Forte vendaval causa destruição e morte em São Roque e região

O suposto ciclone que atingiu São Roque e outras cidades da região causou estragos e mortes na tarde de segunda-feira (06). O evento meteorológico atingiu cerca de 10 km do território do município, gerando ventos fortíssimos que arrancaram arvores e postes, destelhando casas e destruindo tudo por onde passava, causando espanto e danos a população do município, em mais um golpe difícil para a cidade, que passou por outro desastre ambiental há praticamente dois meses atrás.

“É um fato lamentável para nossa cidade, que estava se recuperando dos alagamentos de março e que agora é vítima deste vendaval, que chega ao nosso município e causou tantos estragos, que é difícil mensurar”, afirmou o Prefeito de São Roque, Daniel de Oliveira Costa. Segundo o governante todos os esforços estão sendo empenhados, através da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e departamentos da Prefeitura, como o bem estar social, para ajudar as vítimas deste desastre.

Os bairros de Canguera, Vila Lino, Vila Maciel, Caetê, Sorocamirim e Jardim Nova Canguera foram os mais afetados, onde a força dos ventos, causou uma devastação tão grande que assustou a todos. Os relatos das pessoas que testemunharam a ação dos ventos é impressionante, assim como as imagens da destruição que ficou após o ocorrido. Árvores foram arrancadas pela raiz, postes foram tombados ou entortados, e dezenas de casas foram danificadas ou tiveram seus telhados destruídos. Segundo os relatos de pessoas que estiveram no local, a ação dos ventos durou menos de um minuto, mas foi forte o suficiente até mesmo para levantar um caminhão e arrancar o seu motor na queda.

“Foi tão violento que simplesmente levou tudo e não existe o que recuperar. Teremos que começar do zero. É tanta destruição que fica difícil saber até por onde começar”, afirmou Zaga Godinho, proprietário de uma vinícola, que teve seu empreendimento completamente destruído pelo temporal, assim como uma fábrica de chocolates, recém construída nas proximidades e que também foi completamente arrasada pelos ventos.

Desde o ocorrido, a Defesa Civil de São Roque tem agido, juntamente com o Corpo de Bombeiros e o Bem Estar Social para chegar até as vítimas deste desastre, amparando a população necessitada, enquanto libera as vias bloqueadas por arvores e postes caídos. Regiões como Vila Lino já foram desobstruídas, porém o trabalho continua em outras regiões, como parte do bairro Caetê.  

Segundo dados da Defesa Civil de São Roque, cerca de 75 famílias se encontram desalojadas e buscaram abrigo na casa de parentes, enquanto que 25 famílias se encontram desabrigadas com o desastre, sendo acolhidas pela Prefeitura em escolas e instituições do município. “Ainda estamos contabilizando os estragos na região, já que nosso foco neste momento é prestar a assistência as pessoas prejudicadas com o ocorrido, além de desbloquear as vias de acesso aos bairros, que ficaram bloqueadas com a quedas de arvores e postes”, afirmou o Coordenador da Defesa Civil de São Roque Osni Rodrigues.

Os interessados em ajudar as famílias desabrigadas com doações podem procurar o Bem Estar Social, através do telefone 4784-8566. O Jornal da Economia, também estará recebendo itens como alimentos não perecíveis, roupas, cobertores colchões, durante o horário comercial, 9h às 18.

Apesar do nível surpreendente de destruição, os últimos dados apontam que apenas 10 pessoas ficaram feridas com o ocorrido, sendo socorridas na Santa Casa de São Roque ou transferidas para instalações médicas em Sorocaba. Infelizmente um homem de 58 anos e que trabalhava como pedreiro em uma vinícola, morreu no ocorrido ao ser atingido por um muro que caiu durante o temporal.

Imagem do bairro Canguera, em São Roque. (Foto enviada pelo internauta Tiago Rodrigues)

Problemas elétricos

A destruição não afetou apenas imóveis da região, mas também causou sérios problemas ao sistema elétrico de toda a região.

As torres de transmissão de energia na área do bairro Sete Casas, na zona rural de Mairinque, também foram completamente destruídas durante o vendaval de segunda-feira, afetando o abastecimento elétrico de toda a região. 

As luzes acabaram por volta da 15 horas de segunda-feira (06) somente sendo restabelecida na madrugada de terça-feira (07), em um incidente que teria deixado mais de 500 mil residências e aproximadamente 2 milhões de pessoas sem energia elétrica, segundo dados divulgados pelo portal G1. A maioria do sistema elétrico da região foi restaurado, entretanto até o fechamento desta edição bairros como Serrinha e do Caetê já se encontram há mais de dois dias sem energia. O Jornal da Economia questionou a CPFL Piratininga sobre a previsão de restabelecimento completo de energia em São Roque e Mairinque e neste momento aguarda a resposta da empresa.

A CPFL chegou a realizar um remanejamento de energia durante a noite de terça-feira e madrugada de quarta, entretanto o mesmo não chegou a ser sentido em São Roque. Segundo a empresa não existe previsão de um novo remanejamento ou corte de energia na região.

Defesa Civil descarta novos incidentes

A Defesa Civil do Estado de São Paulo descartou a possibilidade de que em nos próximos dias ocorra outro vendaval como o que atingiu São Roque e Região na última segunda-feira (06). O órgão afirma que embora a temperatura deva cair, “não existe possibilidade de ocorrer um fenômeno da natureza similar nos próximos dias, pois não há previsão de chuvas”.

Quando questionada sobre qual teria sido o fenômeno meteorológico que teria atingido a região, a Defesa Civil afirma que o evento pode ser classificado como uma “micro-explosão”, quando correntes de ar descem de nuvens carregadas em grande velocidade, atingindo picos de até 120 km/h.

Quando questionada sobre a possibilidade de um tornado ter atingido São Roque, o órgão responde que a característica básica do tornado é a formação de um “funil” de vento, que sobe do chão em direção as nuvens. “No caso de São Roque, até o momento não houve nenhuma imagem ou testemunha que tenha visto algum tipo de redemoinho”, afirma.

Entretanto alguns especialistas afirmam que a destruição causada em São Roque corresponde aos danos causados por Tornados, como é o caso do meteorologista Michel Pantera do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), que concedeu recentemente uma entrevista ao jornalista Vander Luiz na rádio Coluna FM e onde aborda o assunto.  Segundo Michel, embora seja necessário um estudo mais detalhado para precisar o que ocorreu na região diversos indícios, como o depoimento de uma pessoa que afirma ter visto um funil de vento em Canguera, levantam suspeitas de que os estragos tenham sido causados por um tornado de intensidade pequena.

De qualquer modo, estudos detalhados terão que ser realizados para determinar o fenômeno que ocorreu e causou tanta destruição em São Roque. 

Para acessar as imagens da destruíção, enviadas por leitores e internautas JE, clique aqui.