29/07/2016 às 08h58min - Atualizada em 29/07/2016 às 08h58min

São-roquense comanda Seleção Brasileira de futebol social em competições internacionais

Da Redação: Gabriele Pinho - Foto: Divulgação/Facebook
Da Redação: Gabriele Pinho - Foto: Divulgação/Facebook

O são-roquense Flávio Fernandes, mais conhecido como “Pupo”, esteve recentemente na cidade de Glasgow, na Escócia, comandando a Seleção Brasileira de Futebol Social, durante a Homeless World Cup 2016 (campeonato mundial de futebol social). O Jornal da Economia entrevistou o técnico são-roquense que contou um pouco sobre o campeonato e o trabalho social que é desenvolvido para este evento, no qual ele já faz parte há quase 13 anos.

A competição foi realizada de 8 à 17 de julho e contou com a participação de 64 países. Todos os atletas participantes são pessoas que passam por alguma dificuldade ou integram grupos de riscos nos determinados países. No Brasil podem participar jovens de 16 a 21 anos que vivem em situação de risco relacionado à moradia, violência e tráfico. Já na Europa, alguns países trabalham com ex dependentes químicos e refugiados; no Canadá o projeto é realizado com indígenas e na África com moradores de containers.

Neste ano o Brasil contou com uma equipe mista, formada por 6 homens e 2 mulheres, totalizado 8 jogadores que conquistaram o segundo lugar na competição, perdendo de 6 à 1 para o time do México. A equipe foi patrocinada pela Confederação Nacional do Comércio de Brasília que através do apoio financeiro, garantiu as passagens e participação da seleção no campeonato.

“Lá em Glasgow ficamos alojados em uma universidade. A estadia e alimentação é oferecida pela organização do evento, sendo de nossa responsabilidade a chegada até o local. Com certeza chegamos com a vontade de sair como campeões, mas o mais importante é o resultado fora do campo, levando estes jovens para viver uma experiência única e muito importante para eles, conhecendo novas culturas”, comentou Pupo.

O projeto ‘Futebol Social’

Pupo Fernandes é técnico da Seleção Brasileira de Futebol Social desde 2004, e conta que no início o projeto trabalhava com moradores de rua de São Paulo e do Rio de Janeiro.

“Em 2003 foi criado a ‘Homeless World Cup’ e para representar o Brasil foi levado integrantes do projeto ‘Criança Esperança’. A partir de 2004 estive presente levando pessoas que moraram nas ruas, sendo que 90% deles ainda moravam em albergues. Já em 2008 eu e Guilherme Araújo criamos o projeto ‘Futebol Social’ e tivemos a ideia de trabalhar com jovens em situação de riscos, e desde então trabalhamos com eles vindos de favelas, comunidades, quilombolas, ribeirinhas, cidades satélites de Brasília, entre outros”, comenta o técnico.

Desde então o projeto busca resgatar a autoestima destes participantes. Em 2008 conquistaram a melhor colocação desde 2004, no 7° lugar. Em 2009 ficaram em 3° lugar, em 2010 foram campeões, 2011 e 2012 em 3° lugar, 2013 campeões, 2014 e 2015 garantiram o 4° lugar e em 2016 conquistaram o 2° lugar.

“Em 2013 estávamos com as equipes prontas para jogar, porém acabamos perdendo nosso patrocinador. Todos achavam que o Brasil não iria participar, então eu fui até o banco e fiz um empréstimo pessoal de R$ 30 mil, que pago até hoje, e com esse dinheiro comprei as passagens e alguns calçados para a equipe. Tivemos que reduzir os atletas, indo apenas 4 jogadores e eu. Sem treino, nos encontramos no aeroporto e utilizamos o primeiros jogos do campeonato (que são considerados mais fáceis) para ‘treinar’ nosso futebol. Colocamos camisetas do Brasil para homenagear os atletas que não puderam participar, e no final conquistamos o título de campeões invictos”, conta.

Busca por patrocinadores
Segundo o técnico, um dos maiores obstáculos hoje é a falta de patrocinadores e apoiadores do projeto. Os interessados em conhecer um pouco sobre a ação e entrar em contato para futuros apoios à equipe podem acessar o site www.futebolsocial.org.br, além do facebook.com/fsbrasil.

“É um prazer gigante fazer parte de tudo isso. Faço por amor e porque acredito que o futebol serve como ferramenta de mudança na vida desses jovens. Temos o sonho de ter parceiros como escolas técnicas, cursos de idiomas, universidades, etc, como uma parceria que temos em Brasília, onde duas atletas que participaram do projeto cursaram Direito e Educação Física”, comenta.

Outro sonho do são-roquense é fazer com que esse projeto esteja presente dentro das cidades. Fazendo um piloto em São Roque e nas cidades da região e vendendo esse projeto como lei de incentivo para as empresas.

 


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