20/03/2018 às 10h15min - Atualizada em 20/03/2018 às 10h15min

PSOL protocola reclamação contra desembargadora por notícia falsa sobre Marielle Franco

Marília de Castro Neves Vieira compartilhou nas redes sociais que vereadora assassinada tinha envolvimento com criminosos

Da Redação: Rafael Barbosa - Foto: reprodução / internet
Da Redação: Rafael Barbosa - Foto: reprodução / internet

O partido PSOL protocolou uma reclamação disciplinar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra a desembargadora Marília de Castro Neves Vieira, pertencente a 20ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Segundo informações divulgados no portal G1, a reclamação foi realizada no início da noite de segunda-feira (19), onde o partido pede que o CJN apure a atitude de Marília, que no dia 16 de março, publicou em seu perfil nas redes sociais informação mentirosa e caluniosa contra a vereadora Marielle Franco, assassinada no centro do Rio de Janeiro. As mensagens diziam que a vítima "estava engajada com bandidos", tinha sido "eleita pelo Comando Vermelho" e era "um cadáver tão comum quanto qualquer outro".

Em nota, a desembargadora confirmou que postou notícias sem fundamento ou apurações em sua rede social. "A conduta mais ponderada seria a de esperar o término das investigações, para então, ainda na condição de cidadã, opinar ou não sobre o tema. Reitero minha confiança nas instituições policiais, esperando, como cidadã, que este bárbaro crime seja desvendado o mais rápido possível. Independentemente do que se conclua das investigações, a morte trágica de um ser humano é algo que se deve lamentar e seus algozes merecem o absoluto rigor da lei", disse a desembargadora.

Fake News na mira de advogados

O número de notícias caluniosas contra Marielle tem ampliado desde sua morte. A maioria das notícias tentam associa-la a organizações criminosas e desmerecer seu trabalho frente a luta pelos direitos humanos, ao afirmarem por exemplo que a vítima não auxiliava famílias de policiais militares mortos na cidade, informação comprovadamente mentirosa.

Um grupo de advogados tenta rastrear o material calunioso que está se espalhando na internet sobre a vítima para que o material seja encaminhado para investigação na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) da Polícia Civil do Rio, ou para retratação pública na Justiça. Até a manhã de domingo, a iniciativa já contabilizava mais de 2 mil denúncias. As denúncias podem ser recebidas no e-mail: [email protected] .

Desembargadora alvo de polêmicas

Esta não é a primeira polêmica que a desembargadora se envolve através de suas redes sociais. Recentemente Marília publicou uma mensagem onde questionava o que professores com síndrome de Down podem ensinar a alunos. "Ouço que o Brasil é o primeiro em alguma coisa!!! Apuro os ouvidos e ouço a pérola: o Brasil é o primeiro país a ter uma professora portadora de síndrome de Down!!! Poxa, pensei, legal, são os programas de inclusão social... Aí me perguntei: o que será que essa professora ensina a quem???? Esperem um momento que eu fui ali me matar e já volto, tá?", escreveu em sua conta no Facebook.

Em resposta, a professora Débora Seabra publicou uma carta em resposta à desembargadora também através das redes sociais. "Não quero bater boca com você! Só quero dizer que tenho síndrome de Down e sou professora auxiliar de crianças em uma escola de Natal (RN). (...) Eu ensino muitas coisas para as crianças. A principal é que elas sejam educadas, tenham respeito pelas outras, aceitem as diferenças de cada uma, ajudem a quem precisa mais. (...) O que eu acho mais importante de tudo isso é ensinar a incluir as crianças e todo mundo pra acabar com o preconceito porque é crime. Quem discrimina é criminoso", escreveu a professora.


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