Pelo menos 12 pessoas morreram em um tiroteio em Paris nesta quarta-feira, 7. O crime aconteceu no escritório da revista satírica "Charlie Hebdo", que já havia sido alvo de um ataque no passado após publicar uma caricatura do profeta Maomé, que irritou os muçulmanos.
Entre os mortos estão dois policiais e dez funcionários da revista. Fontes judiciais ouvidas pela France Presse confirmaram a morte de quatro importantes cartunistas franceses no ataque: Wolinski, Charb, Cabu e Tignous. A agência Reuters, citando a polícia, diz que outras 10 pessoas ficaram feridas, cinco em estado crítico.
Segundo fontes policiais, os autores do ataque gritaram "Vingamos o Profeta!", em referência a Maomé, alvo de uma charge publicada há alguns anos pela revista, o que provocou revolta no mundo muçulmano.
O número de suspeitos envolvidos no crime ainda é incerto e não foi confirmado pela polícia. Eles ainda são procurados e são perigosos, segundo as autoridades.
O Ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve, disse que três suspeitos são procurados.
Mais cedo, Rocco Contento, porta-voz do sindicato dos policiais local, disse a jornalistas que três suspeitos fugiram em um carro dirigido por um quarto homem. O veículo seguiu no sentido de Port de Pantin, onde o veículo foi abandonado e os suspeitos roubaram um segundo carro, no qual continuaram fugindo. As informações são do jornal "The Guardian".
O presidente francês, François Hollande, acrescentou que "40 foram salvas". Ele classificou o caso como um "ataque terrorista", e disse que a França está em estado de choque. Os autores do ataque são procurados pela polícia.
Hollande reconheceu que o governo sabia que a França "estava ameaçada, como outros países do mundo", e afirmou que "foram desbaratados vários atentados terroristas nas últimas semanas".
Uma reunião emergencial do gabinete da presidência foi convocada para as 14h locais (11h de Brasília). Após o ataque, a França elevou para o nível máximo o nível do alerta terrorista em Paris.
Ao abandonar o prédio, os agressores atiraram contra um policial, atacaram um motorista e atropelaram um pedestre com o carro roubado.
(Foto: Remy de la Mauviniere/AP)
Revista
A sede da revista foi alvo de um ataque bomba em novembro de 2011 após colocar uma imagem satírica do profeta Maomé em sua capa.
Coincidência ou não, a Charlie Hebdo fez a divulgação em sua edição desta quarta-feira do novo romance do controvertido escritor Michel Houellebecq, um dos mais famosos autores franceses no exterior. A obra de ficção política fala de uma França islamizada em 2022, depois da eleição de um presidente da República muçulmano.
"As previsões do mago Houellebecq: em 2015, perco meus dentes... Em 2022, faço o Ramadã!", ironiza a publicação junto a uma charge de Houellebecq.
A revista de humor tem sido ameaçada desde que publicou charges do profeta Maomé em 2006.
Em novembro de 2011, a sede da publicação foi destruída por um ataque criminoso, já definido como atentado pelo governo na época.
Confira os vídeos e cobertura ao vivo do Ataque, diretamente do Portal G1 através do link: http://g1.globo.com/mundo/ataque-em-paris/cobertura-ao-vivo.html#video-id=3876969