O Banco Central deve manter a Selic na próxima quarta-feira (31). De acordo com o superintendente da Assessoria Econômica da ABBC (Associação Brasileira de Bancos), Everton Pinheiro de Souza Gonçalves, mesmo com a depreciação do real em 2018, o repasse cambial nos preços é limitado e a inflação continua controlada. Adicionalmente, a recente queda do dólar arrefece a pressão.
"A lenta recuperação da atividade econômica e o elevado nível de ociosidade dos fatores de produção (capital e trabalho) não sinalizam pressão pelo lado da demanda. Por isso, a taxa deve ser mantida, por outro lado é bom ficar de olho no comportamento dos preços especificamente, o de energia elétrica residencial e o de combustíveis, que podem pressionar a inflação".
Para Gonçalves, a Selic deve ser mantida até o final do ano. Com relação à inflação, o ano deve fechar na dentro da meta estabelecida pelo governo. "A inflação deve fechar 2018 em 4,5% e no próximo ano, 4,2%. A principal preocupação de alta na inflação é a pressão externa e seus efeitos nos prêmios de risco, com a crescente tensão entre os EUA e a China e a desaceleração do ritmo de crescimento da economia chinesa, trazem desafios para a evolução do comércio global, com impacto direto no PIB mundial. Esses impactos são muito percebidos nos países emergentes exportadores de commodities primárias, como o Brasil. Outro fator que pode acelerar a inflação é as sanções dos EUA impostas ao Irã, que impactam nas cotações do barril de petróleo, pressionando o IPCA. Além disso, o processo de normalização monetária nos países desenvolvidos, mais notadamente nos EUA, exerce papel relevante na liquidez dos mercados internacionais. A elevação da taxa básica de juros em um cenário de um crescimento robusto e a convergência da inflação à meta favorecem a elevação dos retornos das T-notes com vencimento para dez anos, intensificando a pressão nas moedas emergentes".
Sobre o PIB, a Assessoria Econômica da ABBC projeta um crescimento do PIB de 1,3% em 2018 e de 2,5% em 2019. "A recuperação da economia brasileira está restringida pelo elevado nível de ociosidade dos fatores de produção, pela deterioração das condições financeiras para os países emergentes e pelas incertezas no cenário político", finaliza Gonçalves.