24/05/2022 às 16h22min - Atualizada em 24/05/2022 às 16h23min

Arthur Friedenreich: a primeira lenda do futebol brasileiro

Acervo Centro Pró-Memória do Club Athletico Paulistano/Direitos Reservados

Há de se imaginar que o dia 18 de julho de 1892 tenha sido bastante frio, afinal, eram outros tempos e a velha São Paulo da garoa vivia invernos rigorosos. Foi neste dia que a primeira lenda do futebol brasileiro nasceu, Arthur Friedenreich. De ascendência alemã pelo lado paterno e negra por parte de mãe, o craque desde sempre se interessou pelo futebol que, na verdade, era bastante incipiente no Brasil.

 

Fosse hoje, o acervo visual sobre Friedenreich seria abundante e serviria como um conselho a todos que recorrem às oportunidades neste site de visualizarem as jogadas da nossa primeira lenda futebolística. A crônica da época descrevia Friedenreich como um jogador muito objetivo, sempre bem posicionado, capaz de chutes potentes e cabeceios certeiros, driblador sem abusos cênicos e um ótimo distribuidor de jogo.

 

A lenda não foi uma elaboração da crônica esportiva, tão pouco uma construção de marketing, áreas que engatinhava naqueles dias, a lenda foi fruto de um futebol à frente do tempo e de algumas boas prosas que, de certo modo, romantizam aqueles anos de futebol amador.

 

Friedenreich começou sua trajetória no futebol aos dezesseis anos, em 1909, jogando no clube Germânia, atual Pinheiros. A partir de então, o craque passou por vários outros clubes paulistanos até que, na sua segunda passagem pelo Paulistano, fixou-se no clube em 1917, lá ficando até 1929. Já se iam vinte anos de futebol, mas se engana quem imagina que era a aposentadoria. Friedenreich ainda jogaria mais seis anos, sendo que cinco foram dedicados ao São Paulo F.C. (1930/1935). Seu último clube, e o único fora de São Paulo, foi o Flamengo, onde encerrou sua longa carreira como jogador de futebol em 1935.

 

Ao longo de sua carreira, Friedenreich protagonizou alguns eventos, mas sem quaisquer dúvidas a excursão do Paulistano à Europa em 1925, foi um marco histórico do futebol brasileiro. No dia 15 de março daquele ano, um clube brasileiro jogava no exterior. E que estreia, um estrondoso sete a  dois sobre a França, isso mesmo sobre a seleção francesa. Friedenreich foi, então, apelidado de “roi du football”, ou seja, rei do futebol, muito antes de Pelé nascer. Outro feito protagonizado pelo craque, ocorreu em 1928, foi a marcação de sete gols numa única partida contra o União da Lapa, batendo o recorde da época. Placar final, nove a zero e uma curiosidade, Friedenreich perdeu um pênalti naquela partida.

 

Pela seleção brasileira, Friedenreich esteve à frente da conquista do primeiro título canarinho, a Copa Roca disputada contra a Argentina, em 1914. Conquistou os sul-americanos de 1919 e 1922, mas uma determinação do então presidente da Liga Paulista de Futebol, Elpídio de Paiva Azevedo, causou uma das maiores decepções de Friedenreich na carreira. Ao saber que a comissão técnica da Seleção não teria nenhum paulista, o dirigente impediu a ida dos jogadores do estado para a primeira Copa do Mundo, no Uruguai em 1930. Friedenreich, assim, nunca disputou um Mundial pelo Brasil.

 

A lenda teria marcado mais de mil gols em sua carreira. Para ser exato, um mil, trezentos e vinte e nove gols, contudo, o amadorismo da época não permitia registros confiáveis. Ficou, contudo, a magia, as histórias e a certeza, Friedenreich foi a primeira lenda do futebol brasileiro.

 

 

 

 


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