Há alguns anos, a cirurgia bariátrica tem sido usada para viabilizar o emagrecimento de pessoas com IMC (Índice de Massa Corporal) igual ou maior a 40 ou entre 35 e 39 com complicações de saúde relacionadas à obesidade, como hipertensão e diabetes. O procedimento consiste na retirada ou grampeamento de parte do estômago e, em alguns casos, com desvio do intestino.
Com o passar do tempo novas técnicas vão surgindo, e quando se trata de procedimentos no estômago para perder peso, um método em especial tem despertado a curiosidade de muita gente: o balão intragástrico, que reduz a capacidade do estômago pela metade e provoca a perda de apetite e a saciedade precoce, fatores que auxiliam no emagrecimento. O balão consiste em uma prótese flexível de silicone que é preenchida com 400ml a 700ml de soro fisiológico e um corante que permite a detecção de falhas no dispositivo. Ele é colocado por via endoscópica, sem cortes, internação ou cirurgias, estando o paciente sedado. Então, o balão entra vazio pela boca, passa pelo esôfago e chega ao estômago, onde é preenchido.
O método é indicado para pessoas com IMC a partir de 27, mas obesos que precisam fazer a cirurgia também podem aderí-lo como procedimento pré-cirúrgico, diminuindo os riscos da operação.
Um dos diferenciais do balão intragástrico é o fato de ser um método temporário, não definitivo e reversível, e é justamente por isso que os adeptos do procedimento devem ser cuidadosos.
O primeiro passo para quem pensa na ideia é consultar um médico para que, juntos, possam avaliar se o uso do balão é ou não recomendado. Outro ponto importante é compreender o papel do balão no processo de emagrecimento, e conscientizar-se de que o recurso deve funcionar apenas como um estímulo para a perda de peso. Após seis meses – período em que ele geralmente fica no organismo –, é preciso manter uma alimentação equilibrada e se consultar com especialistas, a fim de que o processo de emagrecimento seja assistido e feito de forma saudável, para que perdure.
O alvo de perda de peso com o balão intragastrico é de 10 a 20% do peso total, e o índice varia conforme fatores como idade, metabolismo e, principalmente, disciplina do paciente em seguir as orientações da equipe multidisciplinar. Durante o tratamento, ele deve fazer uma reeducação alimentar - facilitada pelo dispositivo - e esses novos hábitos deverão ser seguidos por toda a vida. Aqueles que não realizam uma reeducação alimentar correm o risco de ganhar novamente o peso perdido durante o tratamento. Estima-se que cerca de 47% dos pacientes podem recuperar o peso após um ano de tratamento, e os estudos revelam a relação entre esse retrocesso e a não aderência aos novos hábitos alimentares.
O emagrecimento não pode ser apenas um objetivo estético, mas também de saúde. Obesidade é uma doença crônica, progressiva e precisa ser tratada de forma eficaz e permanente, sempre com acompanhamento de equipe multidisciplinar: gastroenterologista, endoscopista, endrocrinologista, nutricionista, nutrólogo, psicólogo, educador físico, cardiologista etc.
É possível concluir, então, que embora pareça um método mais simples – por não ser definitivo –, a colocação do balão também é um procedimento sério: para ser realizado, é preciso avaliar as contraindicações, considerar a necessidade de uma dieta adequada (e bastante restritiva nos primeiros 30 dias) e todos os cuidados relacionados.
*Dr. Túlio Medeiros é endoscopista do HSANP, centro hospitalar localizado na zona Norte de São Paulo.