23/09/2018 às 21h46min - Atualizada em 23/09/2018 às 21h49min

A Freira mistura aventura e horror para agradar ao público

Longa é o terceiro Spin-off da franquia Invocação do Mal

- Da Redação: Rafael Barbosa

A Freira (ou The Nun para os gringos) chega como mais um spin off da franquia Invocação do Mal, porém surpreende ao contar uma história mais descompromissada, mas ainda melhor acabada do que os outros longas.

No longa, acompanhamos a história de uma noviça e um padre que vão a um convento isolado na Roménia para investigar o suposto suicídio de uma de suas carmelitas, tendo que enfrentar as forças malignas que assolam o lugar e que tomam forma na imagem de uma freira macabra, que dá nome ao longa e teve sua primeira aparição no filme Invocação do Mal 2.

Aqueles que se aventurarem nas salas de cinema para conferir o título vão notar que ele segue à risca o “manual do terror”, se entregando sem medo a alguns dos clichês mais clássicos do gênero. Temos personagens que tomam atitudes estupidas com grande frequência, como investigar barulhos suspeitos em um lugar claramente mal-assombrado, convenientemente se separando com frequência para que possam ser perseguidos individualmente pela criatura que os assombra.

O filme também aposta nos famosos jumpscares, anulando o som completamente em alguns momentos apenas para estourar os tímpanos do públicos quando chega o momento do susto.

Entretanto, ao invés de prejudicar-se, a película se beneficia destes clichês ao não se levar muito a sério, inserindo em sua trama elementos que não estão presentes em nenhum dos filmes da franquia Invocação do mal.

O primeiro deles é o tom de fantasia que permeia o longa, a começar pelo seu plot, onde um grupo de heróis vai a um castelo mal-assombrado para enfrentar as forças malignas que o assombram. A fotografia do filme também reflete este tom, transformando-o em uma quase fábula em alguns momentos, como no quadro em que o grupo passa por uma floresta ou na cena onde um dos personagens é visto em um plano aéreo fora do castelo, iluminando a escuridão do local conforme passa pelas janelas.

Outro ponto inusitado são os elementos de humor e aventura que crescem conforme o filme avança, embora funcionem em maior e menor escala. O tom de aventura é muito bem-vindo, principalmente no final do filme, por conta da estrutura do roteiro, que apresenta sua mitologia de forma didática (muitas vezes através de flashbacks), mostrando os diversos encontros dos personagens contra as forças malignas e com o tempo fazendo o espectador embarcar nesta luta entre o bem e o mal.

Por outro lado o humor não funciona principalmente quando é inserido com mais força no terço final do filme, exatamente onde o elemento deveria dar mais lugar a tensão, que também cresce e assim, estes dois elementos acabam entrando em conflito e tirando a força um do outro.

Ao utilizar estes elementos, o filme tira muito daquela seriedade explicita que muitos filmes de terror tem, dando um ar mais leve a história e fazendo com que os clichês deixam de ser muletas narrativas feitas com a intenção de dar um susto fácil, para se transformarem em uma quase brincadeira com os elementos mais clássicos do gênero terror.

O que não quer dizer que o filme não consiga dar medo no público. O longa mistura elementos de terror e horror, hora apresentando elementos mais sutis (como um espirito que age indiretamente) para em outro momento usar monstros que atacam os personagens, o que surpreende o espectador, que é pego de surpresa em muitos momentos. Mesmo os jumpscares são muito efetivos e assustam por aparecerem de forma inusitada, vindo de um ponto da tela em que não tínhamos prestado atenção.

Apesar de ser sabotada em alguns momentos pelo humor, a história do filme segue bem e consegue gerar tensão em muitos momentos. Com uma narrativa direta, que apresenta o monstro, o objetivo dos heróis e até mesmo o artefato que deve ser encontrado pelos protagonistas para resolver o problema (outro elemento comum nos filmes de aventura), o longa acerta ao apostar em um núcleo reduzido, mas carismático de personagens.

Dividido em três núcleos distintos que se intercalam, o longa consegue dar um bom tempo de tela a cada personagem, mostrando o desafio e dilemas que cada um deve enfrentar e embora suas personalidades e históricos não sejam muito aprofundados, no decorrer do filme passamos a torcer por eles e nos importemos com o destino de cada um.

Mas apesar dos acertos do roteiro, o filme peca ao estabelecer um laço com os outros filmes da franquia, o que é uma surpresa já que este era justamente um ponto muito bem desenvolvido nos filmes anteriores. O link final do longa é muito fraco, pois não apenas não se sustenta quando paramos para pensar a respeito, como também se utiliza de um artifício barato, ao esconder o nome de um personagem só para não sabermos que ele faz uma ponta em um dos filmes anteriores.
 

Apesar das escorregadas aqui e ali, A Freira é um bom filme que além de dar bons sustos, não tem medo de investir em elementos não muito comuns dos filmes de terror para contar sua história. Até o momento, é o melhor spin off da franquia Invocação do Mal e, esperamos, pode render boas continuações no futuro.


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