02/10/2020 às 19h25min - Atualizada em 02/10/2020 às 19h25min

O arroz e o vilão da vez

Alvaro Furtado é presidente do Sincovaga (Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo).

Foi-se o tempo em que a expressão “feijão-com-arroz” era sinônimo de algo comum, corriqueiro. A recessão foi colocando cada vez mais caldo e menos feijão no prato de quem ainda o tinha na mesa. Agora o arroz é praticamente item de luxo, uma verdadeira iguaria, com preços que saltaram de R$ 15,00 em média o pacote de 5 quilos, para até R$ 40,00 em muitos estabelecimentos.

 

Como explicar isso, se o Brasil é um dos 10 maiores produtores de arroz do mundo? Quando ocorre uma alta de preços nos alimentos nessa proporção começam a ser apontados os candidatos a culpados. É importante esclarecer que o aumento no preço do arroz, principal item da cesta básica, não é uma decisão do varejo de alimentos, mas dos fornecedores do produto.

 

Esta postura reflete a falta de oferta e o excesso de demanda atuais, resultado em parte da desvalorização da nossa moeda frente ao dólar, que torna mais vantajosa a comercialização do produto no mercado externo. Some-se a tudo isso a entressafra do produto e a estiagem, que atrasou o início do plantio.

 

Diante desse cenário, os supermercados não são vilões, e sim alvos de uma situação da qual não são responsáveis. Nossa missão é servir a sociedade, porém é inviável adquirir um produto pelo qual grande parte dos consumidores não tem como pagar. E no qual a margem de lucro, por se tratar de item essencial e básico, já é próxima de zero.

 

Limitar a quantidade de pacotes por pessoa ou mesmo sugerir a substituição desse alimento por outro é apenas um paliativo. A solução para a questão passa pelo fato de a matéria prima estar concentrada em poucos produtores, o que encarece o custo da mercadoria, que por consequência é repassado para toda a cadeia produtiva, até o consumidor final.

 

O varejo de alimentos reforça nesse momento a importância de que toda a cadeia produtiva esteja engajada em respeitar as normas vigentes, para que não haja prejuízo aos consumidores, seja na forma de desabastecimento ou, pior, de preços abusivos, que inviabilizem a aquisição desse item por uma parcela significativa da população e ainda agravem a recessão econômica do País.

 

Alvaro Furtado é presidente do Sincovaga (Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios, de Mercados, Armazéns, Mercearias, Empórios, Mercadinhos, Quitandas, Frutarias, Sacolões, Laticínios, Minimercados, Supermercados, Hipermercados, Adegas, Tabacarias, Bombonieres, Lojas de Bebidas, de Ração Animal, de Suplemento Alimentar, de Produtos Naturais, de Dietéticos, de Congelados, de Delicatessem, e de Conveniência do Estado de São Paulo).


Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://jeonline.com.br/.