06/09/2019 às 22h19min - Atualizada em 06/09/2019 às 22h19min

Especialistas debatem propriedades e aplicações do grafeno na FIESP

Assessoria de Imprensa Foto: Divulgação

O Comitê da Cadeia Produtiva de Saúde e Biotecnologia (ComSaude) da FIESP promoveu na última terça-feira (3/9), um Fórum de Nanotecnologia. O evento aconteceu na sede da FIESP e do CIESP, na capital paulista e teve transmissão simultânea na Regional do CIESP em Sorocaba. O encontro contou com a presença do físico russo-britânico Konstantin Novoselov, ganhador do Pre?mio Nobel de Fi?sica em 2010, por seus estudos sobre a condutividade do grafeno.

 

De acordo com Novoselov, o material é produzido por meio da extração de camadas superficiais da grafite (o mesmo usado em lápis), mineral abundante na Terra e uma das formas mais comuns do carbono. “O grafeno consiste de uma camada bidimensional de átomos de carbono organizados em estruturas hexagonais. Existem inúmeras aplicações para diversos mercados: esportivo, eletrônico, de energia, petróleo e gás, informática, construção civil, entre outros”, explicou o físico.

 

Segundo ele, uma das aplicações que deve ter em um futuro próximo é o uso do grafeno como uma membrana. “Trata-se de um material impermeável a qualquer átomo e é por isso que estamos tentando utilizá-lo como uma prevenção contra a corrosão”, observou o cientista, lembrando que a maior parte das aplicações é no sentido de substituir materiais e aplicações existentes, devido suas propriedades.

 

Também participou do evento o professor Antônio Castro Neto, um dos líderes internacionais na pesquisa do grafeno e diretor do Centro de Materiais Avançados 2D, da Universidade Nacional de Singapura, considerado como centro de referência mundial na pesquisa em grafeno e materiais bidimensionais (2D).

 

Para o professor, é importante distinguir se o material que está sendo comercializado é realmente o grafeno ou um pó contaminado com grafite, pois as propriedades físicas dos dois materiais são bem diferentes. “Existem inúmeras oportunidades e aplicações na indústria, mas a questão da qualidade é fundamental”, destacou Castro Neto.

 

Já o 2º vice-presidente do Ciesp e da Fiesp e diretor titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia (DECOMTEC) da Fiesp, José Ricardo Roriz Coelho, que também prestigiou o evento, ressaltou a importância de discutir o assunto com os mais renomados especialistas do mundo, visando reduzir a lacuna das pesquisas brasileiras nessa área. “A FIESP representa 133 segmentos de mercado e é importante conhecermos as aplicações comercias e desenvolvermos um trabalho em conjunto, envolvendo produtos que utilizem essa matéria prima no Brasil. Nosso país tem uma das maiores reservas de grafite natural do mundo e exporta cerca de 70 mil toneladas por ano”, observou Roriz Coelho. 

 

Segundo o diretor da startup MatLabs, Gedeão Klarosk, a palestra foi bastante esclarecedora em termos de aplicações viáveis no mercado. “Nossa empresa desenvolveu um aditivo para massas cimenticias utilizando o grafeno. Essa massa é usada para a construção de poços de petróleo a dois mil metros de profundidade, pois ao injetar o concreto ela seca instantaneamente e o Brasil é o único país que tem exploração de petróleo em águas profundas”, explicou.

 

 

Sobre o grafeno

 O termo grafeno foi usado pela primeira vez em 1987, mas só foi reconhecido oficialmente em 1994 pela União de Química Pura e Aplicada. Essa designação surgiu da junção do grafite com o sufixo -eno, fazendo referência à dupla ligação da substância. Desde a década de 50, Linus Pauling falava em suas aulas da existência de uma camada fina de carbono, constituída de anéis hexagonais. Em 2004, o grafeno foi isolado pelos físicos Andre Geim e Konstantin Novoselov na Universidade de Manchester e pode ser profundamente conhecido. Eles estavam estudando o grafite e por meio da técnica de esfoliação mecânica conseguiram isolar uma camada do material com o uso de uma fita adesiva, o que lhes rendeu o Prêmio Nobel de Física, em 2010.

 

Desde então, este nanomaterial tem trazido uma verdadeira revolução em diversas áreas do conhecimento humano. O material, composto de a?tomos de carbono, é muito resistente, leve, flexi?vel, transparente e excelente condutor de calor e eletricidade. Sua dimensão é da ordem de nanômetros e uma folha de papel corresponde à sobreposição de 3 milhões de camadas de grafeno. Todas estas propriedades fazem com que o grafeno seja considerado o  "material do futuro".

 


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