06/12/2016 às 10h50min - Atualizada em 06/12/2016 às 10h50min

Mulheres, vocês realmente gostam de empreender?

Coaches de carreiras e de mulheres dão seu parecer sobre a forma feminina de empreender e compartilham dicas para mulheres que passam por essa situação

- Foto: Reprodução / Internet
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O movimento feminino ganhou força total no início dos anos 2000, mas, no Brasil, a luta pelos direitos das mulheres vem acontecendo há muito mais tempo. Embora já tendo direito ao voto desde 1933, ainda nos meados da década de 50 e 60, as mulheres dependiam da autorização dos maridos para trabalharem e, em sua grande maioria, essa aprovação não era concedida. Hoje em dia, o ambiente doméstico não é mais limitado às mulheres e o mundo corporativo e político cada vez mais se depara com elas no poder. No entanto, o sexo feminino ainda encontra certas limitações, seja por discriminação masculina ou barreiras impostas por elas mesmas.

Segundo a coach de carreiras, Cecília de Lara, o papel da mulher perante a sociedade não mudou, ela apenas ganhou mais um. “Vivemos em uma sociedade patriarcal onde a cultura está enraizada desde o período Neolítico, onde nasce a civilização. O homem é o provedor com o trabalho mais pesado e a mulher a protetora do lar com trabalhos doméstico.  Mas as coisas estão mudando, as mulheres estão conseguindo se destacar cada vez mais no mercado de trabalho e conseguindo colocar em evidencia a sua força. O importante é se dedicar naquilo que te traz satisfação, sem se sentir pressionada em provar algo a sociedade. Podemos, sim, delegar tarefas que não nos identificamos", diz.

Silvana Arena, que é coach de mulheres, completa: “Aumentou muito o numero de mulheres que tem grande desejo de empreender, mas ainda encontram algumas limitações. O maior problema que elas enfrentam é de se libertar da culpa e do medo, pois acreditam, muitas vezes de forma inconsciente, que ao empreenderem, estão deixando de lado outras tarefas ‘da mulher’. O nosso maior problema não é mais o machismo. Sim, ele ainda existe, mas a nossa carta de liberdade já foi dada, graças aos movimentos feministas. Hoje, o desafio de muitas mulheres é, primeiro de tudo, conquistar a sua liberdade interna e empreender em uma vida autêntica e livre, em busca de seus sonhos mais ousados. Depois disso, fica fácil empreender qualquer negócio””, diz.

De acordo com ambas as especialistas, o conceito machista embutido na sociedade, tornou as mulheres de hoje muito mais perfeccionistas. Essa característica, embora as ajude a empreender, atrapalha suas vidas pessoais, pois afeta diretamente o emocional. “Por muitos anos, as mulheres eram limitadas à vida doméstica e isso já era muita responsabilidade, pois, afinal, era o porto seguro dos homens. Infelizmente, esse pensamento não mudará do dia para a noite. Agora, o mundo corporativo, se tornou mais uma tarefa no dia dessas mulheres”, afirma Cecília.

Silvana explica que as mulheres foram enquadradas em padrões muito altos na sociedade e esta é a maior causa pelo perfeccionismo feminino exagerado. “A sociedade dita padrões femininos de beleza, corpo, relacionamentos e carreira. É uma característica das mulheres sempre quererem dar conta de tudo. Mas é muito cansativo ser perfeita em todas as áreas. E quando somos bem sucedidas em uma área e a outra ainda não esta como gostaríamos, em vez de comemorarmos e sermos gratas por mais uma etapa realizada, muitas vezes enfatizamos e sofremos pelo que ainda não temos, ou por simplesmente não estar completo do jeito que os padrões nos cobram. Daí é quando entra esse sentimento horroroso de culpa, baixando e limitando nossa energia e o nosso poder feminino”, argumenta a coach.

Cecília conclui, dizendo que as mulheres precisam encontrar um ponto de equilíbrio entre suas vidas profissionais e pessoais, para poderem empreender sem culpa e realmente aproveitarem a oportunidade do empreendimento sem qualquer limitação. “Quando as mulheres começarem a aceitar que a perfeição não existe, sua saúde mental será muito melhor. Não há nada de errado em priorizar o trabalho de vez em quando, pois nós lutamos para isso acontecer”, diz.


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