaptando e tendo alguma dificuldade com a língua, mas a população está recebendo bem esses profissionais. Não tivemos nenhuma queixa por enquanto. Uma das médicas cubanas já está em São João Novo, onde em breve mandaremos mais um. Dois estão indo para Mailasqui. E um médico está indo para o Goianã. Estamos inaugurando agora no dia 31, um novo posto Vilaggio Emilia e uma médica brasileira, com bastante experiência, que estava em Mailasqui está indo atender lá. Estamos agora, assim que a gente conseguir mais recursos, focando no posto da Vila Nova e no posto de Canguera. Em relação a parte de exames, estamos estudando a vinda de uma tomografia e de uma mamografia para a Santa Casa. São procedimentos que antes eram mais raros, mas que hoje são tão rotineiros quanto um raio-x. Hoje quem precisa de um desses exames é encaminhado para Sorocaba e para Itu. Temos um gasto tão grande com o transporte dos pacientes para passar com o especialista que quando fazemos a conta, vemos que vale mais a pena bancarmos o exame na nossa própria cidade. Isso sem falar no desgaste físico e psicológico do paciente em ter que pegar o carro e ir para outra cidade. Em relação aos medicamentos sempre temos muita dificuldade, pois parte deles vêm do governo estadual pelo Dose Certa e a outra parte nós compramos. As pessoas acham que isso é uma coisa simples de se comprar, mas na Prefeitura a maioria das compras exigem uma licitação, o que leva em torno de três meses. Não tem como fazer uma compra assim como a população faz, que é só ir até a farmácia. O que traz mais dificuldade é que não temos um bom sistema na farmácia, então a gente ainda compra por controle de estoque, ou seja, o que está acabando eu compro. E quando demora, acaba faltando. Isso é algo que já vem de outras gestões e ainda estamos tentando resolver. Estamos mudando para comprar por cálculo de consumo e mais por estoque, mesmo assim a licitação é sempre complicada”.

UPA

“Nós não perdemos nada porque nunca tivemos. UPA é uma Unidade de Pronto Atendimento, então o Pronto Atendimento da Santa Casa é uma UPA. O que acontece é que foi criado um programa pelo Ministério da Saúde que visava principalmente os municípios que não contavam com um Pronto Atendimento, onde as pessoas eram obrigadas a andar quilômetros para conseguir socorro médico. A UPA tem um requisito de uma instalação mínima, uma equipe mínima e tudo mais. Quando se pensa na situação de São Roque, com 80 mil habitantes, eu só poderia abrir essa UPA na Av. Bernadino de Lucca se eu fechasse o PA da Santa Casa. E por que isso? O custo de um PA do porte que a gente tem é de em torno de R$ 600 mil por mês. Se a gente abrisse a UPA, seria mais um custo de R$ 600 mil. O Ministério iria repassar R$ 175 mil, mas de um orçamento que se gastava antes 600 mil, agora iria passar a gastar 400 mil reais a mais por mês. A gente não tinha esse orçamento. Além disso, a cidade não precisa de dois Pronto Atendimentos. A cidade precisa de serviços nos bairros mais distantes como, por exemplo, Canguera, São João Novo, Carmo, que são bairros com muita dificuldade para trazer seus pacientes para o PA da Santa Casa. Então nós pensamos em pegar esse dinheiro e investir no PA da Santa Casa ao invés de gastar na UPA. E se eu tirasse o PA da Santa Casa, a população iria começar a reclamar, pois todos já estão acostumados a ir para lá, que fica na região central e facilita o acesso. Em segundo lugar, quem manter o serviço de raio-x na Santa Casa é o PA, pois o maior número desses exames é tirado por lá. O exame ficaria inviabilizado se eu tirasse o PA. Só as internações não conseguem manter o raio-x nem os exames de laboratório, o que dificulta toda a existência da Santa Casa”.

 


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