A Santa Casa de São Roque encontra-se em um estado tão critico quanto um paciente em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). A equipe de médicos que compõe o Pronto Atendimento (PA) da Santa Casa de São Roque entrou oficialmente em greve a partir da tarde de quinta-feira, dia 29. A paralisação dos trabalhos ocorreu no início da tarde do dia 27, quando o corpo clínico parou suas atividades para atender apenas casos emergenciais, devido ao atraso no pagamento, sendo reforçada após uma reunião entre o Diretor Clínico da instituição, Davi Vinicius Davida e os interventores do hospital, Francisco Tibiriçá e Fabiola Brandão.
A paralisação de terça-feira pegou a população de surpresa e fez com que muitos pacientes fossem obrigados a deixar a instituição sem receberem o devido atendimento médico, deixando a população revoltada. “Estou há 20 dias esperando uma consulta no Posto de Saúde. Estou com muita dor e já não pude ir trabalhar na noite por conta disso. Quando venho para o hospital me deparo com essa situação”, afirmou o movimentador de carga, Antônio Carlos da Silva.
A situação afeta não apenas os moradores do município, mas todo o serviço de saúde da região, já que o hospital é utilizando por pessoas de municípios vizinhos. Segundo o interventor Francisco Tibiriçá a partir do momento que houve a parada os esforços da administração foi empregado em fazer com que o corpo médico voltasse as suas atividades, realizando encontros com o corpo clínico e com as empresas que fornecem a mão de obra médica do hospital, entretanto a situação financeira delicada por parte da instituição tornou a situação difícil. “Hoje, somando-se desde 2011, mais o pagamento dos médicos, a dívida da Santa Casa esta em torno de quatro milhões e cem mil reais. A dívida dos pagamentos médicos está em torno de R$ 897 mil”, completa a também interventora do hospital, Fabiola Brandão.
Após uma reunião que ocorreu no início da tarde de quinta-feira (29), o corpo clínico da instituição decidiu manter a greve por tempo indeterminado, até que uma oportunidade mais cabível de pagamento dos médicos seja apresentada. “Nós estamos em atraso com relação ao mês de setembro de 2015, mas a proposta foi o pagamento parcial desde mês somente em dezembro, então ficaria inviável manter a equipe médica trabalhando nestas condições”, completa o Diretor Clínico do hospital, Davi Vinicius Davida.
O médico e os interventores afirmam que o PA do hospital continuará a atender casos emergenciais e de urgência.
A crise em diversos setores
Infelizmente o salário dos médicos, não é o único a ser afetado pelos problemas financeiros da Santa Casa. Em conversa com funcionários da instituição, nos foi informado que embora os salários estejam sendo pagos com um pequeno atraso, não há previsão para o pagamento do 13° salário. A informação foi confirmada pelo interventor, que afirmou que também irá se encontrar com o sindicato responsável para falar negociar a questão.
Nossa redação chegou a receber diversas cartas de representantes de funcionários, que temiam por demissões em massa por parte do hospital. Quando questionado sobre o assunto, Tibiriça afirma que este não é um assunto que esteja sendo discutido no momento e que caso as demissões ocorram, estas serão feitas de forma pontuais e discutidas antecipadamente com o sindicato.
Outros serviços também devem ser atingidos pela recente crise do hospital, que deve cancelar as cirurgias eletivas, que não necessitam ser realizadas com urgência, até o início de 2016.
De quem é a culpa?
Segundo o Diretor de Saúde Sandro Rizzi a crise financeira da Santa Casa é motivada por vários pontos, como a falta de apoio financeiro do Governo do Estado e de outros municípios da região, além de erros administrativos dos ex-interventores. “Eles não provisionaram os pagamentos das equipes para este final de ano”, completa o médico.
Rizzi fala que os ex interventores teriam adiantado a verba destinada a Santa Casa, o que deixaria a instituição em uma situação incerta com relação a futuras verbas vindas da administração municipal para o final do ano, já que, em termos orçamentários, a Santa Casa já recebeu todo o repasse devido. “Se não houver algum recurso externo que complemente o orçamento da prefeitura, ela não terá como repassar para a Santa Casa”, informou o médico ao afirmar que a Prefeitura já esta se movimentando para angariar fundos do Governo do Estado. Os próprios interventores também afirmam estar procurando novas fontes de investimentos para a instituição, como bancos e iniciativa privada.
Enquanto a greve médica não for contornada, a Santa Casa aconselha a população a procurar atendimento nos postos de saúde municipais, somente recorrendo ao hospital em casos de urgência.