29/09/2023 às 17h47min - Atualizada em 29/09/2023 às 17h47min

CPFL cortou árvores através de projeto em parceria com a Prefeitura

Segundo o governo municipal, a iniciativa do programa ocorreu para a “substituição de 14 árvores que estavam com a saúde comprometida ou que ofereciam riscos à rede elétrica ou ao entorno”

Árvores cortadas pela CPFL em parceria com a Prefeitura foram levadas para um terreno do município (Fotos: Luís Guilherme Campos de Oliveira)
O Jornal da Economia apresentou na semana passada uma matéria de capa na qual destacou reclamações de populares sobre o corte de diversas árvores nas Ruas Santa Quitéria, Amador Bueno e Barão de Piratininga em São Roque. Na ocasião, erramos ao informar que o corte das árvores foi realizado pela Prefeitura da Estância Turística de São Roque através de empresa contratada, o que não é verdade.

O corte das árvores foi uma ação da CPFL em parceria com a Prefeitura que autorizou o serviço através do Projeto de Arborização Mais Segura. Essa informação foi citada corretamente no corpo da matéria em nossa reportagem na ocasião.

O Jornal da Economia pede desculpas pelo erro com a falta dessa informação na manchete da matéria anterior e que corrigimos nesta edição.

Salientamos aqui que em nenhum momento tivemos a intenção de “publicar uma notícia falsa”, como afirmou o departamento jurídico da prefeitura num documento enviado para a nossa redação pedindo uma retratação. Confira o documento na galeria abaixo.





O fato é que recebemos a denúncia na manhã de quinta-feira, dia 21 de setembro (Dia da Árvore) do corte das árvores que ocorreram nos dias anteriores na cidade de São Roque (cortes realizados na Semana da Árvore)  e muita gente questionou “por quê a prefeitura” estava fazendo isso.

O engenheiro e empresário Luís Guilherme Campos de Oliveira enviou ao Jornal da Economia imagens das árvores cortadas pela CPFL e que foram removidas para um terreno da Prefeitura da Estância Turística de São Roque, localizado no Jardim Villaça.

“Agora mesmo tem máquinas aqui triturando as árvores para não deixar vestígio”, comentou Luís Guilherme.



Nesta  semana voltamos a questionar a Prefeitura de São Roque e a CPFL sobre o corte das árvores, assunto que também recebeu muitas críticas e comentários nas redes sociais e, em resposta, a administração são-roquense informou que a última iniciativa do programa ocorreu na semana passada, para a “substituição de 14 árvores que estavam com a saúde comprometida ou que ofereciam riscos à rede elétrica ou ao entorno”.

A Prefeitura alegou que os espécimes encontram-se em diferentes pontos da cidade e foram previamente identificados e sinalizados pela empresa responsável, mediante um estudo na região, sendo posteriormente removidos por profissionais capacitados da CPFL.

O governo ainda diz que, com a retirada, as árvores serão futuramente substituídas por novas espécies, adaptadas ao perímetro urbano. “A Prefeitura de São Roque avalia neste momento quais espécimes são adequados para serem plantados nos locais, a fim de evitar problemas futuros com a fiação. Além disso, está desenvolvendo um cronograma para esse plantio”, finalizou.

Já a CPFL enviou à redação uma nota contendo todos os detalhes do programa e informações sobre a parceria com o governo são-roquense. Confira na íntegra a seguir.

“A CPFL Piratininga esclarece que o Projeto de Arborização Mais Segura é realizado na cidade em parceria com a Prefeitura Municipal de São Roque. Por meio do programa, são identificadas árvores de espécies, portes e estados fitossanitários inadequados presentes sob a rede elétrica municipal e realizada a substituição por outras espécies mais adequadas. Desta forma, é possível prevenir danos, acidentes e interrupções de energia, mitigando riscos e garantindo maior segurança à população.

A distribuidora ressalta que disponibiliza espécies adequadas e as equipes técnicas do poder público municipal direcionam o planejamento e implementação. As mudas são escolhidas a partir de espécies de menor porte, como: Araçá, Aroeira Salsa, Chal-chal, Ipê-branco, Ipê-amarelo, Pitangueira, Quaresmeira, Cambuí, Chá-de-bugre, Goiabeira, Guabiroba, Guabiju, Manacá-da-Serra, Extremosa, Escova-de-garrafa, Cereja-do-rio grande e Caroba. Para espécies de grande porte, são escolhidas áreas afastadas da rede de energia elétrica. Importante destacar também que a quantidade de mudas plantadas é sempre superior ao número de árvores substituídas.

Além desse trabalho, a CPFL e as prefeituras também desenvolvem ações de educação ambiental nas escolas municipais, contribuindo para ampliar o conhecimento sobre o tema entre os jovens estudantes e professores. Desde a sua criação, em 2015, até dezembro de 2022, o Programa, incluindo todas as distribuidoras do Grupo CPFL Energia, já atendeu 107 municípios, cujas árvores substituídas somam 8.434, com a doação e plantio de mais de 50 mil mudas.

Neste ano, o Programa Arborização + Segura completa oito anos e teve seu investimento renovado permitindo a ampliação das cidades atendidas. Em 2023, as ações ambientais receberam aporte de R$ 1,4 milhão para contemplar os municípios das áreas de concessão da CPFL Paulista, CPFL Piratininga e CPFL Santa Cruz.

Salto, Araçariguama, Vinhedo e Itupeva são alguns dos munícipios atendidos pela CPFL Piratininga que foram contemplados pelo Programa neste ano. Ao todo, já foram mais de 155 árvores suprimidas e mais de 3 mil novas mudas plantadas. Em São Roque, o projeto, que teve início em maio, irá substituir as espécies que oferecem possíveis riscos à rede elétrica da cidade”.



JE ouviu mais moradores
Nesta quinta-feira, dia 28, a nossa reportagem voltou nas ruas Barão de Piratininga, Amador Bueno e na Santa Quitéria para conversar com algumas pessoas.

“Há uns 20 dias veio uma moça da prefeitura, tirou umas fotos e foi embora. Depois colocaram a plaquinha nas árvores que a CPFL iria cortar e depois substituir. Será que irão substituir mesmo? Porque a gente vê derrubar tantas por aí e ninguém substitui”, disse o funcionário de uma empresa da Rua Barão de Piratininga.

Na Rua Amador Bueno conversamos com a comerciante Tania Fonseca, e ela disse que viu o aviso da CPFL na árvore. “Achamos que eles iriam só podar, até porque a copa da árvore não estava carunchada, não tinha bicho. Fiquei surpresa pelo fato de cortarem toda a árvore e acho que não havia necessidade. Aparentemente todas as árvores estavam boas, a copa da árvore estava atrapalhando a passagem dos caminhões, mas uma poda resolveria o problema e não o corte total da árvore como fizeram”, afirmou a empresária.

Na Rua Santa Quitéria, onde foram cortadas outras árvores, conversamos com um trabalhador que se disse indiferente quanto aos cortes. “As árvores estavam grandes e daí resolveram cortar. Pra mim é indiferente, as pessoas reclamam muito”, comentou o homem.

Engenheiro agrônomo comenta o caso
O engenheiro agrônomo Iran Goes Junior, que de 1998 a 2005 foi responsável técnico por podas de árvores junto à Prefeitura de São Roque, também falou sobre o assunto. Segundo o profissional, toda companhia de energia tem a obrigação de isolar a rede elétrica na área urbana até o ano de 2024, de forma que nenhuma árvore precise ser removida com a justificativa de oferecer riscos à rede.

“Eu já acompanhei essas mesmas árvores lá no início dos anos 2000. Na época o pessoal questionou sobre as condições, mas constatamos que elas estavam boas e se elas não tinham caído até hoje, é porque continuavam boas. Não que tenha que esperar cair, mas era questão de poda”, ressaltou Junior.

Ainda segundo ele, para fazer uma remoção de árvore tem que ter todo um parâmetro técnico, com avaliação de engenheiro agrônomo e um laudo expedido pela prefeitura. “Não temos visto essa arborização urbana [na cidade]. Estão plantando árvores de jardim e isso aí não conta como reposição florestal”, disse o engenheiro.

O JE ainda questionou o profissional com relação à imagem na qual as árvores cortadas aparecem com uma coloração vermelha nos troncos. Segundo ele, essa espécie arbórea é conhecida como Tipuana ou acácia amendoim, possui um tronco lenhoso com madeira densa e ocorre que sua seiva é dessa coloração vermelha.



“Quando ocorre o corte de seu tronco, dá o aspecto semelhante a sangue. Outra curiosidade dessa espécie é de possuir princípios cicatrizantes e anti-inflamatórios”, explicou o especialista.

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