21/10/2022 às 10h45min - Atualizada em 21/10/2022 às 10h46min

Pacientes reclamam da qualidade de serviços prestados pela Santa Casa

Neste mês de outubro, a nossa reportagem recebeu quatro denúncias, sendo elas referentes a três possíveis negligências médicas, e uma de precariedade e falta de água nas dependências do hospital

- Foto: Carlos Mello

Pacientes que utilizam a Santa Casa de São Roque vêm fazendo uma série de reclamações sobre problemas que teriam no hospital em relação ao precário atendimento. Neste mês de outubro, a nossa reportagem recebeu quatro denúncias, sendo elas referentes a três possíveis negligências médicas, e uma de precariedade e falta de água nos corredores da instituição de saúde.

Esses relatos foram apresentados em Sessão Ordinária da Câmara Municipal na última segunda-feira (17), durante a fala do vereador Cabo Jean, que comentou os casos e fez duras críticas ao Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim" (CEJAM), organização social que hoje administra a Santa Casa.

“Isso é o depoimento da população, não é o vereador quem está falando. Como eu já disse, estou cansado de ver ‘puxa-saco aqui’. Estou cansado de ver gente ‘passando a mão na cabeça’ dessa porcaria de empresa, uma organização social que está simplesmente levando R$ 40 milhões dos recursos de impostos nossos para não fazer nada e para quase matar as pessoas. Como foi o caso, que eu não mostrei aqui, de uma criança de 9 anos, que entrou lá na semana retrasada com inúmeros sintomas para serem analisados, mas nada foi feito e, dois dias depois, a criança estava numa UTI, entre a vida e a morte. Ela, que estava com meningite, ficou cinco dias numa UTI por negligência, pois nenhum exame de sangue foi realizado na criança”, disse o parlamentar, após os vídeos das denúncias serem assistidos pelo Legislativo.

Alegações de negligência

As três reclamações, que tratam de possíveis negligências por parte do hospital, foram feitas entre os dias 14 e 15. A primeira é uma munícipe contando que neste mês a sua irmã se dirigiu à Santa Casa após ter sido mordida por uma Jaguatirica (animal silvestre - felino de pequeno a médio porte) e, chegando lá, foi atendida com “total despreparo” da equipe.

“O médico não sabia dar informação nenhuma sobre o caso, só passou uma injeção e falou que a vacina ela tinha que tomar numa segunda-feira, dias depois o ocorrido. Questionei ele, os enfermeiros, aí conversei com o enfermeiro-chefe e ele falou que ia colocar minha irmã na fila do CROSS para ela tomar vacina em Sorocaba, em algum lugar que tivesse. Aí eu disse ‘como assim ocupar uma fila de CROSS, que é uma coisa tão importante, para algo que tem seriedade, mas não é tão grave?’. Aí apareceu um médico de Piedade, fomos até a cidade e ela tomou a vacina, só que fizeram tudo errado, não deram informações certas na Santa Casa, e agora é a gente que corre atrás do prejuízo, porque ela vai ter que tomar soro e a segunda dose dessa vacina antirrábica”, declarou.

O segundo caso é de uma moradora que alegou estar decepcionada com o hospital depois de ter um mal-estar e precisar ser atendida. “Cheguei lá muito ruim, tendo diarreia e vômito. Não conseguia nem ficar sentada, mas passei no médico. Ele nem olhou ou levantou da cadeira para falar comigo. Perguntou sobre meu estado de saúde, aí eu expliquei que estava tendo muita diarreia, tontura e muito vômito, aí ele disse que poderia ser uma virose, bactéria ou labirintite e mandou eu tomar um Decadron e um Plasil. Acabou o soro, não tive retorno com o médico, me tiraram de lá, puseram na recepção e disseram que eu já estava pronta para ir para casa e eu não aguentava nem ficar em pé. Saí pior do que entrei”, reclamou ela.

Já a terceira se trata da irmã de uma munícipe que, por uma possível negligência, teve sua apendicite descoberta de forma tardia, o que teria gerado complicações para a paciente. “A minha irmã ficou há sete dias indo e voltando da Santa Casa, porque ela estava com muita dor na barriga, vomitando e com febre. Chegava lá, diziam que era infecção urinária, mas ela estava com a apendicite estourada esse tempo todo. Aí ela não aguentou mais, então levamos para Mairinque e ela foi transferida para Sorocaba. A menina estava com a sujeira todinha dentro do abdômen, teve que fazer uma cirurgia de emergência, abriu de fora a fora por negligência da Santa Casa. Ela foi quatro vezes ao hospital e passaram um monte de remédios para a minha irmã para tratar infecção na urina, sendo que ela estava há dias com a apendicite estourada. Foi Deus mesmo, porque minha irmã chegou a vomitar sangue”, disse a mulher.

Precariedade e falta de água nos filtros

No sábado (08), uma mulher que estava na maternidade da Santa Casa utilizou a câmera do celular para registrar imagens que mostravam a falta de água nos filtros do hospital e a precariedade de portas e janelas, que se encontravam quebradas e enferrujadas.

“Vou pegar água aqui no filtro da Santa Casa e não sai nada mais do que pingos. Não é possível não ter água num hospital, estou aqui na maternidade, se eu quiser pegar dentro da enfermaria as meninas deixam, mas aqui no corredor não tem. É meio estranho! E outra coisa é a mãezinha entrar no banheiro e não conseguir sair, se não tiver alguém prestando atenção. Olha como está a situação das janelas e portas. Tudo abandonado, enferrujado”, disse a munícipe.

O Jornal da Economia questionou o Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim" - CEJAM e a Prefeitura de São Roque sobre as reclamações e, em resposta, o CEJAM afirmou que lamenta o ocorrido e esclarece já ter reforçado às equipes médica, de enfermagem e administrativa da Santa Casa de São Roque sobre os protocolos institucionais, de assistência e humanização no atendimento à população.

A organização social informou ainda que, em cumprimento às normas da Anvisa, realizou entre os dias 5 e 11 de outubro a limpeza das caixas d’água da unidade, ocasionando, em alguns pontos de água, a entrada de ar na tubulação. Como forma de contingência, durante o período, foram fornecidas garrafas de água mineral aos pacientes e colaboradores. Segundo ela, a limpeza é realizada semestralmente para garantir a qualidade da água da unidade, conforme Resolução - RDC 63/2011, art 39.

“O CEJAM ressalta também que, desde o início de suas atividades na Santa Casa, em fevereiro de 2022, tem atuado fortemente em reparos estruturais, hidráulicos e elétricos, além de já ter substituído mobílias e realizado reformas em 63% dos quartos da unidade. A Instituição segue priorizando a qualidade, o conforto, a segurança e as boas práticas assistenciais e permanece à disposição para quaisquer esclarecimentos”, finalizou a administração do hospital.


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