A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu nesta segunda-feira (09) temporariamente os testes em humanos da vacina CoronaVac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac Life Science. De acordo com a agência, a interrupção ocorreu por causa de um "evento adverso grave", da qual foi notificada em 29 de outubro, e que nenhum novo voluntário poderá ser vacinado até que a agência possa avaliar os dados e "julgar o risco/benefício da continuidade do estudo".
A agência não deu detalhes sobre qual foi o "evento adverso grave", mas de acordo com o jornalista José Roberto Burnier, da GloboNews, a morte de um paciente causou a interrupção nos testes. O voluntário de 33 anos não faleceu por nenhuma doença respiratória e também não tinha comorbidades, o que pode indicar que o falecimento não tem relação com o coronavírus, fato que foi destacado pelo instituto Butantan, que afirma ter estranhado a decisão.
"Ocorreu um óbito que não tem relação com a vacina. Portanto, não existe nenhum motivo para interrupção do estudo clínico", disse o diretor do Butantan, Dimas Covas em entrevista à TV Cultura. Em nota, o Butantan informou que "foi surpreendido" pela decisão da Anvisa e que está "apurando em detalhes o que houve com o andamento dos estudos clínicos da Coronavac".
O laboratório chinês Sinovac disse nesta terça-feira (10) estar "confiante" na segurança de sua vacina.
A Coronavac é uma das quatro candidatas a vacina contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2) que estão sendo testadas no Brasil, mas testes do imunológico também ocorrem na Indonésia e Turquia. Não há relatos de suspensão nestes países. O governo de São Paulo firmou acordo para compra de 46 milhões de doses e para transferência de tecnologia para o Instituto Butantan.