25/10/2019 às 15h22min - Atualizada em 25/10/2019 às 15h29min

Dificuldades ou Transtornos de Aprendizagem?

Nem sempre a aprendizagem remete apenas a sucessos e aprovações

- Fotos: Reprodução / internet
Autora: Dra. Edyleine Bellini Peroni Benczik

A aprendizagem é um processo de mudança de comportamento obtido através da experiência e envolve fatores emocionais, relacionais, neurológicos, ambientais e socioeconômicos.

No entanto, nem sempre a aprendizagem remete apenas a sucessos e aprovações. As dificuldades de aprendizagem ocorrem quando o aluno não é estimulado suficientemente, ou os métodos pedagógicos são inadequados, o ambiente físico é insuficiente, e ou por motivos relacionadas com o professor ou com o próprio aluno e seu contexto de vida.

Essas dificuldades de aprendizagem são consideradas dificuldades de percurso e por se tratar de questões pedagógicas, as dificuldades de aprendizagem tendem a ser momentâneas e podem resolvidas no próprio ambiente escolar, substituindo o método pedagógico, as metodologias, adotando práticas e/ou instrumentos que visem contornar a dificuldade e que melhor atendam às necessidades educacionais do aluno.

Quando essas alterações metodológicas e pedagógicas são identificadas a tempo e as intervenções adequadas são realizadas, as dificuldades escolares tendem a ser resolvidas.

Mas, os Transtornos Específicos da Aprendizagem constituem a expressão de uma disfunção cerebral, afetam o sistema nervoso central; promovem alterações nos processos neurais envolvidos na aprendizagem, podem ser causados por fatores genéticos e ou neurobiológicos, alteram o neurodesenvolvimento, causam prejuízo e são persistentes ao longo da vida.

A prevalência dos Transtornos Específicos de Aprendizagem é de 5 a 15%, dependendo dos critérios utilizados.

Os alunos com transtornos de aprendizagem apresentam inteligência preservada, porém o padrão em testes padronizados de Leitura, Escrita e/ou Matemática encontra-se abaixo da média esperada para a sua faixa etária e interferem no rendimento escolar.

Os Transtornos Específicos da Aprendizagem DSM-5(2014) são identificados pela presença de uma ou mais características:

 

LEITURA:

Leitura de forma imprecisa ou lenta e com esforço (por ex. lê palavras isoladas em voz alta de forma incorreta, lenta ou hesitante, adivinha palavras e tem dificuldade de soletrá-las)

Dificuldade para compreender o que lê (por ex. pode ler o texto com precisão, mas não compreende a sequência, as relações, as inferências ou os sentidos mais profundos do que é lido)

ESCRITA

Dificuldades para escrever ortograficamente (por ex. pode adicionar, omitir ou substituir vogais e consoantes);

Dificuldade com a expressão escrita (por ex. comete múltiplos erros de gramática ou pontuação nas frases; emprega organização inadequada de parágrafos; expressão escrita das ideias sem clareza).

MATEMÁTICA

Dificuldade para dominar o senso numérico, fatos numéricos ou cálculos (por ex. entende números, sua magnitude e relações de forma insatisfatória; conta com os dedos para adicionar números de um dígito ao invés de lembrar o fato aritmético, como fazem os colegas; perde-se no meio de cálculos aritméticos e pode trocar as operações)

Dificuldades no raciocínio (por ex. tem grave dificuldade em aplicar conceitos, fatos ou operações matemáticas para solucionar problemas quantitativo

Há níveis de prejuízo que podem variar desde um grau leve, moderado até o grau grave.

As intervenções especializadas e as escolares são muito importantes, já que podem minimizar o impacto como repetência, evasão escolar, baixa autoestima e senso de fracasso.

Algumas sugestões para trabalhar com alunos com transtorno de aprendizagem:

Adequar o que a escola exige e o que o aluno é capaz de oferecer (adaptação curricular e critérios de avaliação); Dar unidades menores da escrita, leitura, matemática Utilizar réguas de leitura Não descontar erros ortográficos Permitir o uso de computador ou tablets, gravar trabalhos Substituir os trabalhos escritos por textos gravados, desenhos, fotografias, resumos ou apresentações orais Permitir tempo adicional para a execução das tarefas; Fornecer o material já impresso Fazer uso do ábaco, material dourado, calculadora Simplificar as instruções e solicitar o exercício passo a passo Fornecer suporte e assistência individual

Profa. Dra. Edyleine Bellini Peroni Benczik é Doutora em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP, e proprietária do Núcleo de Neuropsicologia Aplicada PSIQUÊ, localizado na Av. Tiradentes, 200 no centro de São Roque

 


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