01/06/2020 às 17h51min - Atualizada em 01/06/2020 às 18h16min

Desarmonização facial pode ser resultado da insatisfação causada pela busca da beleza

Especialistas falam sobre o assunto

- Foto: Divulgação

A maioria dos pacientes que busca por mudanças estéticas tem como principal motivador a insatisfação. Esta é causada por diversos motivos, entre eles os padrões estéticos impostos pela sociedade, pela mídia e, agora, também por meio dos filtros de beleza presentes nas redes sociais. Segundo um estudo feito pela consultoria Kantar, em época de isolamento social, o tempo gasto na internet, através das ferramentas Facebook, Instagram e WhatsApp, aumentou cerca de 40%, permitindo que muitas pessoas acabem se sentindo feias e infelizes diante de tanta superficialidade do mundo digital.

Segundo a psicóloga clínica, Susan Bras, quando a busca por determinados padrões estéticos se torna algo incansável, é preciso avaliar os objetivos de tal meta, assim como o contexto no qual ela se desenrola. "Não é a imagem perfeita que traz consequências emocionais, mas essa busca inatingível que representa a fragmentação de conteúdos emocionais. Trata-se de um ciclo em que a percepção da autoimagem e dos sentimentos passam a ser um só e é quase que impossível de tratá-los sem um direcionamento profissional".

No Instagram, uma das redes de fotos mais utilizada na atualidade, tudo parece perfeito. Desde as viagens com cenários incríveis, até comidas deliciosas, roupas perfeitamente alinhadas, um corpo de causar inveja, uma pele mágica e uma estrutura facial impecável.

As redes sociais e seus inúmeros aplicativos de beauty se tornaram sedutores por fazerem com que corpos e rostos pareçam obras de arte em questão de minutos. Os filtros afetaram tanto nossa saúde mental, que muitos especialistas fizeram apontamentos cruciais e impactantes, levando o Instagram a remover alguns efeitos de sua galeria nos stories.

"Temos que considerar que as redes sociais podem influenciar com a mesma intensidade, seja ela positiva ou negativa. O mais importante é entender que não são esses conteúdos externos que devem determinar o estado emocional ou clínico de uma pessoa, mas sim o seu autoconhecimento", garante a psicóloga.

Em busca dessa perfeição e felicidade digital, a qual reflete diretamente em nosso cotidiano, muitas pessoas foram procurar por mudanças estéticas promovidas pela Harmonização Facial, procedimento que está em alta e possui muitos adeptos.

Segundo dados da Pesquisa Estética Global, feita anualmente pela ISAPS (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética), como alternativa às cirurgias plásticas, os métodos minimamente invasivos são os mais procurados, registrando um crescimento de 10,4% no mundo todo. Já no Brasil, eles correspondem a 770 mil dos mais de dois milhões de procedimentos estéticos realizados em 2018. No ano seguinte, a Royal Face, rede especializada em harmonização facial, registrou aumento médio de 20% na procura desse tratamento.

"A técnica depende de conhecimentos anatômicos e estéticos que, quando realizada por profissionais despreparados pode levar a resultados lamentáveis, desde deformidades inestéticas, casos de necrose em partes do rosto e até cegueira", alerta Arthur Barros, cirurgião plástico membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, do American Society of Plastic Surgery e da International Society of Aesthetic Plastic Surgery.

Os procedimentos estéticos utilizados pela harmonização são compostos por preenchimento com ácido hialurônico, remodelação, uso de bioestimuladores, radiofrequência, pela aplicação de toxina botulínica, entre tantos outros. É uma abordagem não cirúrgica completa da face, com o objetivo de obter proporções estéticas faciais mais próximas das ideais para cada tipo de rosto. "Favorece o embelezamento facial: seja dando um aspecto mais fino ao rosto mais arredondado, melhorando o contorno malar (efeito top model look) e do queixo, além de aumentar os lábios, suavizar as olheiras e modelar o nariz quando necessário", explica o cirurgião plástico.

Como os resultados são vistos logo nas primeiras semanas, é comum observarmos resultados exagerados em pacientes que desejam sempre um algo a mais. Alguns deles acontecem, pois são realizados por profissionais que não estão preparados para tratar das alterações de envelhecimento da face, deficiências ou áreas com desproporções, criando o termo desarmonização facial.

Cada pessoa tem certo grau de assimetria facial, e com esses tratamentos conseguimos diminuir essas imperfeições, mas alguns pontos devem ser levados em conta na hora de se submeter à técnica. "Nós nos atentamos aos três terços da face no sentido vertical, que devem ter uma proporcionalidade. Além disso, procuramos salientar os pontos de projeção do terço superior, médio e mandibular do rosto, estabelecendo as proporções de altura e largura adequadas para cada pessoa, levando em consideração o tipo físico e sexo. Portanto, é um trabalho minucioso que requer conhecimento e bom senso", enfatiza Arthur.

Antes de optar por realizar a harmonização facial, é de extrema importância verificar se o profissional escolhido, é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, além de buscar referências e conversar com pessoas que já se submeteram ao tratamento para ver os resultados. "Como dito anteriormente, a harmonização facial é um tratamento que depende de conhecimentos anatômicos e estéticos, se realizado por profissionais despreparados pode levar a resultados desastrosos", finaliza o especialista.


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