20/08/2020 às 14h46min - Atualizada em 20/08/2020 às 14h46min

Notícias falsas já mataram 800 pessoas durante a pandemia. Especialista alerta para perigos

Texto: Lincoln Guilherme Copceski Foto: Pexels

É comum ouvir dizer que estamos vivendo, além da pandemia da Covid-19, uma epidemia de notícias falsas. Uma pesquisa publicada no American Journal of Tropical Medicine and Hygiene prova que isso não é apenas uma expressão: mais de 5,7 mil pessoas deram entrada em hospitais e pelo menos 800 pessoas morreram por acreditar em fake news que supostamente traziam métodos preventivos contra o coronavírus.

 

O estudo analisou mais de dois mil boatos e teorias conspiratórias que surgiram recentemente, em 81 países. Um quarto dessas notícias falsas era baseado na Covid-19, e 21% tratavam sobre métodos preventivos ou até a cura para a doença.

 

Das 800 pessoas que morreram, boa parte ingeriu metanol (álcool metílico) ou produtos de limpeza, acreditando que estas soluções químicas perigosíssimas para o corpo humano seriam capazes de eliminar o coronavírus do organismo.

 

A Organização Mundial da Saúde está em alerta constante para estes perigos. A OMS até nomeou o fenômeno como “infodemia”, e o descreve como “uma superabundância de informações - algumas precisas e outras não - que dificultam que as pessoas encontrem fontes e orientações confiáveis quando precisam delas”.

 

A OMS também vem pedindo ajuda dos cientistas de todo o mundo para ajudar no combate aos perigos da infodemia. É importante lembrar que as principais fontes de informação confiável sobre a Covid-19 são os portais oficiais da OMS e as revistas científicas com credibilidade notória.

 

Por isso, ao receber alguma informação nas redes sociais, é sempre importante checar se ela vem de uma fonte confiável e fazer uma pesquisa na internet para se aprofundar no assunto, cuidando para não espalhar boatos.

 

No Brasil, as autoridades estão trabalhando para combater os disseminadores de notícias falsas. É difícil entender qual a motivação das pessoas que criam os boatos, mas o perigo é real. Logo no início da pandemia, a Polícia Civil de Curitiba autuou um jovem influenciador digital, que criava vídeos incentivando o consumo de cal virgem para combater o vírus.

 

A psicóloga Sofia Vargas, em coluna no GUIADEBEMESTAR, alerta para outro perigo que a infodemia pode trazer para a mente humana: “As notícias falsas sobre prevenção contra o vírus podem provocar uma falsa sensação de segurança, fazendo com que as pessoas relaxem as medidas de prevenção que são comprovadamente eficazes. Assim, mesmo que uma fake news não seja letal, como no caso das que provocaram a ingestão de álcool metílico, ela pode ser uma catalisadora do contágio do coronavírus”.

 

Vargas ainda ressalta que o momento é propício para elevar o perigo das notícias falsas. Em uma época tão cheia de incertezas e medos, como a que estamos vivendo, o nosso cérebro tende a se apegar a soluções fáceis para a resolução dos problemas, justamente procurando o sentimento de segurança.

 

 


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