Tenente do Corpo de Bombeiros concede entrevista em comemoração ao “Dia do Bombeiro”

Em comemoração ao Dia do Bombeiro, 02 de julho, o Jornal da Economia fez uma entrevista com o Tenente Eduardo Casagrandi Mansoldo Filho, 1º Tenente PM Comandante do posto de bombeiros da cidade de São Roque, para saber mais detalhes sobre a profissão.

JE – Desde quando existe o Corpo de Bombeiros em São Roque? Qual é a área de atuação de vocês?

Casagrandi – O Corpo de Bombeiros de São Roque ele foi fundado em 13 de março do ano de 1999 e desde então a gente passou a atender as áreas de São Roque, Araçariguama, Alumínio, Mairinque e Ibiúna. Temos um efetivo total hoje composto por policiais militares bombeiros e por guardas municipais bombeiros, com um total de 29 homens. Atuamos em incêndios, salvamentos e atendimento do resgate também. Hoje nós somos dotados de três operacionais, sendo uma desenhada pro incêndio, uma para o salvamento e a terceira que é a unidade de resgate propriamente dita.

JE – Como o senhor se tornou bombeiro?

Casagrandi – O desejo de me tornar bombeiro veio antes mesmo da minha entrada na Academia do Barro Branco, que é uma escola militar que forma os oficiais de carreira da Polícia Militar. Eu tinha gosto pela profissão, da atuação, então, desde sempre eu tive essa vontade.

JE – O que te atrai mais na profissão?

Casagrandi – Na profissão de bombeiro, a gente consegue de uma forma mais direta atuar ajudando as pessoas, auxiliando as pessoas, onde a vê um resultado mais rápido. A gente consegue apalpar essa ajuda permanente que damos à população, ao semelhante. Tudo isso aliado também à adrenalina das atividades cotidianas de um bombeiro. O policiamento, as atividades da polícia em geral também trazem essa gratificação, esse sentimento de dever cumprido, mas as atividades de bombeiro têm as suas particularidades, foi isso o que me atraiu.   

JE – Quais são os principais desafios a serem enfrentados?

Casagrandi – Nós bombeiros temos que, excetuando algumas ocorrências mais simples e que a gente atua também, enfrentar diversas situações muito críticas em que as pessoas não têm mais para quem recorrer. O maior desafio e também a nossa maior responsabilidade é essa, na qual a nossa atuação vai fazer a diferença entre a vida e a morte. E também a linha que define os limites entre a vida e a morte, que é o bombeiro que tem essa felicidade de ajudar nesse momento da vida.

JE – Como é poder ajudar as pessoas nesses momentos?

Casagrandi – O desprendimento nosso e o comprometimento, assim como todo policial militar, de poder ajudar a população num primeiro momento. E o bombeiro em regra atua nessas situações críticas. A gente acaba se arriscando para ajudar pessoas que muitas vezes não saberemos seus destinos. E o agradecimento sincero e sem qualquer tipo de hipocrisia ou adulação. A gratidão que a gente recebe em troca do nosso trabalho é muito sincera. Nós não fazemos diferenças entre das casas mais simples e um palacete. O tratamento que os bombeiros dispensam é o mesmo para todos porque naquele momento crítico a aflição do ser humano é a mesma.

JE – Existe alguma situação que tenha te marcado?

Casagrandi – Eu trabalho no corpo de bombeiros desde 2006. Atuei em algumas ocorrências graves como o acidente nas obras do Metrô Pinheiros em São Paulo, que foi algo marcante tanto pessoalmente quanto profissionalmente por causa do risco ao qual a gente se submeteu durante o atendimento dentro dos túneis que estavam em risco de colapso. Tive a oportunidade de estar atuando quando o avião da TAM caiu. Quando a Igreja Renascer desabou em São Paulo eu também estava lá. Mas eu posso dizer que as situações que mais nos sensibilizam são as que envolvem crianças porque se trata de um ser indefeso na sua essência, então isso acaba nos tocando muito.