
Realmente São Roque é uma estância turística de direito, mas não de fato. Com ações pontuais inconsistentes, pessoas desqualificadas para o comando municipal e da área em foco, prevalência de interesses de determinados grupos com visão limitada sobre a amplitude desse segmento, jamais sairemos da mediocridade que reina por aqui. Na verdade, para ser justa, devo afirmar - da mediocridade que reina por todo o Brasil.
São Roque possui espontaneamente a essência para se tornar um destino celebrado por brasileiros e estrangeiros. Muitos são seus pontos positivos a serem explorados, mas sem o devido planejamento está condenada a permanecer colhendo migalhas apresentadas pelas autoridades ao povo, como um banquete.
Nós todos, cidadãos são-roquenses, merecemos mais do que uma farsa. Aguardamos impacientemente a elaboração de um plano de desenvolvimento turístico que contemple ações de curto, médio e longo prazo, diretas ao segmento em questão, bem como as indiretas - saneamento básico, urbanização, segurança etc – interligando-as e sistematizando suas consecuções até seus esgotamentos pelo alcance do objetivo priorizado. Só assim, através do desencadeamento de contínuas ações, conectadas entre si, e fundamentadas para o atingimento da meta que as geraram, pularemos da mediocridade resultante do improviso para a excelência, resultante de um trabalho competente, esquematizado e de amplitude.
Portanto, é mister que o Poder Público faça a parte que constitucionalmente lhe cabe para que, ao concretizarmos a nossa parte, instalemos conjuntamente o êxito coletivo, por aqui, pela indústria do turismo.
Imprescindível, porém, para a ocorrência desse anseio que o Poder Público Municipal, descarte as ações de efeito eleitoral - show off - tão usuais e nulas em relação a qualquer pretensão de sólido desenvolvimento, concentrando-se apenas nas dispostas em projeto delineado por estudo abrangente.
No entanto, antes de mergulharmos na elaboração desse projeto, devemos definir para São Roque uma identidade turística universalizada, o que significa não se fixar em atrativo turístico que se limite a determinados perfis, mas sim em atrativo que por sua amplitude, expanda o interesse para todas as classes sociais e nacionalidades. E que transcenda o tempo, espaço e tenha natural aprovação pública.
Exemplificando: se objetivássemos tornar São Roque a cidade modelo de sustentabilidade, aqui compreendida como ambiental, social... Assumiríamos uma imagem universalizada de "destino consciente" onde, paralelamente ao macro, desenvolveríamos o micro - vinho, golfe, gastronomia, esportes.
Outro exemplo: O Centro de Arte Contemporânea de Inhotim, o maior centro de arte ao ar livre fez de Brumadinho (MG) um destino turístico nacional e internacional ao incorporar um conteúdo de interesse global, a arte ao ar livre (originalidade), como sua identidade.
As características ambientais, as tendências que tem aprovação unânime da população como o meio ambiente preservado, as artes, a história, etc, são exemplos de conteúdos turísticos que transpassam a fragmentação e a exclusão que conteúdos setoriais impõem.
São Roque, assumindo uma personalidade turística holística, levaria todos os seus empresários, sem exceção, ao desenvolverem um marketing institucional em bloco, a fortalecerem a cidade como um todo. Consequentemente, seus investimentos.
Situação essa que não descartaria ações diretas de marketing aos seus específicos produtos que, ao contrário, devem ocorrer paralelamente, reforçando o contexto objetivado.
Mas para começarmos qualquer movimento nesse sentido, necessitamos adequar a ínfima dotação orçamentária para a nossa Secretaria de Turismo à pretensão que viermos a ter. E para não tornarmos essas proposições utópicas, essencial será elegermos gente que saía do perfil, em geral, rotineiro do político brasileiro - incompetente e que busca vantagem pessoal. Eleger gente competente, com formação cultural, experiência profissional de gestão, que saiba montar uma equipe de primeira linha e se guie pelo objetivo de sucesso da sua comunidade e de todos os seus cidadãos. Obviamente, gente com ética, honesta, que não busque o crescimento de seu patrimônio pelos caminhos tortos que o poder político pode proporcionar aos desonestos. Depende de nós. Sejamos os autores dessa história.