Mohamed Salah: um faraó na final da Champions League 2018

A Liga dos Campeões da Europa está chegando ao seu final. Perto da disputa do título, um jogador em especial merece a atenção do público nesse acirrado confronto entre Liverpool e Real Madrid pelo maior título de clubes do continente europeu: Mohamed Salah. Vivendo um momento excepcional, o egípcio já marcou incríveis 43 gols nesta temporada, números inimagináveis para um jogador oriundo de um país pouco tradicional no futebol.

Salah foi peça fundamental para garantir a presença do Liverpool na final da Champions League 2018, no próximo dia 26 de maio. Seus 10 gols marcados na competição da Uefa credenciaram o clube inglês a disputar a decisão 13 anos depois do “milagre de Istambul”, na Turquia, quando a equipe da terra dos Beatles venceu o Milan nos pênaltis na Turquia, após estar sendo derrotada por 3x0 no primeiro tempo. Além disso, o “faraó”, como é carinhosamente chamado pelos torcedores, ainda deu quatro assistências para seus companheiros de time marcarem.

Salah não é querido apenas pelos gols

No entanto, o egípcio não é apenas um grande jogador, algo que já o faria ser querido pela apaixonada torcida dos Reds. O craque consegue ser gigante também como pessoa. Além de ter um enorme carisma, ele é engajado politicamente e sempre comenta a respeito do que está acontecendo no mundo, prestando tributo e enviando mensagens de paz. Duas situações resumem bem esse comportamento:

2013 – Ainda no início carreira, quando começou a estourar na seleção olímpica, o atacante era visto como uma espécie de herdeiro de Mohamed Aboutrika, maior ídolo do esporte no país até então. Em agosto daquele ano, quando ascendia no Basel, Salah marcou duas vezes contra o Ludogorets, aproximando os suíços da fase de grupos da Liga dos Campeões, mas decidiu não comemorar. Por quê? Segundo o próprio, não havia motivos para festejos diante da repressão vivida em seu país, que passara por um golpe militar nas semanas anteriores, registrando centenas de mortos em conflitos.

2013 – Nessa mesma Liga dos Campeões, na fase anterior, contra o Maccabi Tel-Aviv, ainda na cerimônia de abertura da partida, o jogador deu um leve soco nas mãos espalmadas dos adversários, durante os cumprimentos. Salah se mostrou favorável à causa palestina e cogitava não viajar a Israel para o duelo, mas mudou de ideia após solicitação de seu clube.

2017 – Em partida contra o Chelsea pela Premier League, Salah não comemorou o gol contra o Chelsea, mas não por ter sido seu ex-clube. A falta de vibração foi por causa de um ataque terrorista na Península do Sinai, onde houve o maior número de vítimas fatais da história do Egito, seu país natal, deixando 350 mortos.

Conheça a carreira de Salah

Esses são só alguns exemplos da índole de Mohamed Salah, que sempre teve o sonho de ser jogador de futebol. Fã de Ronaldo, Totti e Zidane, ele era irredutível, mesmo num país onde o esporte é tão pouco praticado. Ele assinou o primeiro contrato profissional aos 14 anos com o Al Mokawloon e precisava peregrinar por nove horas, cinco dias na semana, para que pudesse treinar.

No início, pela velocidade, sua posição era a lateral-esquerda. Mas seu treinador, ainda na base, apostou que jovem renderia melhor no ataque. Foi um sucesso e terminou o campeonato com 35 gols. Aos 16 anos, subiu para a equipe profissional e, já na temporada seguinte (2009/10), viraria titular e destaque da equipe. Em 2012, chamou a atenção do Basel, da Suíça, durante um amistoso pela seleção do Egito Sub-23 e logo foi contratado. Veja por onde Salah atuou na Europa:

Basel (Suíça) – 2012/13 (20 gols)

Chelsea (Inglaterra) – 2013/14/15 (2 gols)

Fiorentina (Itália) – 2014/15 (9 gols)

Roma (Itália) – 2015/16/17 (34 gols)

Liverpool (Inglaterra) – 2017/18 (43 gols)

Mohamed Salah vive, sem dúvidas, o melhor momento de sua carreira. Ao pisar no gramado do Estádio Olímpico de Kiev, na Ucrânia, no próximo dia 26 de maio, às 15h45 (horário de Brasília), para disputar a final da Champions League 2018, o craque saberá estar realizando o sonho da sua vida. Levando, também, a certeza de estar representando a esperança de milhões de corações espalhados pelo mundo, que batem  pelo “faraó”.