10/06/2022 às 18h00min - Atualizada em 10/06/2022 às 18h00min

Taxa Selic irá subir 0,5 p.p., projeta ABBC

Assessoria de Imprensa Foto: Divulgação

De acordo com o superintendente da Assessoria Econômica da ABBC (Associação Brasileira de Bancos), Everton Pinheiro de Souza Gonçalves, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), na reunião da quarta-feira (15), deve elevar 0,5 p.p a taxa Selic, chegando a 13,25% ao ano.

 

“Devido ao cenário repleto de incertezas e volatilidade, o Comitê de Política Monetária deve ratificar a redução do ritmo de elevação da Selic sinalizada no último encontro, apesar da deterioração na margem da dinâmica da inflação corrente e nas expectativas de inflação. As limitações nas premissas utilizadas nos modelos de previsão de inflação, combinadas com a indefinição do tempo de duração dos choques, dos rumos do processo de normalização monetária nos EUA e desaceleração da economia chinesa, dificultam as previsões acerca do tamanho e extensão do ciclo do aperto monetário”, explica Gonçalves.

 

Sobre a inflação, o IPCA acumulado em 12 meses alcançou 11,7% em maio, exibindo um elevado grau de disseminação e persistência. Ademais, a trajetória do preço do barril de petróleo vem fugindo do cenário de referência, sendo cotado ao redor de US$ 120.

 

“O cenário para várias medidas importantes de inflação se mostra ainda bem negativo, como a de serviços, subjacentes e de núcleos, além dos bens industriais. Por fim, houve deterioração adicional das expectativas no boletim Focus, com a mediana da inflação pelo IPCA projetada para 2022 elevando-se de 7,9% para 8,9%; e a de 2023 de 4,1% para 4,4%. Apesar dos ruídos recentes em relação ao futuro do arcabouço fiscal aumentarem o risco de uma maior desancoragem das expectativas de inflação e do quadro negativo para a inflação corrente desequilibrarem o balanço de riscos, o quadro poderá ser compensado com alguma reversão do aumento dos preços das commodities em reais e um arrefecimento mais pronunciado da atividade, por causa dos efeitos defasados da política monetária e dos desdobramentos do conflito no Leste Europeu, da desaceleração da atividade econômica na China e de um ciclo mais agressivo de elevação da taxa de juros nos EUA”, afirma Gonçalves.

 

Ainda que o balanço de riscos esteja mais assimétrico, há aspectos que alimentam a chance de que se tenha um processo desinflacionário. Entretanto, a despeito da intensidade do aperto monetário e por causa da defasagem dessa política, ainda não se constata um efeito contracionista e, consequentemente, seu impacto sobre a inflação corrente.

 

“Este movimento ajudaria a suavizar as flutuações do nível de atividade econômica, porém a taxa real de juros deveria permanecer em território significativamente contracionista no período que for necessário para que as expectativas inflacionárias sejam novamente ancoradas”, finaliza Gonçalves.


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