
O nome dela é Helena Souza. E até poderia ser uma das Helenas do novelista Manoel Carlos. Eu a conheci já na vida adulta quando era merendeira da prefeitura de São Roque e trabalhava no “CEC Mario Luiz Campos de Oliveira Brasital”. Ela tem duas filhas lindas. Até aqui tudo normal, né? Pois é. Mas a vida não é fácil para quase ninguém e para algumas pessoas ainda mais difícil. A nossa Helena enfrentou problemas sérios. Enfrentou o machismo e o racismo. Foi forte por ela e por suas crias. Era necessário ensinar a nova geração que os tempos estão mudando. Quem olhava de fora parecia que ela vivia em duas realidades paralelas: as amargas lutas pessoais versus a doçura dos alimentos que ela preparava sempre com tanto carinho e competência. E no meio disso tudo ela ainda achou um espaço para cantar. Fez parte do primeiro coral que fui regente. Sempre achei isso impressionante e confesso que tinha uma ponta de inveja desta força. O tempo, senhor da razão para muitas situações, passou. A nossa heroína deu a volta por cima. Foi aprimorar seus estudos e formou-se em enfermagem. Passou em um concurso público e hoje atua em Sorocaba/SP. As meninas? Bom, hoje são mulheres muito bem criadas, obrigado. Como nas novelas a Helena é mais umas das muitas mulheres que lutam todos os dias para estabelecer seu lugar numa sociedade machista como a nossa.E essas histórias precisam ir para a vitrine para que sirvam como representatividade nesta luta. Enquanto isso, nossa Helena segue sua vida cantando e distribuindo este largo sorriso por onde passa. E as marcas? Com certeza estão no seu devido lugar de aprendizado. Mas a alegria é muito maior que elas. Esta novela ainda tem muitos capítulos e a Helena ainda tem muitas rodas de samba para curtir. A seguir os próximos capítulos.