04/02/2019 às 16h00min - Atualizada em 04/02/2019 às 15h48min

Investimentos em startups iniciantes, como captar?

Por Eduardo Küpper
Foto divulgação

Como captar investimentos para uma startup? Essa não é, definitivamente, uma tarefa simples. A captação de recursos, aliás, representa uma das principais dificuldades para os empreendedores que desejam apostar em um negócio inovador.

No Brasil, onde, apesar dos notáveis avanços nos últimos anos, o mercado ainda não alcançou o mesmo nível de maturidade existente nos Estados Unidos, a missão de captar recursos é dificultada pelo grande desconhecimento que existe quanto à própria dinâmica do investimento. Não raro, o empreendedor desconhece o papel de um investidor, que vai muito além de "colocar dinheiro" no negócio.

O amadorismo e a ditadura do curto prazo também pode comprometer o processo. Muitos empresários não têm uma visão de conjunto e um entendimento pleno das potencialidades e limitações de seu negócio. Há quem não se prepare adequadamente para a captação, e sequer saiba exatamente de quanto precisa para tocar o negócio adiante. Outros carecem de uma percepção realista; acabam imaginando que a empresa vale bem mais do que realmente vale, ou, ao contrário, vendendo seu negócio por um preço baixo demais.

Portanto, antes de partir para a captação propriamente dita, faça a lição de casa. Estude, estude e, na dúvida, estude mais um pouco. Não poupe tempo e recursos para aprender. Conheça a fundo o setor em que pretende atuar, entenda a dinâmica dos investimentos, saiba quanto captar, como captar e com quem captar. Aposte no networking e estabeleça contatos frequentes com investidores em potencial. A falta de proximidade com os contatos certos dificulta consideravelmente o trabalho de quem busca recursos.

Tenha consciência de que existem diversos tipos de investimentos, de acordo com o estágio em que está a startup e seu segmento de atuação. Nem tudo que foi bom para uma startup de sucesso será bom para todas. Para os estágios iniciais, as opções mais comuns são:

Bootstrap – O negócio não recebe investimentos externos, sendo financiado com recursos do próprio empreendedor. Modalidade interessante para colocar a ideia em prática e dar os primeiros passos antes de receber aportes externos.

Family, Friends & Fools (Família, amigas e tolos, FFF em inglês) – No jargão das startups, os três Fs designam o dinheiro obtido junto a parentes, amigos ou conhecidos que acreditam no potencial da sua ideia e, normalmente, cedem o dinheiro em troca de um percentual no negócio. Toda a operação é regida por um contrato. Boa opção como alternativa ao Bootstrap ou mesmo como complemento a ele. Necessário cuidado redobrado ao escolher os investidores e delimitar muito bem os direitos e deveres de cada parte, para evitar prejuízos às relações pessoais ou familiares.

Investimento Anjo – Essa etapa se dá quando o negócio está mais encaminhado, tem um potencial enorme e uma equipe redondinha ou a empresa já inicia sua carteira de clientes. Nesse caso, um investidor (ou um grupo de investidores) se interessa pelo negócio e investe dinheiro nele. O montante varia bastante e em geral fica em torno de R$ 500 mil. O valor do investimento é maior do que o do FFF e as contrapartidas idem. Muita atenção à elaboração do contrato. Imprescindível contar com o suporte de alguém que já fez isso antes e conhece a dinâmica do mercado.

A partir desse estágio inicial, abrem-se novas possibilidades, mas tudo depende do potencial e do desempenho do negócio. Portanto, procure começar focando nisso. Não existe uma receita de sucesso quando falamos em investimentos, mas os passos iniciais geralmente são esses que descrevemos.

Não pule etapas, faça um plano criterioso para desenvolver sua startup a partir do zero e o remodele conforme a empresa for se desenvolvendo. Não pense em IPO antes de ter um produto para mostrar. Parece óbvio, mas não é. A falta de conexão com a realidade e o não entendimento da dinâmica dos negócios pode levar à morte muitas boas ideias. Não deixe a sua ser uma delas.

*Eduardo Küpper é MBA pela Wharton Business School e MA em Estudos Internacionais pelo The Lauder Institute, na Universidade da Pensilvânia e Co-fundador da Wharton Alumni Angels Brasil- [email protected]


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