13/10/2016 às 21h18min - Atualizada em 13/10/2016 às 21h18min

Saiba como os cães são preparados para guiar cegos em todas as situações do dia a dia

Convivência com uma família acolhedora é fundamental para que o animal esteja apto a atuar como “os olhos” de deficientes visuais; número de cães-guias ainda é extremamente baixo em nosso país

Da Redação Foto: Divulgação
Da Redação Foto: Divulgação

 

Segundo dados divulgados em 2015 pela Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo IBGE em parceria com o Ministério da Saúde, o Brasil possui aproximadamente 7 milhões de habitantes com algum tipo de deficiência visual. Desses, mais de 1 milhão têm limitação intensa ou muito intensa e são impossibilitados de realizar atividades rotineiras, como ir à escola, trabalhar e fazer compras, sem a ajuda de outra pessoa ou de um amigo muito mais fiel: o cão-guia, que, mesmo tão importante, ainda existe em uma quantidade extremamente pequena em nosso país.

 

A Secretaria Especial de Direitos Humanos, do Ministério da Justiça, estima que existam apenas cerca de cem cães-guias espalhados por todo o território nacional. “Esse número reduzido se deve à ausência dessa cultura no Brasil, motivada por fatores como o alto custo do treinamento dos animais e, principalmente, pela falta de famílias voluntárias para recebê-los durante o período de adaptação”, explica George Harrison, especialista do Instituto Magnus.

 

Embora a maioria das pessoas não saiba, a preparação desses pets vai muito além de um simples treinamento temporário: são necessários meses de convivência com as chamadas “famílias acolhedoras”. Desde os três meses de vida até por volta de um ano e meio, o animal passa por uma socialização com essas pessoas, que ficam responsáveis por apresentá-lo às mais diversas situações do dia a dia, como lazer, viagens, transporte público e a convivência com crianças.

 

“As famílias acolhedoras precisam seguir uma série de procedimentos e, principalmente, passar grande parte do dia com os cães. Isso é fundamental para que a sociabilização seja feita da maneira correta e o deficiente visual receba um animal capacitado a guiá-lo em todas as situações”, acrescenta Moisés dos Santos Junior, também especialista do Instituto Magnus.

 

Ao final do período de adaptação, o cão é devolvido para o centro de treinamento, onde aprende os comandos básicos para assumir o seu papel junto ao deficiente visual. A partir daí, ele passa a usar a guia e colete com alça rígida, que serve para comunicação com o humano. “Dessa forma, o pet vai assimilar que está trabalhando quando usar o acessório e que, quando não estiver, pode brincar à vontade”, conta Harrison.

 

Depois de habituado com os novos equipamentos, o pet já começa a adaptação junto ao seu futuro dono, o deficiente visual, com quem vai conviver muitos e muitos anos – há casos de animais que atuaram como guias até os 12 anos.

 

Todo o processo ocorre por meio de metodologias validadas e para que haja perfeita harmonia entre o cão e seu novo guardião, que vão viver as histórias de suas vidas, com muito companheirismo e amor.


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