A audiência Pública realizada em São Roque na noite de quarta-feira (19), para discutir o projeto de duplicação da Rodovia Raposo Tavares entre Vargem Grande Paulista a São Roque foi marcado pelo grande número de manifestações contra as obras realizadas até agora pela ViaOeste na região e pelos transtornos causados a população.
A audiência teve a participação da ViaOeste, do Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA), e da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), o órgão que que deve liberar as licenças necessárias para o início da obra. A CCR afirmou que a duplicação, traria um impacto ambiental pequeno a vegetação, mananciais e vida animal do trecho, sendo que qualquer impacto será remediado pela própria concessionária, através de ações diversas, como trabalhos de plantio de árvores posteriores.
A ViaOeste também informou que mais de 80% dos trechos da obra já estão dentro da faixa de domínio da rodovia, minimizando as ações de desapropriação da obra que vai de Vargem Grande a Sorocaba e cuja primeira etapa deve perfazer 17 km, no trecho entre o pedágio de Vargem Grande até a rotatória da Av. Piracicaba ,que dá acesso à Vila Nova, São Roque, no Km 63. A concessionária prometeu que a ação traria um melhor fluxo de veículos ao trecho, redução de acidentes, geração de empregos e maior integração entre as vias da região.
População se manifesta
Entretanto, após a apresentação foi a vez da população se manifestar, dando início a uma avalanche de reclamações por parte de pessoas de São Roque, Mairinque e Alumínio, que se mostraram preocupadas não apenas com os impactos da obra, mas com os problemas causados pelas obras da ViaOeste em nossa região.
Situações preocupantes e que já foram abordadas em diversos momentos nas reportagens do JE, como os acidentes ocorridos devido à falta de retorno próximo ao final do contorno da Raposo Tavares e o fechamento do acesso próximo a antiga fábrica Tecama, que aumentou o fluxo de veículos no centro da cidade, foram alguns dos temas abordados. O isolamento de bairros como Marmeleiro e Granada após a duplicação também foi alvo de diversas críticas por parte da população, que afirmou não confiar na concessionária após tantas obras mal empregadas e que prejudicaram os moradores dos bairros por onde corta a duplicação.
Na verdade, diversas críticas surgiram pelo fato da audiência abordar os impactos ambientais de um projeto cujo impacto na vida da sociedade ainda não estava definido. “E quanto a nós moradores da região que fomos prejudicados? A ViaOeste está fazendo um espetáculo para ‘inglês ver’, porque ela não se preocupa com o morador, apenas com o usuário”, afirmou Eduardo Victor Mendes representante da Associação dos Comerciantes do Bairro Marmeleiro.
As críticas continuaram abordando também a falta de uma audiência pública na cidade de Mairinque, cidade que teria sido muito prejudicada com a duplicação e que ainda espera a execução do projeto de uma alça de acesso na região do bairro Granada. “Cachorro mordido por cobra, tem medo até de linguiça. Ninguém é contra o progresso, mas a duplicação provocou grandes transtornos para moradores de Mairinque e São Roque, ocasionando um tremendo desrespeito a população dos bairros, que foram isolados e tiraram o direito de ir e vir do cidadão”, afirmou Antônio Valter, representante da Vila Sorocabana.
Uma situação que boa parte dos moradores espera que talvez se repita em outras regiões de São Roque. Visto que o projeto apresentado ao público até a data da audiência, previa o fechamento da rotatória no km 63, o que poderia prejudicar o acesso aos moradores de bairros como Vila São Rafael e Jardim Nova Brasília.
Quando chegou o momento do depoimento dos Prefeitos de São Roque e Mairinque, estes foram taxativos: a duplicação precisa atender os interesses do município ou elas não serão realizadas. “Não se coloca mais nenhuma pedra ou divisória enquanto não se falar com os Prefeitos das cidades”, afirmou o Prefeito de Mairinque Alexandre Peixinho, que também pediu que uma nova audiência seja realizada no início do ano, após o período eleitoral.
O prefeito Cláudio Góes também informou que os moradores têm enfrentado dificuldades com as ações da ViaOeste, obrigando as prefeituras a tomarem ações para resolver os problemas gerados pela concessionária, gastando dinheiro público que poderia ser empregado em outras áreas do município. “Estamos buscando emendas parlamentares, que podiam ser empregadas em outras áreas necessitadas da cidade para resolver problemas que não fomos nós que causamos”, afirmou o prefeito.
CCR fala sobre as obras
Em sua palavra durante o evento, após uma chuva de reclamações, Marcelo Boaventura, Diretor Presidente da CCR Viaoeste, afirmou que a concessionária é contratada para realizar o projeto que terá a aprovação da ARTESP – Agência de Transporte do Estado de São Paulo . Segundo o Presidente, para que a obra do trevo na região da estrada do sertanejo, seja realizada é necessária a atualização de uma certidão da área onde deveria ser realizada a obra, atualização que está a encargo da Prefeitura de Mairinque.
O diretor afirmou também que ao contrário do projeto exibido anteriormente sobre a situação da rotatória localizada no km 63, o atual projeto mostra a rotatória não será removida e sim ampliada. “O primeiro projeto foi uma análise preliminar e já foi encaminhado à Artesp um outro projeto que simplesmente altera a rotatória, não fechando o acesso aos bairros da região”, garantiu o presidente.
Sobre o contorno da rodovia Raposo Tavares dois pontos importantes foram mencionados. O primeiro é que o contorno deixará de ser uma pista simples para ser uma pista duplicada, o que exigirá novas obras de ampliação de uma obra inaugurada a apenas três anos. Em segundo é que já está sendo formulado um projeto para a reabertura do acesso localizado na região da Antiga Tecama, e que deverá ser disponibilizado a ARTESP para avaliação
Sobre o impacto sócio-ambiental apresentado por moradores na região do km 47, na região da Escola Juca Rocha, no bairro do Carmo, foi informado que será realizado um projeto para evitar impactos na área.
O presidente da CCR, afirmou também que não é a CCR que escolhe o local das audiências porém que não se opõe a que uma nova audiência seja realizada em Mairinque. Apesar das explicações da concessionária, a confiança da população no trabalho da empresa parece seriamente abalada devido aos transtornos causados pelas obras passadas, fazendo até mesmo com que muitas pessoas, prefiram a não realização da duplicação, caso não haja respeito e planejamento.