08/07/2014 às 11h28min - Atualizada em 08/07/2014 às 11h28min

Homem suspeito de chefiar esquema de venda ilegal de ingressos da Copa é solto

Raymond Whelan era apontado pelas investigações como facilitador de uma quadrilha chefiada pelo empresário argelino Mohamadou Lamine Fofana, detido na semana passada

O delegado Fábio Barucke, responsável pelas investigações de desvio e venda ilegal de ingressos da Copa do Mundo, informou na manhã desta terça-feira, dia 08, que não haverá depoimento hoje do inglês Raymond Whelan, que voltou para o Hotel Copacabana Palace após ser solto de madrugada através de um habeas corpus, com fiança de R$ 5 mil. Já Fernando Fernandes, advogado de Ray, disse que "não faria sentido" seu cliente depor nesta terça,  depois do desgaste de uma "prisão ilegal".

Raymond era apontado pelas investigações como facilitador de uma quadrilha chefiada pelo empresário argelino Mohamadou Lamine Fofana, detido na semana passada - no celular de Fofana, seu número estava salvo como Ray Brasil. Segundo Barucke, responsável pelo caso, Whelan foi flagrado em escutas telefônicas - autorizadas pela justiça - negociando ingressos com o argelino. Consultor executivo da Match Services, um dos braços da empresa que opera a comercialização de bilhetes da Copa, Raymond foi preso na tarde de segunda-feira, mas sua passagem pela 18ª Delegacia de Polícia Civil, na Zona Norte do Rio de Janeiro, não durou mais de dez horas. Foi solto através de habeas corpus concedido pela desembargadora Marília de Castro Vieira, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ). 

Fernando Fernandes, advogado de Ray, disse que seu cliente não depôs pela ausência de um tradutor na delegacia.

- Ele iria depor ontem, mas é garantia de todo cidadão estrangeiro que tivesse um tradutor disponível, e não havia. Assim que se recuperar do absurdo que ocorreu, está disposto a ser intimado e prestar todos os esclarecimentos. Não faria sentido depor hoje depois do desgaste de uma prisão ilegal - criticou.

Ao falar em "absurdo", o advogado se refere à investigação com o um todo. Segundo ele, o delegado Barucke e sua equipe informaram dados exagerados. O advogado tentará uma ação judicial para ter acesso a todos os dados levantados pela polícia.

- Quero ter acesso a tudo o que conseguiram. A empresa (Match) está abismada, não pode ter acusação de venda ilegal para a empresa responsável pela venda legal. E o Juizado Especial Criminal não é competente para julgar algo tão complexo - disse Fernando.

Mais cedo, em entrevista para a Rádio CBN, o advogado criticou a postura dos investigadores na divulgação de ligações entre Ray e Fofana.

- Dizer que foram 900 ligações sem exibir nada a ninguém me parece uma atitude midiática. Talvez nenhum telefone tenha 900 ligações registradas. (Ray) Era uma pessoa que tinha contatos sociais no evento. O que está acontecendo é um absurdo jurídico, uma calamidade - declarou.

O advogado lembrou ainda que não há qualquer possibilidade de Ray deixar o Brasil neste momento. O suspeito deixou seu passaporte com as autoridades policiais.

- O passaporte foi entregue como um pedido da defesa, como ato simbólico também de submissão à soberania nacional - encerrou Fernando.


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