17/09/2021 às 09h30min - Atualizada em 17/09/2021 às 02h43min

Piloto são-roquense é absolvida em caso de avião que transportava drogas

Janaína de Dominicis ficou presa por um período na Penitenciária de Tremembé e disse ao JE que seu pesadelo terminou quando conseguiu provar sua inocência

- Fotos: Reprodução / Facebook
Carlos Mello

A Justiça de Monte Mor (SP) absolveu a piloto são-roquense Janaína de Dominicis da Silva e condenou dois acusados de envolvimento em um esquema de tráfico aéreo interestadual de drogas que ocorreu em novembro de 2019 depois de um pouso forçado da aeronave em Elias Fausto.

Janaína de Dominicis da Silva que estava no avião foi absolvida porque não houve nenhuma prova para sua condenação, conforme informou  a justiça.

Na ocasião a mídia nacional divulgou o caso e o Jornal da Economia também fez uma reportagem de capa sobre o assunto quando uma aeronave de pequeno porte que transportava 30 quilos de cocaína fez um pouso forçado em Elias Fausto (SP), em 17 de novembro de 2019. Sidnei Salvador que pilotava o avião fugiu do local logo que conseguiu pousar a aeronave.

Janaína ficou presa por um ano e sete meses na Penitenciária de Tremembé e disse ao JE que seu pesadelo terminou quando conseguiu provar sua inocência no caso.

Em junho deste ano o juiz Gustavo Nardi absolveu Janaína em junho por falta de provas. "Os testemunhos fortalecem o depoimento da ré quanto ao seu intuito único de cumprir horas de voo. Além disso, o tempo que a ré aguardou socorro nas proximidades da área do pouso forçado, seria suficiente para a mesma evadir-se do local, se assim pretendesse, o que milita a seu favor, fazendo emergir certa dúvida quanto à sua adesão à conduta de traficância praticada pelos demais réus", apontou o magistrado.

Quanto a Salvador e Ferreira, Nardi entendeu que ficou provado que se associaram para realizar o tráfico de drogas.

"Os réus, em conluio, transportavam enorme quantidade de entorpecentes, transporte esse que envolveu o uso de aeronave, veículo de custo elevadíssimo, e que demanda conhecimento específico para sua navegação, demonstrando que associação entre os acusados era estável e de certa forma até mesmo profissional", acrescentou.

Os dois foram condenados a nove anos e quatro meses de prisão e pagamento de multa. O juiz também determinou a destinação da aeronave para a União.

Pronunciamento da Promotoria de Monte Mor sobre Janaína

“Diante dos elementos de provas colhidos, não é possível afirmar que JANAÍNA teria conhecimento da existência de entorpecentes no interior da aeronave, sobretudo pelo fato da droga estar escondida debaixo de saco plástico, acondicionada atrás do banco do piloto principal, que na volta, era ocupado por SIDNEI. No mesmo sentido, conforme se verá adiante, SIDNEI confirma que a corré não tinha conhecimento da substância ilícita e que, ao fugir do local,  não a alertou sobre a existência de drogas.

Igualmente, não há dúvidas de que JANAÍNA tentou colaborar com as investigações, retornando ao local do acidente e entregando seu celular para que o Comandante da Guarda Municipal atendesse a ligação. Caso pretendesse fugir, teria tido tempo, como ocorreu com SIDNEI. Isto porque, a acusada insistiu em seu interrogatório que por diversas vezes pediu ao seu defensor para que fosse constatado o horário exato da queda do avião, e o desligamento do ELT, quando foi abordada. Segundo ela, este tempo mostraria que ela permaneceu nas proximidades do acidente, aguardando socorro encaminhado por Gustavo Balzan, por aproximadamente 40 minutos, tempo de sobra para fuga”.

Relembre a história

Janaína de Dominicis da Silva e Sidnei Salvador tripulavam uma aeronave de pequeno porte que transportava 30 quilos de cocaína, mas no trajeto entre o estado de Santa Catarina e Americana (SP) o veículo sofreu problemas mecânicos e precisou fazer um pouso forçado em Elias Fausto (SP).

A droga foi encontrada pela Guarda Municipal de Elias Fausto atrás do banco do piloto e em seguida Janaína foi presa no local. O  piloto  Sidnei fugiu a pé e na aeronave, além da droga, foram apreendidos R$ 1,3 mil em dinheiro.

A acusação também aponta que André Luís de Oliveira Cajé Ferreira forneceu a aeronave para o transporte interestadual da droga, após comprá-la e registrá-la em nome de outra pessoa.

Janaína  permaneceu no local e  negou a prática do crime nos autos, disse que  estava no avião que fez o pouso, mas que não sabia da existência da droga. Contou ainda que conheceu Sidnei Salvador no Campo de Marte em São Paulo  e ele a ofereceu a oportunidade de voar com ele, pois ela precisava de horas de voo para dar continuidade à sua carreira de piloto.

Janaína disse ainda que o dinheiro encontrado com ela era referente ao pagamento da pensão alimentícia de seu filho.

O pouso ocorreu no distrito de Cardeal, por volta das 12h30, atrás da Igreja Nossa Senhora Aparecida, segundo informações das Guardas Municipais da cidade e de Indaiatuba (SP). As hélices ficaram retorcidas e o trem de pouso dianteiro se soltou da aeronave.
Ao lado da aeronave, havia latas de cerveja.

A GCM comunicou que foram apreendidos 30 tijolos de pasta base. A corporação também informou que, segundo a mulher detida, o voo partiu de Americana (SP). O avião foi produzido por uma empresa de Sumaré (SP). A suposta causa para o pouso forçado seria uma pane seca, acrescentou a Guarda Municipal.

Equipes da GCM e Polícia Militar de Elias Fausto realizaram a prisão e apreensões e uma equipe da Polícia Civil realizou perícia técnica no local. Janaína disse já no local que não sabia que a droga estava no avião.

“Nunca imaginei que atrás do banco do piloto havia droga escondida”. Comentou Janaína para a reportagem do Jornal da Economia.

Nos registros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) constava, à época, que o avião estava apto para voar e com documentação em ordem.

Piloto Sidnei assumiu que sabia da droga

Conforme informou o Portal G1 Sidnei assumiu que tinha conhecimento da droga e apenas sabia que deveria entregá-la para uma pessoa em Americana. Também informou que convidou Janaína para participar do voo em Americana e que ela não sabia que envolvia ilegalidades. Ele apontou que não conhece André Luís de Oliveira Cajé Ferreira ou sua empresa porque o voo foi o primeiro serviço que realizou em São Paulo.

Ferreira negou qualquer envolvimento com os outros réus, alegando desconhecê-los, afirmando que apenas intermediou a venda da aeronave e a viu por fotografias. Disse ainda desconhecer o transporte de entorpecentes e que não consta sua participação no plano de voo. Afirmou que não ocultou seus dados no processo de intermediação da compra da aeronave.
Breve você vai assistir uma entrevista em vídeo realizada pelo Jornal da Economia com a piloto são-roquense Janaína sobre o caso.
Não perca!


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