16/02/2024 às 15h51min - Atualizada em 16/02/2024 às 15h51min

Prefeitura de São Roque nega que escolas municipais estejam sem internet após reclamações

De acordo com a administração, o que acontece é que "até o ano passado o acesso era restrito apenas ao setor administrativo das instituições, iniciativa realizada por meio de um contrato firmado na gestão anterior"

Fotos: Carlos Mello
Após professores de São Roque alegarem que não conseguem usar o diário de classe online que custou R$ 350 mil aos cofres públicos da cidade porque as escolas não têm internet, a Prefeitura informou que todas as escolas municipais contam com sistema de conexão.

De acordo com a administração, o que acontece é que "até o ano passado o acesso era restrito apenas ao setor administrativo das instituições, iniciativa realizada por meio de um contrato firmado na gestão anterior".

Em matéria publicada pelo Portal G1 nesta quarta-feira (14), os profissionais da Educação contam que a situação pela falta de internet é ainda pior na zona rural e nos bairros mais afastados da cidade, como Mailasqui, Do Carmo e Saboó. Já nas unidades da região central, o problema também existe, mas em menor proporção, com reclamações de internet lenta e até ausente.

Com a situação, os professores afirmam que há dois caminhos a seguir: utilizar o próprio pacote de dados na escola ou o Wi-Fi de casa, retardando as anotações e os dados dos estudantes e, ainda, trabalhando sem receber.

Segundo publicação do Portal G1, uma das unidades com problemas é a Escola Municipal de Ensino Fundamental "Professor Tibério Justo da Silva", que fica no Centro. "A internet não tem problemas, ela é inexistente", desabafou uma professora ao G1 sob condição de anonimato. De acordo com ela, o problema se agravou após a pandemia.

A profissional completa, ainda, que poderia usar vídeos e outros recursos online para deixar as aulas mais atrativas, mas não há como fazer com a falta do que considera instrumento de trabalho. "Como ensinar tecnologia sem acesso à internet? Me recuso a utilizar meu pacote de dados", destaca.

A Escola Municipal "Roque Verani", que está localizada na Vila Aguiar, também sofre com a situação, conforme alegam os professores. "No ano passado, não havia diário para registrar as atividades, para registrar o conteúdo. E aí, esse ano, retomamos com a questão do diário", afirma uma professora da unidade.

Ainda conforme os profissionais, os problemas se reproduzem nas escolas Tibério Justo da Silva, Iracema Villaça e Tetsu Chinone, todas ligadas ao município.

Há situações em que os professores alegam que as unidades de ensino são-roquenses foram obrigadas a comprar cadernetas de papel, do modelo antigo, com verba da Associação de Pais e Mestres (APM).

"Tem diário digital adquirido em 2023 sem uso devido à falta de internet. As escolas solicitaram a compra do diário de papel e, segundo a minha coordenadora, a resposta do departamento foi para o diretor comprar com dinheiro de APM [doação voluntária, porque, devido a ter adquirido o eletrônico, não poderia gastar recurso para comprar novamente", diz outra professora.

O problema da internet também estaria prejudicando os laboratórios de informática. Em um deles, conforme uma docente, não há internet há pelo menos sete meses.

Compra de mais de R$ 1,7 milhão
Para acessar o diário de classe online, os professores devem acessar o site da Prefeitura de São Roque. No endereço eletrônico há o nome de uma empresa que é especializada na área da Educação, a Cetil Educação.

Através de um documento da Câmara de São Roque, o G1 localizou um processo de compra de software com outra empresa, em 2022, com homologação no valor de R$ 1.720.000.

Naquele mesmo ano, a Prefeitura de São Roque empenhou para a empresa Governança Brasil, que venceu o contrato de R$ 997.335. O valor liquidado foi de R$ 1.813.804. O contrato era de 12 meses, com possibilidade de prorrogação por 48 meses.

O edital dizia que o software deveria gerenciar diversos módulos dentro da administração, que inclui o "Módulo Gestão Escolar e Biblioteca". Somente este teria custo mensal de R$ 29 mil por mês ou mais de R$ 350 mil por ano.

Outro problema apontado é a compra de notebooks para as unidades escolares, mesmo as que teriam problemas de conexão com a internet. Em um dos lotes localizados pelo portal, foi homologada a compra de 750 unidades a R$ 1.685, com valor total de R$ 1,2 milhão.

O que diz a Prefeitura Municipal
Sendo assim, o Jornal da Economia questionou a Prefeitura de São Roque sobre o assunto e, em resposta, o governo são-roquense esclareceu, através do seu Departamento de Informática, que está buscando levar mais tecnologia às escolas e negou que as unidades estejam sem internet. Veja o posicionamento a seguir.

“O Departamento agora está ampliando o acesso à Internet nas instituições, disponibilizando o acesso em 100% da área das unidades escolares, incluindo salas de aula (via Wi-Fi), para profissionais da rede e também professores.

O serviço de implantação do novo sistema, que levará internet dedicada (de maior estabilidade e mais rápida) a toda rede escolar já está em ampla implementação e até o final de fevereiro estará presente em todas as escolas.

Importante ressaltar que durante o processo nenhuma unidade de ensino ficará sem Internet, pois a migração para a nova empresa de internet já ocorreu no final do ano passado, para que todas as escolas começassem o ano com o acesso à internet em seus setores administrativos (como nos anos anteriores).

Deste modo, o que está em andamento neste momento é apenas a ampliação do sinal de rede para novos pontos de acesso das escolas (implementação inédita na rede de ensino municipal).

Os trâmites sobre a nova internet nas escolas e prédios públicos estão devidamente divulgados no portal da Transparência.

O novo contrato que prevê a implantação da internet, prédios públicos e diversos pontos da cidade, através do programa Wi-Fi Para Todos, que já leva internet Gratuita para a Praça da Matriz, Praça da República, Biblioteca Municipal, Recanto da Cascata e Praça do Carmo, futuramente chegará a novos pontos.

Sistema complexo e que muda todo o acesso à internet na cidade e cujo faturamento de cada tipo de serviço somente será faturado pela prestadora após a finalização de cada implantação. Sendo assim, a ampliação da internet nas escolas somente será faturada após a devida instalação em todas as escolas.

Ainda sobre o processo de implantação da ampliação da internet nas instituições de ensino, ele está sendo acompanhado pelo Departamento de Informática em parceria com o Departamento de Educação, num processo que visa não só fiscalizar a implementação do novo sistema, mas o devido treinamento dos profissionais da rede de ensino, seja para a devida utilização de seus logins e senhas individuais e no manuseio dos equipamentos apropriados, já que prefeitura disponibilizou 840 chromebooks aos professores da rede municipal.

Sobre a Cetil Educação: é importante esclarecer que a Governança Brasil é única companhia contratada pela administração municipal, sendo a vencedora da licitação para a adequação ao SIAFIC e que tem os direitos de comercialização, implantação e suporte do produto Cetil Educação”, informou a Prefeitura.

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