Necessidade de restauração em patrimônio histórico de Mairinque é apontada por estudo

Um estudo feito por engenheiros e arquiteto do Projeto Oficina Escola de Artes e Ofícios (POEAO) mostrou que o prédio da Estação Ferroviária de Mairinque, tombado pelo patrimônio histórico brasileiro, está em situação precária, necessitando de reformas emergenciais.

A estação foi inaugurada em quatro de maio de 1897, tendo seu prédio atual erguido em 1906. O local foi responsável pelo surgimento da cidade, tendo em vista que a importância da estação foi crescendo rapidamente após a inauguração, sendo necessário a fundação de um município, que se tornaria Mairinque.

Além de ter dado origem a cidade e fazer parte da história ferroviária do país, o prédio atual foi o primeiro do país construído em concreto armado. Atualmente, abriga o museu de Memória Ferroviária local, sendo palco constante de apresentações artísticas. Motivos não faltam a estudantes, profissionais e curiosos para visitá-la.

Porém, o local sofre com problemas críticos na estrutura do prédio, como pinturas degradadas, vidros quebrados, presença de fungos, umidade, além de lixos e muita vegetação em seu interior. Problemas que foram apontados pelo POEAO através da arquiteta responsável pelo estudo Celeide Lorieri, que alertou sobre a necessidade urgente de elaboração de uma reforma do local, para que façam da estação ferroviária um patrimônio histórico e cultural preservado.

“Estamos produzindo projetos e promovendo ações na construção, sob as orientações do Prefeito Binho, de estratégias de políticas públicas para a promoção do resgate da identidade cultural do Mairinque e a preservação do seu meio ambiente Cultural, artificial e natural”, explica a arquiteta Celeide.

Através de documentos fotográficos e indicativos, feitos durante visitas de inspeção no prédio da estação ferroviária, foram registrados estes inúmeros problemas, sendo apontado no documento até mesmo “risco eminente”, levando em consideração as infiltrações e a fiação elétrica exposta e desordenada que há no prédio, entre outros itens.

Segundo a arquiteta, o projeto de reforma deve ser feito com urgência, mas o processo é burocrático e complicado. Para que as obras possam iniciar, é necessário um acordo entre a prefeitura de Mairinque e o CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico – órgão ligado a Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico (UPPH), responsável pelo tombamento da Estação Ferroviária de Mairinque, realizado em 1986 e também responsável por qualquer reforma ou mudança feita no local.

Celeide ainda conta que os processos de restauração das construções no entorno da estação ferroviária, já tiveram início em parceria com o Senai e a FIESP, tendo em vista que essas partes não necessitam de autorização do CONDEPHAAT.

“Estamos em um processo de recuperação das fachadas das casas do entorno, promovendo a formação profissional de jovens e adultos na busca de suprir a zona de carência que é este setor, da indústria da construção civil e do restauro”, diz Celeide.

Todo este processo de restauração, ainda aparece como tema de um livro, publicado pela Editora Senai, que teve o seu lançamento na própria estação ferroviária de Mairinque, na quinta-feira dia 17, em cerimônia que reuniu o prefeito Rubens Merguizo, a primeira dama, secretários da educação, cultura, todos os vereadores, membros da diretoria da OAB de Mairinque, diretoria do SENAI de Sorocaba, além de membros da FIESP e várias outras presenças importantes.

Intitulado Restauração do Patrimônio Histórico: Uma Proposta para Formação de Agentes Difusores, O livro é voltado para a formação de agentes difusores que têm interesse em ingressar no caminho da conservação e do restauro de patrimônios históricos do Brasil, apresentando através de ilustrações didáticas, um manual do trabalho do agente difusor, enfatizando as técnicas empregadas e proporcionando o conhecimento das técnicas de restauro. O livro também ressalta que preservar o patrimônio significa valorizar a nossa sociedade e nossa cultura, possibilitando aos mais jovens conhecer e conviver com nosso passado.

“A estação Ferroviária de Mairinque tem um significado de valor histórico muito importante não só para a cidade, mas também para o Brasil, pois é o primeiro prédio construído em concreto armado do pais. Por isso a importância de conservação e revitalização deste monumento e de seu entorno, proporcionando o resgate da identidade cultural de Mairinque e a preservação do seu meio ambiente”, explica Celeide Lorieri. “As partes mais complicadas no projeto são Prospecções e análises dos materiais, elaboração de projetos técnicos e executivos, mão de obra especializada, recursos financeiros e principalmente a burocracia”, finaliza a arquiteta.