23/05/2014 às 10h20min - Atualizada em 23/05/2014 às 10h20min

Homem tem vida salva por médicos do PS Municipal da Santa Casa após grave acidente

“Quando eu acordei, eu pude realmente ver todo o esforço e dedicação de todos que estavam cuidando de mim”, Daniel Fernandes (53)

A reportagem do Jornal da Economia esteve na última quarta-feira, dia 21, no Pronto Socorro da Santa Casa de Misericórdia de São Roque para acompanhar a história de um homem que teve a vida salva graças ao trabalho e a dedicação de profissionais competentes.

Daniel Fernandes, de 53 anos, sofreu um grave acidente na Rodovia Raposo Tavares quando estava voltando para casa, na cidade de Jandira, há cerca de 15 dias. Ele contou a nossa reportagem que transitava com seu veículo, nas proximidades do distrito de Mailasqui, quando outro carro veiona contramão e se chocou com o seu veículo.

Seu caso foi ainda mais grave, pois não utilizava cinto de segurança no momento do acidente:“Na hora que eu passei na falada ’curva da morte‘veio uma mulher na contramão. Eu avistei apenas o farol. Tentei tirar o carro, até joguei o veículo em cima do barranco, mas não deu tempo. Acabei colidindo de frente com o outro carro. Depois desse momento eu não lembro de mais nada. O que eu consigo me recordar é do corre-corre que aconteceu já aqui no hospital”, afirmou. Daniel foi encaminhado ao Pronto-Socorro Municipal da Santa Casa de São Roque, onde foi atendido pelos médicos: Dr. Danilo Fadul, com o apoio do Dr. Pedro Renato Guazzelli e do Dr. Tarquínio Lúcio Alves de Lima,além do corpo de enfermagem que também acompanhou o caso. 

“Quando eu acordei, eu pude realmente ver todo o esforço e dedicação de todos que estavam cuidando de mim. Todos me deram muita atenção. Posso dizer que não é em qualquer pronto-socorro ou hospital que um paciente é tratado desse jeito. Meu irmão morreu em uma clínica particular e ele não era tratado da mesma maneira que eu fui aqui na Santa Casa”, relatou Daniel a reportagem do JE.

“No início ele foi bem tratado sim. Em certo momento a gente viu que ele estava quase morrendo, nós entramos em desespero. Foi aí que nós brigamos por um atendimento melhor, o que realmente aconteceu. Todos deram os cuidados necessários para salvar a vida dele. Sentaram em reunião e decidiram fazer uma micro UTI aí dentro. E graças ao trabalho do Dr. Pedro Renato e dos outros também, ele tá vivo. Também gostaria de agradecer ao Prefeito Daniel de Oliveira Costa que está trabalhando para melhorar a saúde na nossa cidade”, relatou a esposa de Daniel, Maria Sonia dos Santos Fernandes.

“Eu só tenho a agradecer e nada a reclamar. O atendimento do Dr. Pedro Renato, do Dr. Lucio e do Dr. Danilo Fadul foi nota 10 e posso dizer que ele e sua equipe podem servir de exemplo a todos os outros hospitais da saúde pública. Em outros postos de saúde a situação é muito precária, eu mesmo levei meu filho em um posto lá em Jandira e tinham cerca de 150 pessoas na fila de espera. Aqui nessa Santa Casa eu posso dizer que eu fui bem atendido. Eles até ligaram na minha casa, nunca vi isso. Olha, eu posso afirmar, se não fosse a correria que o doutor fez na hora aí, eu já teria ido embora”, conta Daniel.

Legenda foto 1: da esq. à dir: Rogério Silveira, Maria Sonia dos Santos, Dr. Tarquinio Lúcio Alves de Lima, Daniel Fernandes, Vanessa Dias (téc. Enfermagem), Valério Santiago (téc. Enfermagem), Daniele Correa (téc. Enfermagem), Fernanda Delgado (enfermeira) e Dr. Pedro Renato Guazzelli

O caso

Após o acidente, ele foi encaminhado diretamente para a emergência do Pronto Socorro Municipal da Santa Casa de São Roque. De acordo com os médicos que o atenderam, Daniel chegou ao hospital em estado muito grave. “Ele já chegou aqui em coma. Sofreu uma parada cardíaca, mas nós conseguimos desenvolver todasas manobras de reanimação e o trouxemos de volta”.

O médico ainda conta que Daniel teve um corte na região do pescoço, que causou um grande sangramento em uma das artérias, agravandoainda mais a situação. “Por ele não estar usando o cinto de segurança, acabou batendo a cabeça muito forte e cortando opescoço em um dos vidros do carro. Nós rapidamente fizemos toda a sutura na região afetada”. Segundo o Dr. Pedro Renato, o fato de Daniel ter tido um trauma muito grande no crânio, uma contusão torácica grave um trauma abdominal também grave já seria motivo para morte instantânea.

O paciente chegou a ser transferido para o Hospital Regional de Sorocaba para que fosse realizado um exame de tomografia. Além disso, os médicos de São Roque buscavam uma vaga para Daniel na Unidade de Terapia Intensiva, uma vez que era essencial dada a gravidade da situação. “Na tomografia constatamos todas as contusões, maslá não tinha nem respirador disponível. Também não conseguimos a vaga para ele na UTI. Como era um paciente em estado muito grave e não tinham condições de acolhe-lo, acharam por bem traze-lo de volta para São Roque”, contam os médicos.

Daniel foi trazido, então, de volta ao PS da Santa Casa, onde os médicos fizeram o possível para mantê-lo vivo. Foram feitos todos os procedimentos de Unidade de Terapia Intensiva. “Continuamos com ele entubado e com o coma induzido. Além disso, para ele não perder força e energia, entramos com uma sonda para alimentá-lo”, disse o médico. Ainda segundo os médicos que o atenderam, a situação era mais grave, pois Daniel apresentou quadro de pneumonia. “Então, temos aí um paciente com um quadro gravíssimo cujas chances de morrer eram enormes”.

Os médicos fizeram todo o tratamento necessário para cuidar do paciente do mesmo modo que seria feito em uma UTI. “O paciente foi evoluindo e a nossa enfermagem treinada conseguiu dar conta do pronto-socorro e de um paciente no estado em que se encontrava o Sr. Daniel”.

Durante todo esse período não foi conseguida vaga em nenhumaUTI efetiva na cidade de Sorocaba. “A família estava muito ansiosa. Eles são muito gente boa, colaborativos, mas não há quem consiga aguentar uma crise dessas, com o pai à beira da morte e precisando urgente de uma vaga. Tivemos de explicar aos familiares que faríamos o máximo que fosse possível para salvá-lo e que também todos os atos médicos e as drogas que estavam sendo utilizadas no tratamento não seriam diferentes de uma Unidade de Terapia Intensiva”, conta o médico.

Após esse período, foi realizada uma avaliação pelo neurologista Dr. Fábio Aurélio de Moraes, onde se pôde constatar que o paciente estava preservado e que não havia presença de sangramento no cérebro. Os médicos então, percebendo uma melhora, decidiram por acordar Daniel. “Ele começou a comer, conversar, explicar e lembrar de tudo. Com isso, a família ficou mais aliviada com o sucesso de um caso em uma situação totalmente adversa”, dizem os médicos.

O paciente retornou ao pronto-socorro na última quarta-feira, dia 21, para uma nova avaliação de seu estado de saúde. “Eu pude ver que o Daniel está muito bem. Um paciente que permaneceu entubado por quase dez dias, onde você perde a força muscular. Além disso, começam a aparecer algumas lesões na pele devido ao contato contínuo com o colchão, que aqui não é adaptado como o de uma UTI. Foi uma loucura, mas nós conseguimos salvar a vida dele. Nós achamos por bem mostrar para vocês que um grupo de médicos competentes, mesmo em uma infraestrutura que não beira à excelência, consegue um sucesso desse. Para se conseguir fazer algo como essa história acontecer em qualquer lugar do mundo, é preciso talentos como esses, um pessoal formado e com ousadia suficiente para dar a sua contribuição ao mundo”, relatam os médicos.

Situação da Saúde Pública

A reportagem do Jornal da Economia também questionou os médicos sobre o estado atual da saúde pública em nosso município.

“A situação da Santa Casa é difícil. O principal problema é que São Roque acaba drenando toda a região. A segunda dificuldade é que na Saúde como diferente de outras áreas, quanto mais tecnologia e mais qualidade, maior é o custo. A terceira é que conseqüentemente, quanto mais qualidade, maior a procura do serviço e assim sucessivamente.

Hoje esse fenômeno já está acontecendo na nossa Santa Casa, pois de 250 consultas ao dia há 11 meses, estamos por volta de 400 consultas ao dia só no PS Municipal da Santa Casa. Uma das soluções é a criação do Cartão SUS (Sistema Único de Saúde) para o cidadão de São Roque, pois com ele poderemos ter a exata dimensão dos atendimentos dos são-roquenses e de outros municípios, podendo assim, pedir a participação dos demais municípios.

É preciso investir, melhorar e crescer sempre. Não há outro caminho, porém com gestão e competência, buscando foco na qualidade de vida dos cidadãos. A tarefa não é fácil. Por essa razão é que devemos ter na administração gestores com qualificação e expertise na área”. 


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