28/10/2019 às 15h50min - Atualizada em 28/10/2019 às 15h50min

Por que e como as queimadas na Amazônia podem afetar a economia brasileira

Tendência em diversos setores, a questão ambiental pode impactar diretamente no desempenho comercial do Brasil

Assessoria de Imprensa Foto: Divulgação

No segundo semestre deste ano, um número recorde de focos de incêndio foi registrado na região que comporta a Floresta Amazônica. Os episódios repercutiram mundo afora, fomentando protestos e indignações, tudo devido à grandiosa importância do território tropical para o ecossistema mundial. 

Uma instabilidade internacional, sobretudo na esfera diplomática, foi estimulada pelas queimadas na Amazônia. Os impactos negativos da questão podem refletir diretamente sobre o mercado brasileiro e seu comércio exterior, principalmente com os países pertencentes à zona do euro.

A dificuldade em concluir acordos e negócios com parcelas internacionais é o maior empecilho. Atualmente, com a enorme globalização comercial, consumidores e empresas compradoras exigem declarações acerca do ciclo de produção, requisitando procedências e fornecedores.

Assim, os itens associados à devastação ambiental — carne e soja, por exemplo — vêm sendo cada vez mais recusados de acordo com a nova demanda eco-friendly. Mesmo que os principais compradores sejam países asiáticos, majoritariamente a China, outros estados evitaram revendas, diminuindo as transações.      

Compreenda, além dos fatores já mencionados, como as queimadas podem afetar a economia brasileira.

 

Uma dificuldade a mais para homologar acordos

 

O acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, assinado em 28 de junho, depende apenas do processo de ratificação para entrar em vigor. A inconveniência ambiental brasileira, porém, está atravancando esse processo final do tratado.

França e Irlanda afirmaram em agosto que não pretendem homologar a resolução caso o governo daqui não mude sua postura perante a temática. Especialistas reconhecem haver uma ameaça concreta do acordo não ser processado.

O pacto comercial Mercosul-UE só foi concluído após 20 anos de negociações, necessitando ainda de legitimações específicas. Seguindo o desenvolvimento dessa movimentação — burocrática e, agora, ambiental —, novos acordos internacionais tendem a perder forças mediante a perturbada imagem brasileira.

 

Condutas adotadas por representantes de todo o mundo

 

As reações internacionais negativas foram numerosas. A de maior influência originou-se por meio do posicionamento assumido por Emmanuel Macron, presidente da França.

Após declarar que as queimadas são casos de emergência mundial, Macron criticou o governo brasileiro, acusando-o de não colaborar com ações preventivas e de auxílios efetivos. O gabinete francês afirmou que seria oposição ao já mencionado acordo comercial entre os dois blocos econômicos, uma vez que o presidente brasileiro Jair Bolsonaro teria mentido sobre suas aflições com o meio ambiente durante o encontro do G20, em junho.

O político francês informou ainda que líderes de Japão, Itália, Alemanha, Estados Unidos, Reino Unido, França e Canadá estão no estágio final do processamento de um possível acordo de “ajuda técnica e financeira” para as nações impactadas pelos incêndios.

Já o presidente dos EUA, Donald Trump, ofertou assistência ao governo brasileiro durante uma ligação particular com Bolsonaro. Entretanto, autoridades afirmam que não há trabalho conjunto com norte-americanos no combate à questão.

 

Dificultando a entrada de produtos brasileiros

O “ecocídio”, como nomeou Emmanuel Macron, é temática que afeta diretamente o planejamento comercial entre países e empresas privadas. Por pressão de clientes e governos, as companhias apresentam cada vez mais uma análise rigorosa acerca da origem e distribuição dos produtos.

Como governos não são autorizados a adotar barreiras unilaterais, sem atender às normas internacionais, a metodologia empregada recai sobre  a pressão exercida às empresas e indústrias locais, que, assim, dificultam a entrada de produtos brasileiros em seus respectivos países.

Taxas, cobranças e exigências de certificações mais rígidas são alguns dos principais exemplos recorrentes em situações como essa — novas demandas são as maiores adversidades para o mercado nacional, principalmente para os setores de commodities.

 

Pressão produtora e consumidora

Apesar de grandioso produtor, o Brasil compete com desenvolvidos meios producentes europeus, como Irlanda, Polônia e França, fortes vendedores de proteína animal.

Assim, produtores desses e de outros países podem adotar o argumento de preservação e consciência ecológica para incitar boicotes às vendas brasileiras, expandindo, dessa maneira, o comércio local.

Outra desvantagem comercial provém do pedido brasileiro para compor a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), procurando obter o certificado de aprovação requerido por diversos investidores institucionais.

A solicitação em si não gera problemas. Porém, o ingresso brasileiro depende da autorização dos 37 países membros, que vão examinar uma série de advertências, as quais muitas envolvem parâmetros ecológicos, fazendo com que a admissão fique ameaçada.

 


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://jeonline.com.br/.