30/01/2024 às 14h05min - Atualizada em 30/01/2024 às 14h05min
Quem estaria disposto a examinar a situação da educação financeira no Brasil, especialmente entre aqueles endividados?
Foto: Freepik Por Simone Teodoro e Cleidson Martins
Observemos alguns dados preocupantes: "Brasil bate recorde de endividados" (G1, 2023), "Endividamento atinge maior nível em 12 anos" (G1, 2022), "Endividamento chega ao recorde de 71,4%" (Agência Brasil, 2022). E, ao mesmo tempo, em 2024, surge a notícia de que o "Projeto Inclui Educação Financeira no ensino básico nas escolas" (Agência Senado, 2024).
Os resultados mais recentes do PISA indicam que a educação básica no Brasil enfrenta desafios crescentes em matemática, ciências e leitura. No ranking mundial do PISA, o Brasil figura abaixo da média da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). No âmbito da educação matemática, estamos atrás de países como Arábia Saudita, Costa Rica e Colômbia.
A situação da educação matemática torna-se alarmante a cada novo resultado divulgado. No entanto, a gravidade se manifesta de maneira ainda mais evidente nos índices de endividamento brasileiro, o que nos leva a refletir sobre a importância urgente da educação financeira. Pode-se questionar: qual a relação entre esses dois temas? A resposta é simples!
Ao analisar as avaliações externas, teoricamente percebemos o analfabetismo matemático entre os estudantes da educação básica. Por outro lado, o cenário social revela, por meio do comportamento financeiro das famílias brasileiras, dificuldades nas habilidades matemáticas que podem resultar em má administração de orçamentos. Isso inclui a aplicação de conceitos percentuais para gerenciar o rendimento mensal, controlando o uso do dinheiro para finalidades específicas e evitando endividamentos.
Nesse contexto, a Educação Financeira chegará tardiamente às escolas, destacando ainda mais a importância do Projeto de Lei 5.950/2023, apresentado pelo Senador Izalci Lucas - DF. O senador argumenta que ao ensinar educação financeira desde cedo, combateremos a falta de conhecimento e o endividamento, evitando que muitas pessoas enfrentem dificuldades financeiras por não terem recebido uma educação adequada sobre o assunto.
A aprovação do Projeto exigirá uma alteração na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996, possibilitando mudanças curriculares por meio de temas transversais, integrando o conhecimento sobre a área na formação dos estudantes. A ideia é que eles cheguem à fase adulta com habilidades como poupar, investir, planejar, gerenciar e administrar finanças, evitando gastos excessivos e, por conseguinte, o endividamento.
O Projeto será analisado pela Comissão de Educação e Cultura (CE). Para além do debate sobre a má alfabetização em matemática, um tema pouco explorado pelas pesquisas educacionais, chegamos às manchetes que expressam a realidade dos brasileiros sem educação financeira. Diante disso, este texto reforça a importância dada ao assunto da educação, que ainda não se integrou completamente na formação básica dos jovens do Brasil. A educação financeira deve se tornar uma pauta pedagógica, sem dúvida!
Simone Teodoro é formada em Pedagogia, com pós-graduação em Alfabetização e Letramento, Gestão de Educação Municipal e Gestão Escolar. Possui ampla experiência em Gestão de Educação Básica, ocupando cargos como Coordenação Pedagógica, Supervisão de Ensino, Superintendente de Educação e Secretária de Educação, Esportes e Cultura. Além de sua atuação como Professora de Educação Básica, Simone é Gestora de Pós-Graduação da Faculdade UNINA e trabalha com Assessorias e Consultorias Educacionais para editoras, escolas privadas e públicas. Sua expertise inclui a elaboração de materiais didáticos, cursos de formação para profissionais da educação, palestras e projetos. Atualmente, Simone Teodoro integra o grupo MLG Master em Liderança e Gestão Pública da Rede CLP Centro de Liderança Pública.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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