Segundo delação de ex-executivos da OAS, a construtora teria distribuído entre 2010 e 2014 cerca de R$ 125 milhões em propinas e repasses de caixa dois a, pelo menos, 21 políticos pertencentes a oito partidos.
A revelação divulgada pelo portal O Globo é parte da delação premiada feita por pelos ex-funcionários da construtora, que atuavam na "Controladoria de Projetos Estruturados", o departamento clandestino da empreiteira, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado e que era mantida em sigilo.
De acordo com a reportagem, o portal teve acesso a um relatório de 73 páginas da Procuradoria-Geral da República (PGR) em que a procuradora-geral, Raquel Dodge, resume as revelações dos ex-funcionários da AOS, e pede providências ao ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo.
Em seus depoimentos as autoridades, os funcionários revelaram todo o esquema de propinas praticado pela construtora, citando os nomes dos políticos envolvidos, as campanhas financiadas irregularmente, as obras superfaturadas para alimentar o caixa clandestino da empreiteira e o método de funcionamento do esquema.
O relatório é importante pois é a primeira vez que integrantes da OAS explicam o funcionamento do sistema de propinas da empreiteira, envolvida também no superfaturamento de obras emblemáticas, como estádios da Copa de 2014, a transposição do Rio São Francisco, o Porto Maravilha, no Rio, e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste, além de empreendimentos no exterior.
A lista de beneficiários apontada pelos delatores reuni figuras políticas famosas como o senador José Serra (PSDB-SP), o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), o ex-prefeito Eduardo Paes e o ex-governador Sérgio Cabral. A lista também conta com de burocratas de estatais, integrantes de fundos de pensão, empresários e doleiros que também são citados como beneficiários de dinheiro do setor.
Procurados pelo O Globo, os politicos refutaram as acusações ou negaram-se a comentá-las.