08/06/2020 às 15h33min - Atualizada em 08/06/2020 às 15h33min

Vereador Alexandre Pierroni fala sobre racismo

Vereador fala que as estatísticas brasileiras são reflexo de uma história de 500 anos de subjugamento e menosprezo

Após a morte de George Floyd por um policial nos Estados Unidos, teve início uma onda de protestos contra o racismo, contra a supremacia branca e a favor de mais empatia em todo o mundo.

O vereador Alexandre Pierroni se debruçou sobre os dados oficias que retratam como o racismo também impacta sobre a população negra, preta e parda no Brasil e, em uma análise superficial com base em pesquisas oficiais sobre violência, trabalho e educação, descobriu que os números no país não são tão diferentes dos números americanos e, assim como lá, demonstram a grande desigualdade social causada por isso.

“Há poucos dias, tivemos o caso do menino João Pedro, que foi morto dentro de casa em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, durante uma ação policial e em circunstâncias ainda não esclarecidas, mas no Brasil as reações foram diferentes”, fala Pierroni.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio – PNAD, levantados pelo vereador relatam que os negros, pretos e pardos são 55,8% da população brasileira, são 75% das vítimas das forças policiais brasileiras, também somam 75% das vítimas de assassinatos no país, chegando a 98,5 por 100 mil a taxa de homicídios de negros enquanto a de brancos é de 34 por 100 mil.

Alexandre Pierroni fala que as estatísticas brasileiras são reflexo de uma história de 500 anos de subjugamento e menosprezo de pessoas pela cor da pele, que ainda hoje existe e afeta mais da metade da população brasileira. Algo que começou a mudar em 1989, com a publicação da Lei nº 7.716, a Lei do Racismo, que tipificou o racismo como um crime contra a coletividade e não contra uma pessoa específica, realizado por meio da verbalização de uma ofensa ao coletivo, ou atos como recusar acesso a estabelecimentos comerciais ou elevador social de um prédio. É um crime inafiançável e imprescritível, com pena que vai de um a três anos de prisão, além de multa.

"Mas a diferença na cor da pele começa a afetar pessoas desde a mais tenra idade. Prova disso é que em 2017, segundo o IBGE, 50,7% das crianças que morreram com até 5 anos eram negras, 9,1% é a taxa de negros analfabetos no país, assim como 50,3% das crianças matriculadas nas escolas públicas e apenas 55,6% dessa população estudam na faixa etária de 18 a 24 anos”, esclarece.

O parlamentar conta também que a desigualdade está em todos os lugares da sociedade e gera uma falta de perspectiva nessa população, além de ser um enorme fator de distinção, entre outros exemplos, no mercado de trabalho onde, segundo dados da PNAD e do IBGE de 2018, são a maioria entre os desocupados (64,2%) e dos subutilizados (66,1%), motivo pelo qual talvez sejam 47,3% dos trabalhadores informais e 52% dos empreendedores do país, ajudando a construir a inovação, se aventurando no empreendedorismo para garantir sustento para si e suas famílias.

“Valorizar, respeitar e assegurar direitos e liberdades deve estar acima da cor da pele, da etnia, da religião, da opção sexual, valorizar pessoas é dar a elas o direito de serem humanas e serem quem quiserem, terem liberdade para se expressarem, condições, garantias e suporte para atuarem socialmente nos papéis que escolherem. Ao mesmo tempo, também cabe uma revisão da nossa educação e da educação que damos aos nossos filhos para que o respeito, a empatia, o acolhimento, a solidariedade e o humanismo estejam acima da cor da pele e não precisem de leis para serem garantidos”, conclui.


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