22/11/2023 às 12h47min - Atualizada em 22/11/2023 às 12h47min

Tentativas de fraude de pagamento durante na Black Friday aumentam 36%

Perita especializada em fraudes alerta para que as pessoas evitem passar dados pessoais, como o CPF, para não cair em golpes

Foto: Freepik
O final de ano é sempre de muito movimento para o e-commerce, já que inclui períodos importantes para o varejo como a Black Friday e o Natal. Com diversos dados pessoais e bancários sendo compartilhados, essas datas também ficam marcadas pelas ocorrências de diversas tentativas de fraudes, incluindo vazamento de dados pessoais. 
 

Segundo o estudo Relatório Varejo 2023, as tentativas de fraude de pagamento durante a Black Friday aumentaram 36% em 2022. No mesmo período, os ataques cibernéticos ou vazamentos de dados aumentaram 22% e as perdas com transações fraudulentas e estornos foram 51% maiores.
 

De acordo com Beatriz Catto, perita especializada em fraudes de assinaturas e documentos físicos e digitais, existe uma cultura muito forte entre os brasileiros de compartilhamento de dados pessoais, como o CPF, por exemplo, para conseguir descontos e participar de promoções especiais. Algo que é bastante perigoso e que aumenta muito nesta época do ano. 
 

“As pessoas passam o CPF, RG e até dados bancários para participarem de sorteios, por exemplo, mas não pensam que isso pode colocá-las em risco”, afirma Beatriz.
 

Para a perita, essa cultura brasileira do compartilhamento de dados precisa ser encarada com mais cautela. Pesquisas mostram, inclusive, que a preocupação das pessoas com essa questão diminuiu.
 

Pesquisa realizada pela Open Finance Brasil apontou que, em 2021, 45,8% das pessoas se mostraram preocupadas em como tais informações seriam utilizadas. Em 2023, esse percentual caiu para 34%.
 

O dado é preocupante, pois, levantamento realizado pela Tenable, empresa americana especializada em gerenciamento de exposição cibernética, apontou que 984,7 milhões de dados foram vazados no Brasil, em 2022.
 

Os vazamentos mais comuns ocorrem quando hackers atacam os sistemas de grandes empresas, como operadoras de telefonia e bases governamentais, como a Receita Federal. Isso criou um mercado ilegal de venda de dados, que permite aos criminosos acessar informações bancárias e documentos.
 

Em setembro de 2020, entrou em vigor a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD - nº 13709), que regula as atividades de tratamento de dados pessoais por parte das corporações e busca oferecer mais segurança. A perita ressalta, no entanto, que nem todas as empresas têm esse cuidado com as informações cedidas pelos consumidores.
 

“É possível, com a LGPD, pedir a exclusão dos dados do banco de cadastro. O consumidor tem esse direito. Mas, em geral, podemos dar um passo atrás e pensar: para quem vou fornecer esse dado? Preciso mesmo passar tantas informações para qualquer empresa? Com isso em mente, é possível ter mais segurança com os nossos dados”, alerta Beatriz.
 

Cuidados com a Black Friday
 

Neste período do ano, os consumidores se animam com as promoções e saem em busca das melhores ofertas para adquirir seus sonhados produtos. Durante a procura, muitas vezes, eles não observam com atenção o site que estão clicando e podem cair em armadilhas.
 

De acordo com a perita, muitos criminosos intensificam suas ações no final do ano e patrocinam nas redes sociais e no próprio Google links falsos com ofertas imperdíveis, atraindo a atenção dos consumidores. 

“Muitos oportunistas aproveitam a ocasião e, se a pessoa não observa os detalhes como nome correto da loja, dados do PIXs ou mesmo do boleto para pagamento,  por exemplo, acaba comprando em sites falsos e nunca recebe os produtos adquiridos”, alerta.
 

A melhor alternativa, explica a perita, é o consumidor digitar o endereço da loja e observar com cautela as características do site, como o nome do comércio, por exemplo. “E sempre desconfie. Se um artigo custava, por exemplo, R$ 1 mil e aparece por R$ 200, precisamos desconfiar, pois é pouco provável  um desconto tão grande como este”, afirma.
 

Encomenda chegou, post nas redes sociais
 

A exposição constante da vida nas redes sociais virou algo comum. Há quem costume mostrar aos seguidores os produtos comprados em lojas digitais ou, então, os presentes recebidos. Porém, ainda que gere engajamento, essa atitude também oferece riscos.
 

“Nesses vídeos ou fotos, podem aparecer os dados pessoais marcados nas caixas de envio, como o endereço e nome completo. Não sabemos como funciona a mente dos criminosos, então, é indicado não expor essas informações, pois elas podem ser usadas para golpes. Parece besteira, mas, na realidade, não é. Todo o cuidado é pouco”, ressalta a perita.
 

Mostrar documentos em que constam informações pessoais, como um diploma, por exemplo, também não é aconselhado. "Há informações nos documentos que, aliadas à uma simples busca no Google pelo nome completo e endereço de uma pessoa, que permitem que os criminosos façam empréstimos bancários e falsifiquem assinaturas, o que causa grandes problemas”, esclarece.
 

No caso de compras virtuais, a perita ainda explica que deixar as informações salvas, como dados do cartão de crédito, pode ser perigoso. Para evitar cair em golpes, é indicado ter um bom antivírus no computador e no celular para barrar o ataque de hackers. “Hoje em dia, toda a proteção é necessária para não ficarmos expostos aos criminosos”, conclui.

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