14/12/2019 às 11h00min - Atualizada em 13/12/2019 às 17h44min

Santa Casa de São Roque arca com custos de pacientes de outros municípios

O hospital sofreu um aumento de quase 30% em suas despesas

- Da Redação: Rafael Barbosa
Foto: Rafael Barbosa

A Santa Casa de São Roque sofreu um aumento de quase 30% em suas despesas e tem enfrentado sérios problemas devido ao aumento de demanda de pacientes vindos de outros municípios. Segundo dados apurados pelo Jornal da Economia, a Santa Casa atende pacientes de diversas outras cidades, (cerca de 50 municípios) entretanto o número de atendimentos é pequeno, ou seja, pacientes que procuram apoio hospitalar enquanto passavam por São Roque.

Porém, o número de pacientes vindos de Araçariguama, Ibiúna e Mairinque, cidades da nossa microrregião, buscando atendimento no hospital são-roquense é amplamente maior do que qualquer outro município, o que pode indicar que pacientes estão deixando suas cidades para procurar atendimento médico no PA da irmandade em São Roque.

Uma situação que ocorre desde o início do ano, mas que tem aumentado no final de 2019. Recentemente, durante uma live realizada nas obras do novo PA da cidade, a diretora da Santa Casa, Andrea Rodrigues, informou que o hospital teve um aumento de 1500 atendimentos de pacientes entre setembro e outubro, aumento que se deve principalmente ao número de pessoas vindas de outras cidades como Araçariguama, Ibiúna e Mairinque.

Segundo os dados averiguados por esta reportagem, até novembro deste ano a Santa Casa atendeu entre 125 e 167 pacientes mensais vindos de Araçariguama. Segundo a irmandade, a administração araçariguamense procurou a direção do hospital em busca de apoio para a realização de exames laboratoriais e de ajuda com Raio X, entretanto a situação do hospital de São Roque não permitiu que ele absorvesse esta demanda sem uma contrapartida ou ajuda de custo.

Outro caso mais complexo é o caso de Ibiúna, já que até novembro entre 252 e 478 pessoas da cidade foram atendidos em São Roque. Representantes da cidade também procuraram a irmandade para suprir a demanda de exames e internações obstétricas. Entretanto o hospital também não pode assumir estas atribuições já que a irmandade não é referência nestes casos e assim, a Santa Casa também não pode assumir estas funções sem nenhum amparo.

Entretanto o caso mais dramático é o de Mairinque, o município enfrenta dificuldades em seu sistema de saúde desde o início do ano, com seu PA restringindo atendimento no hospital, o que impactou o atendimento na Santa Casa, já que até novembro entre 752 e 987 pacientes foram atendidos mensalmente no hospital de São Roque.  Com a situação da restrição de atendimentos do PA Municipal de Mairinque, a Santa Casa já espera um aumento substancial no número de atendimentos, o que pode gerar ainda mais complicações ao hospital são-roquense.

Despesas aumentam

Uma quantidade gigantesca de pacientes que impacta não apenas o volume de atendimento no hospital, gerando mais fila de espera, mas tem impactos financeiros expressivos, já que pacientes de outras cidades estão sendo atendidos com recursos de São Roque. Segundo a diretora da Santa Casa, Andrea Rodrigues, atualmente a irmandade recebe R$1.750.000 da Prefeitura Municipal, sendo que deste montante cerca de R$450 mil são verbas vindas do SUS para internação, já que o hospital é referência para as cidades de Alumínio, Mairinque e Araçariguama quanto a internações.

O restante são aportes dos cofres municipais para o custeio do atendimento do PA são-roquense, já que cada prefeitura deve suprir a demanda de atendimentos de seu município. Entretanto isto não vem ocorrendo, obrigando a prefeitura a arcar com as despesas dos outros municípios, gerando um aumento de 30% nas despesas da irmandade, que além de acrescentar um médico ao atendimento, também arca com custos diversos como exames, medicamentos, transporte e cirurgias.

“Estamos tendo que cortar custos para conseguir equilibrar as despesas. Infelizmente temos pacientes que reclamam da demora no atendimento, que acaba sendo influenciado com o número de consultas de pacientes de outros municípios. Mas se o paciente nos procura, nós temos que atender. Como vamos recusar atendimento a pessoa que precisa de assistência?”, afirmou a diretora.

Um dos aumentos de gastos vem do fato de que uma enfermeira teve que ser direcionada para encaminhar pacientes de outras cidades para procurar apoio nos postos de saúde de seus municípios, ou seja, além de atender os pacientes o hospital tem realizado também o trabalho de conscientização das pessoas. “Temos um paciente diabético de Mairinque que nos procura diariamente para realizarmos a troca de curativos. Tentamos direcioná-lo para a unidade básica da cidade para o acompanhamento necessário, mas até agora sem sucesso”, informou Andrea.

Sem contrapartida

A Prefeitura de São Roque já informou que chegou a procurar as prefeituras das cidades vizinhas em busca de ajuda para a Santa Casa, porém nenhuma ajuda de custo veio até o momento.  “Também colaboramos com a Santa Casa e é isso que pedimos aos municípios, que eles possam realizar um apoio ao hospital, que já realiza um atendimento volumoso e que tem aumentado com relação a demanda de outras cidades”, afirmou o prefeito Cláudio Góes em entrevista ao JE.

O Jornal da Economia questionou as Prefeituras de Araçariguama, Mairinque e Ibiúna sobre a situação ao grande número de pacientes das cidades sendo atendidos em São Roque e que ações estão sendo tomadas para que o atendimento médico nos municípios. Também questionamos se os municípios têm um programa para melhorar o Sistema de Saúde, para que seus pacientes não tenham que viajar para outras cidades em busca de atendimento.

Até o fechamento desta edição não recebemos resposta de nenhum município, um silêncio que já obrigou a administração municipal de São Roque a procurar da Diretoria Regional de Saúde em busca de soluções. Afinal, todo cidadão merece respeito e um atendimento digno e de qualidade em sua cidade.


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