O partido PSOL protocolou uma reclamação disciplinar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra a desembargadora Marília de Castro Neves Vieira, pertencente a 20ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Segundo informações divulgados no portal G1, a reclamação foi realizada no início da noite de segunda-feira (19), onde o partido pede que o CJN apure a atitude de Marília, que no dia 16 de março, publicou em seu perfil nas redes sociais informação mentirosa e caluniosa contra a vereadora Marielle Franco, assassinada no centro do Rio de Janeiro. As mensagens diziam que a vítima "estava engajada com bandidos", tinha sido "eleita pelo Comando Vermelho" e era "um cadáver tão comum quanto qualquer outro".
Em nota, a desembargadora confirmou que postou notícias sem fundamento ou apurações em sua rede social. "A conduta mais ponderada seria a de esperar o término das investigações, para então, ainda na condição de cidadã, opinar ou não sobre o tema. Reitero minha confiança nas instituições policiais, esperando, como cidadã, que este bárbaro crime seja desvendado o mais rápido possível. Independentemente do que se conclua das investigações, a morte trágica de um ser humano é algo que se deve lamentar e seus algozes merecem o absoluto rigor da lei", disse a desembargadora.
Fake News na mira de advogados
O número de notícias caluniosas contra Marielle tem ampliado desde sua morte. A maioria das notícias tentam associa-la a organizações criminosas e desmerecer seu trabalho frente a luta pelos direitos humanos, ao afirmarem por exemplo que a vítima não auxiliava famílias de policiais militares mortos na cidade, informação comprovadamente mentirosa.
Um grupo de advogados tenta rastrear o material calunioso que está se espalhando na internet sobre a vítima para que o material seja encaminhado para investigação na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) da Polícia Civil do Rio, ou para retratação pública na Justiça. Até a manhã de domingo, a iniciativa já contabilizava mais de 2 mil denúncias. As denúncias podem ser recebidas no e-mail: [email protected] .
Desembargadora alvo de polêmicas
Esta não é a primeira polêmica que a desembargadora se envolve através de suas redes sociais. Recentemente Marília publicou uma mensagem onde questionava o que professores com síndrome de Down podem ensinar a alunos. "Ouço que o Brasil é o primeiro em alguma coisa!!! Apuro os ouvidos e ouço a pérola: o Brasil é o primeiro país a ter uma professora portadora de síndrome de Down!!! Poxa, pensei, legal, são os programas de inclusão social... Aí me perguntei: o que será que essa professora ensina a quem???? Esperem um momento que eu fui ali me matar e já volto, tá?", escreveu em sua conta no Facebook.
Em resposta, a professora Débora Seabra publicou uma carta em resposta à desembargadora também através das redes sociais. "Não quero bater boca com você! Só quero dizer que tenho síndrome de Down e sou professora auxiliar de crianças em uma escola de Natal (RN). (...) Eu ensino muitas coisas para as crianças. A principal é que elas sejam educadas, tenham respeito pelas outras, aceitem as diferenças de cada uma, ajudem a quem precisa mais. (...) O que eu acho mais importante de tudo isso é ensinar a incluir as crianças e todo mundo pra acabar com o preconceito porque é crime. Quem discrimina é criminoso", escreveu a professora.