13/02/2015 às 08h37min - Atualizada em 13/02/2015 às 08h37min

Ciclista Matheus Nunes conta sobre sua expedição de bicicleta ao Uruguai

Da Redação: Lucas Caparelli - Fotos: Divulgação
Da Redação: Lucas Caparelli - Fotos: Divulgação

O Jornal da Economia entrevistou o ciclista são-roquense Matheus Nunes de Oliveira, que fez uma expedição de bicicleta até o Uruguai, para saber mais de como foi essa experiência. Confira:

JE – Como surgiu a idéia dessa viagem de bicicleta até o Uruguai?

Matheus: Há alguns meses atrás eu pesava 120kg. Eu emagreci 40kg em apenas seis meses. Então como eu sempre estive ligado a ações sociais, eu quis dar divulgação, com o apoio do Jornal da Economia, eu consegui isso. Eu queria chamar a atenção da população e passar a mensagem de que é possível emagrecer, é possível ter uma vida saudável, com esporte e uma boa alimentação. Então veio a idéia da viagem, que serviu justamente para passar esta mensagem.

JE – Como você se preparou para tudo isso?

Matheus: Eu era atleta. Em 2007 eu fui vice-campeão de ciclismo em Santos. Em 2009 eu fui campeão de mountain bike aqui em São Roque. Depois eu parei e coloquei o estudo em primeiro lugar. Acabei engordando. Quando eu emagreci, eu retomei com o ciclismo, comecei a caminhar e depois progredi para uma corrida. Também fiz um ou dois meses de natação. Isso foi suficiente para me ajudar a emagrecer, além da alimentação. Antes da viagem fiz treinos físicos na bicicleta. Durante a viagem não foi algo muito difícil, pois eu fazia cerca de 80 km por dia e em geral era em terreno plano.

JE – Como você traçou a sua rota?

Matheus: Eu saí de São Roque, fui para Piedade, de lá eu desci a serra e fui sentido Curitiba. Eu desci uma serra antes de chegar em Curitiba, que é a Serra Imperial da Graciosa, uma linda estrada feita de paralelepípedos . Aí eu cheguei ao litoral e fui descendo para Balneário Camburiú, Florianópolis. Então eu decidi ir pela antiga rodovia do inferno, que era de areia e agora está asfaltada, foram 280 km nessa estrada. Na verdade a média foi de 80 km, mas houveram alguns dias que foram excepcionais com marcas de 115, 126 e 167 km, além da pedalada mais longa da minha vida, que foram 226 km em 8h e 37min em movimento e 11h no total do trajeto. Isso aconteceu porque nesse trecho não havia nenhuma cidade em que eu pudesse parar.

JE – A viagem correspondeu às suas expectativas? O que você esperava encontrar?

Matheus: Todas as minhas expectativas da viagem foram alcançadas. Eu não fiquei em hotéis nem em pousadas, eu tive contato com as pessoas e com a cultura de cada um. Eu me abriguei em casas, Corpo de Bombeiro, Polícia, escola, dormi também embaixo de uma mesa sinuca, dormi em um vestiário de um ginásio de esportes. Foi muito interessante essa vivência pessoal, pois com esse contato eu pude passar mais a minha mensagem. Eu encontrei uma variedade de pessoas, não tem como descrever a sensação que eu tenho hoje depois de ter vivido tudo isso. Cada cidade, uma pessoa diferente. Eu falava em média com 50 pessoas por dia. A cultura eu presenciei desde o momento em que eu saí da cidade de São Roque e fui descendo pelo Sul do Brasil. E quando eu cheguei ao Uruguai foi outro impacto diferente, a começar pela língua. Foi fantástico.

JE – Quais foram as dificuldades que você encontrou ao longo do caminho?

Matheus: Eu saí preparado para enfrentar de tudo. Eu não levei barraca, levei apenas um saco de dormir. Eu não dormi na rua, nem debaixo de ponte. Não tive problemas mecânicos que me causassem um grande prejuízo. Na verdade eu só tive um problema mecânico durante os 42 dias de viagem, que foi o dia em que eu tive que trocar a câmara do pneu, que aconteceu justamente num dos dias mais longos da viagem, que já começou com 1 hora de atraso por causa desse problema. Depois disso o asfalto piorou, com muitos buracos. E ainda para completar ventava forte e começou a chover. Esse foi um dos dias mais difíceis, mas não foi nada desanimador. Não tive dores físicas. Todos os dias que eu acordava eu estava preparado para pedalar. Outro problema foi que quando eu cheguei ao Uruguai, na divisa com o Brasil, eu estava emocionado, até brinquei na fronteira que era apenas uma rua com uma divisória no meio e fui para a Reserva de Santa Tereza, mas eu perdi todas as fotos e filmagens desses momentos, que vão ficar para sempre na minha memória.

JE – Como você se sentiu quando alcançou o seu objetivo?

Matheus: Até hoje eu não consigo descrever a sensação de estar cruzando a fronteira de bicicleta. Eu acho que para qualquer pessoa que vá fazer uma viagem, seja de bicicleta, de carro ou de moto, atravessar a fronteira de um país já é uma grande emoção. Avião e ônibus são diferentes. Mas a sensação de chegar lá é indescritível.

JE – E como foi o caminho de volta até o Brasil, até a cidade de São Roque?

Matheus: Eu retornei porque as aulas da minha faculdade de Direito retornariam. Eu saí de Colonia Del Sacramento e fui de barco até Buenos Aires, onde a cultura já era bem diferente. Depois eu peguei um ônibus até Foz do Iguaçu, onde eu conheci as Cataratas e o Parque das Aves. São lugares fantásticos e que devem ser conhecidos.

JE – Qual a mensagem que você tem para os nossos leitores?

Matheus: Se a pessoa tem a possibilidade de conhecer lugares diferentes ou outros países, vá. Não é necessário ter muito dinheiro, as pessoas que você tem ao seu lado são os maiores bens que você vai ter. Elas que vão te apoiar e vão te levar até onde você quiser. Durante a viagem eu descobri uma coisa, o ser humano pode conseguir tudo o que ele quiser desde que ele coloque em prática e queira realizar seus objetivos. 

Você pode conferir um pouco mais da entrevista no vídeo realizado pelo JE:


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