700 Olhares para Brecheret, em São Roque

São Roque inaugura nesta sexta-feira, 14, às 11 horas, por iniciativa da DER – Diretoria de Ensino da Região de São Roque, a “Mostra Itinerante Brecheret 700 Olhares”, na Escola Estadual “Prof. Germano Negrini”. A exposição, que destaca a obra de um dos maiores artistas brasileiros, o escultor Victor Brecheret (1894-1955), é uma iniciativa de sua filha e herdeira, a pesquisadora Sandra Brecheret.

Com curadoria de Stella Barbieri, artista plástica, educadora e escritora, a equipe da organização dessa mostra, voltada principalmente para alunos do Ensino Médio das escolas estaduais, forneceu material sobre a vida e a obra de Brecheret, previamente trabalhado por professores e seus alunos.

Trata-se de um projeto da Secretaria de Estado da Educação, através do Gabinete do Secretário/Programa Escola da Família, Coordenadoria de Gestão da Educação Básica/ Equipe de Artes do Departamento de Desenvolvimento Curricular; Fundação Faculdade de Medicina/ Projeto Ações Preventivas na Escola; em parceria com a Fundação Escultor Victor Brecheret.

Acesso e Percepção da Obra

A mostra apresenta desenhos, fotografias, maquetes e reproduções das esculturas de Brecheret, principalmente figuras humanas e animais, motivos de inspiração do artista, em tamanho reduzido, confeccionadas em gesso ou bronze, para especial atenção aos deficientes visuais, que poderão conhecer a obra através do tato.

O objetivo é perceber, através desse material em exposição, como Brecheret pensava e criava suas obras. Os alunos são levados a refletir sobre como se faz uma escultura, como se planeja a obra, qual o processo de construção de um desenho, uma maquete e a uma escultura gigante. E entender como é o olhar direcionado a uma obra de arte. Como se percebem os detalhes, diante de uma escultura? Quando um desenho vira escultura e uma escultura vira desenho?

O destaque é para a reprodução da famosa e gigantesca escultura do artista, Monumento às Bandeiras, em exposição permanente ao lado do Parque Ibirapuera, na capital paulista, confeccionada em Pedra Mauá, e inaugurada em 1953.

O Artista

Brecheret nasceu em São Paulo, em 1894, frequentou o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo (prédio da atual Pinacoteca do Estado), entre 1912 e 1913, onde teve aulas de desenho, escultura e entalhe em madeira. Criou a escultura “Pietà”.

Entre 1913 e 1919, esteve em Roma, onde frequentou o ateliê do escultor Arturo Dazzi. Obras de escultores europeus como o croata Ivan Mestrovic e o francês Auguste Rodin chamavam a atenção de Brecheret. Participou da Mostra “Amatori e Culturi”, em 1916, com a escultura de mármore “Despertar”.

Em 1919, de volta a São Paulo, instalou seu ateliê numa sala no Palácio das Indústrias, onde foi descoberto por artistas que realizariam a Semana de Arte Moderna, em 1922, da qual ele participou, mesmo estando fora do país, com exposição de suas esculturas no saguão do Teatro Municipal de São Paulo.

Sua arte expandiu-se, em salões pela Europa. Em 1926, fez sua primeira exposição individual no Brasil e continuou a transitar entre os dois continentes, criando obras que merecem destaque. Em 1936, voltou definitivamente ao Brasil e começou os trabalhos do “Monumento às Bandeiras”, num galpão no Ibirapuera. O modelo foi uma versão em gesso, em tamanho real.

Venceu concursos e criou obras diversas. Em 1948, apresentou esculturas feitas a partir de pedras encontradas na natureza, criando desenhos com sulcos abertos em sua superfície.

Em 1951, participou da I Bienal de São Paulo. Em janeiro de 1953 inaugurou o movimento às Bandeiras. No mesmo ano, criou os painéis para a fachada e o interior do Jockey Club de São Paulo.

Em 1955, participou da III Bienal de São Paulo, com a escultura “Bartira”. Faleceu em 17 de dezembro desse ano.

Você é convidado

A “Mostra Itinerante Brecheret 700 Olhares” ficará aberta ao público, em São Roque, nos dias 14, 15, 16 e 17 de março, das 9:00 às 17 horas. Entrada franca.

E depois segue para mais dois municípios: Vargem Grande Paulista, entre os dias 21 e 24 de março, na EE Jardim São Lucas; e Ibiúna, de 28 a 31 de março, na EE Maria Angerami Scalamandré.

*Sílvia Mello é jornalista e escritora.