Ex-pacientes que passaram pela UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Universitário Evangélico de Curitiba (PR) devem prestar depoimento nesta sexta-feira (22). A médica Virgínia Helena Soares de Souza é suspeita de praticar eutanásia — antecipando a morte de pacientes em estado terminal, com o uso de procedimentos médicos — dentro do hospital.
A Polícia Civil informou que o processo corre em segredo de Justiça, mas confirmou que são esperados depoimentos de ex-pacientes e funcionários nesta sexta-feira e para os próximos dias.
A médica foi presa última na terça-feira (19) enquanto trabalhava. O advogado dela, Elis Mattar Assad, conseguiu parte do inquérito e deve entrar com um pedido de liberdade provisória ainda nesta sexta-feira.
Segundo o advogado, Virgínia trabalha na UTI do hospital há 24 anos, sendo que desde 2006 passou a chefiar o setor. Em nota, o Hospital Universitário Evangélico disse que abriu sindicância interna para apurar os fatos, que reconhece a competência profissional de Virgínia e que até o momento desconhece qualquer ato técnico dela que tenha ferido a ética médica.
As mortes ocorridas desde 2006 serão investigadas. A polícia vai analisar também a participação de funcionários nos casos. O caso começou a ser investigado há um ano após denúncias dos próprios profissionais.
Uma auxiliar de enfermagem, ouvida pelo Jornal da Record, na última terça-feira (19), que não quis ser identificada, disse que os alvos da médica eram pacientes da rede pública de saúde.
— [Ela] sempre falava que as pessoas do SUS não davam dinheiro para ela, então ela ficava com os particulares. Ela falava bem assim: “aqui quem manda sou eu, aqui vive quem eu quero e morre quem eu quero”.
Os profissionais que trabalhavam na UTI foram substituídos na última quinta-feira (21). A Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba e o Conselho Regional de Medicina indicaram os novos profissionais.