19/05/2020 às 09h33min - Atualizada em 19/05/2020 às 09h33min

Futebol brasileiro em crise econômica após a pandemia de COVID-19?

Assessoria de Imprensa Foto: Pixabay

 

            A pandemia da COVID-19 colocou diversos setores em todo o mundo em alerta financeiro. Enquanto alguns segmentos encontraram alternativas práticas, como foi o caso do ramo da alimentação, com a possibilidade de fazer take away e delivery, outros se viram com pés e mãos atadas. Caso da maioria das atividades relacionadas ao entretenimento.

 

            Cinemas, teatros e cassinos em todo o mundo viram seu faturamento baixar drasticamente, em alguns casos chegando ao 100% de prejuízo. Os esportes também não escaparam dessa derrocada econômica, inclusive o Futebol, modalidade que movimenta bilhões de Reais em todo o planeta todos os anos.

 

            Atualmente, com o parcial controle do coronavírus na Europa, algumas ligas europeias já começam a retomar a normalidade. A bola está rolando na Alemanha, por exemplo, cujo campeonato principal, a Bundesliga, voltou no dia 16 de maio, com portões fechados e com o máximo possível de distanciamento entre atletas.

 

            Outros torneios europeus já retomaram os treinamentos, devendo voltar entre junho e julho de 2020, enquanto alguns apontaram retorno apenas para agosto. Apesar disso, no Velho Continente o cenário se mostra promissor para o esporte. O que, infelizmente, é o oposto do que se vê no Brasil.

 

Futebol nacional vive sua pior crise econômica

 

            O Brasil se tornou o novo epicentro da doença no mundo, o que, em termos sanitários e práticos, impossibilita o retorno imediato do Futebol, parado desde março. A situação agrava uma crise financeira que já estava instalada no esporte nacional há muitos anos, mas que parecia se encaminhar para um cenário mais positivo em 2019.

 

            A partir da sanção da Lei 13.756/2018 os clubes brasileiros ganharam a permissão de serem patrocinados por casas de apostas online. Até o fim da temporada 2019 do esporte, mais de duas dezenas de clubes estampavam patrocínios de sites do gênero, o que rendeu a essas equipes bons contratos financeiros e também visibilidade internacional.

 

            Diante do cenário iminente de legalização das apostas esportivas no país, criou-se uma expectativa de em 2020 haveria maior investimento estrangeiro em clubes brasileiros. O Projeto de Lei do Clube-empresa estava em vias de ser implementado, o que viabilizaria um cenário comum na Europa, que é a compra de equipes por parte de investidores bilionários. Por outro lado, o projeto também facilitaria a negociação e o pagamento das dívidas atuais desses clubes junto à União, dando fôlego aos times e permitindo maiores e melhores contratações para os plantéis.

 

O surgimento da COVID-19 não só desacelerou a recuperação econômica do Futebol nacional como colocou um ponto de interrogação sobre o que acontecerá com o esporte. Mesmo equipes gigantes da primeira divisão, como São Paulo ou Flamengo, não sabem dizer como resistirão se a parada nos campeonatos seguir até o fim do ano.

 

A Copa Libertadores da América, por exemplo, não volta pelo menos até setembro de 2020, visto que a Argentina já declarou não retomar seu futebol até lá. A CBF, por outro lado, se mostra incerta a respeito de quando e de como retomar as competições nacionais, em um calendário enxuto e apertado como o que se apresenta.

 

Clubes sem divisão já reclamaram com a CBF, inclusive, pedindo socorro, pois alertam para a iminente possibilidade de irem à falência. Dezenas estão demitindo funcionários e atletas para tentar conter gastos, visto que não recebem receitas de televisão, de competições e de ingressos.

 

Ao mesmo tempo, ainda que as competições todas pudessem retornar agora, aos moldes do que ocorre na Europa, a presença dos torcedores nos estádios seria improvável. O espetáculos das torcidas parece ser algo do passado, não apenas porque os jogos ocorrerão com portões fechados, mas também porque os clubes não possuem dinheiro em caixa para auxiliarem suas torcidas organizadas.

 

Venda de jogadores e adaptação ao calendário europeu: perspectivas futuras

 

            O cenário, ainda que crítico e preocupante, não é definitivo. Clubes pedem apoio aos torcedores, ainda que os quadros de sócios estejam em queda. Empréstimos à banca estão sendo considerados, assim como enxugar elencos. Ou seja: vendas de jogadores para a Europa, principalmente, aparecem como uma opção imediata.

 

            Isso, claro, colocaria o Futebol nacional na contramão do que se viu em 2019: a retenção de talentos da base e a contratação de nomes consagrados e de alto nível de fora. Porém seria um passo atrás que auxiliaria a manter clubes com as portas abertas neste momento de incerteza.

 

            Outra mudança seria a reformulação de calendário. Há alguns anos se debate nos bastidores a reestruturação do calendário de forma a acompanhar o Futebol europeu. Retomando as competições em agosto, seria possível pela primeira vez experimentar essa estrutura, algo que países como a Argentina já adotam.

 

            Ainda parece cedo para afirmar o que acontecerá nos próximos meses com o Futebol brasileiro. Talvez a partir de julho o pico da doença tenha sido atingido, e os números de casos e de mortes comece a baixar consideravelmente, o que daria melhores condições para a retomada do esporte.

 

 


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