19/02/2019 às 10h18min - Atualizada em 19/02/2019 às 10h18min

O Brasil é o país do futebol?

Será que o Brasil ainda merece este título

Quem nunca assistiu aos lances geniais de Garrincha, na Copa de 62, ou ao golaço do Pelé, após lançamento magistral de Gérson, desempatando o jogo contra a Tchecoslováquia, na Copa de 70, e logo após escutou: “O Brasil é o país do futebol!”. Será que ao analisar alguns números e fatos essa afirmação continua verossímil?

No Campeonato Brasileiro de 2018, segundo o Globo Esporte, a média de público foi de 18.821 pessoas e a média de ocupação nos estádios foi de 43%. A título de comparação, na temporada 2016/2017, o Campeonato Alemão teve média de público de incríveis 41.527 torcedores por jogo e média de 93,9% de ocupação. A Premier League, teve média de público de 35.805 pessoas e taxa de ocupação de 95,1%. O time que mais levou torcedores ao estádio, no Campeonato Brasileiro de 2018, foi o Flamengo, que teve média de público de 41.139 torcedores e taxa de ocupação de 59%. O Manchester United, em 2016/2017, na Inglaterra, teve média de torcedores de 75.278 e na taxa de ocupação teve incríveis 99,4%. Um outro dado interessante, fornecido por uma pesquisa da CNDL e do SPC, afirma que apenas 8,4% dos torcedores, no Brasil, se encontram na categoria de aficionados, ou seja que acompanha e consome quase tudo relacionado ao time.

Quando se coloca desempenho e títulos na mesa, a situação não contribui para afirmar o Brasil como o país do futebol. O Brasil não chega à uma final de Copa do Mundo há 17 anos e em 2014 sofreu umas das maiores humilhações da história do futebol, o famoso “7 a 1”. No que se refere a títulos de Libertadores, o Brasil possui 18, ficando longe da Argentina que possui 25.

É inegável que os cinco títulos de Copa do Mundo conquistados pelo Brasil o colocam entre os principais personagens do futebol mundial, entretanto, dizer que o Brasil é “O País do Futebol” é um exagero gigantesco. Países como a Inglaterra e a Alemanha consomem e vivem o futebol de uma maneira muito mais intensa que o Brasil. Para se ter ideia, o jogo entre o Sunderland contra o Bristol City, da terceira divisão da Inglaterra, no tradicional “Boxing Day” de 2018, teve um público de 46.039 pessoas. Imaginar um jogo da terceira divisão, no Brasil, levar mais de 46 mil pessoas ao estádio é quase impossível. Essa crença da maioria dos brasileiros em se achar o país do futebol é muito maléfica para o esporte, no Brasil, pois gera uma prepotência que impede uma autocritica por parte de quem comanda o futebol brasileiro. Os sete gols feitos pela Alemanha e os dois feitos pela Bélgica não foram por acaso. O Brasil passa por um momento onde seu nível de futebol está muito atrás dos outros e a atitude de seus torcedores que são extremamente “resultadistas”, apoiam nas horas boas e abandonam nas ruins, tem participação direta nisso. É preciso deixar o “pachequismo” de lado, descer do salto e se colocar no devido lugar pois somente assim poderemos mudar, voltar a buscar desempenho ao invés de resultado e desse modo, voltar a sonhar com uma Copa do Mundo.


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